Ex-assessor diz que Palocci queria forçá-lo a confirmar mentiras
Branislav Kontic foi preso junto com o ex-ministro em 2016 pela Lava Jato
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O sociólogo Branislav Kontic foi mais uma vez alvo da Lava Jato. A Operação Pentiti, 64ª fase da investigação, foi até a casa do ex-assessor do ministro Antônio Palocci, nesta sexta-feira (23), e apreendeu um celular, um laptop e documentos. Kontic e o ex-ministro foram presos em setembro de 2016, mas o sociólogo foi absolvido da acusação.
Branislav divulgou uma nota pública onde diz que Pallocci o pressionou para confirmar “ficções da sua delação”. Essa nova fase da Lava Jato tem como base as delações do ex-ministro, do empreiteiro Marcelo Odebrecth e do ex-presidente da Sete Brasil, João Carlos Medeiros Ferraz.
Segundo Palocci, o setor de propinas da Odebrecht entregava grandes valores em dinheiro vivo no escritório do advogado José Roberto Batochio, localizado na Avenida Paulista, em São Paulo. Batochio defendeu Kontic e Palocci até 2017, quando o advogado abandonou a defesa do ex-ministro por não concordar com as delações.
“Ao romper com Batochio, em maio de 2017, Palocci passou a me pressionar seguidas vezes, por meios indiretos, para que aceitasse corroborar as ficções relatadas nos anexos de sua colaboração. Por óbvio, sempre recusei fazê-lo”, explica Kontic na nota.
Leia abaixo a nota divulgada por Branislav Kontic
“A respeito do noticiário publicado pela mídia, no dia de hoje, envolvendo minha pessoa esclareço o que segue:
1) Minha residência foi alvo, nesta data, de mandado de busca e apreensão expedido pela juíza Gabriela Hardt pela segunda vez em quase três anos. Em setembro de 2016 o mesmo endereço foi alvo de uma operação exatamente pelas mesmas razões, determinadas pelo então juiz Sérgio Moro, sendo eu naquela ocasião preso preventivamente.
2) Fui processado por supostos fatos atinentes à Petrobrás, incluída a acusação de busca de recursos ilícitos na empresa Odebrecht. Ao longo de oitivas na carceragem da Polícia Federal de Curitiba e na 13.ª Vara neguei a procedência das acusações e a participação em atividades de defesa dos interesses desta empresa e demonstrei minha inocência. Fui absolvido em junho de 2017 em primeiro grau e, em novembro de 2018, por unanimidade no Tribunal Federal da 4.ª Região, com trânsito em julgado.3) Mais uma vez na operação de hoje, 23/08, foram levados meu lap-top, meu celular e o contrato de prestação de serviços entre minha pessoa e o escritório Batochio Advogados Associados, meus defensores na ações penais da Operação Lava Lato.
4) Como é público e notório, esta banca se posiciona frontalmente contrária ao instituto da delação premiada, assim como já foi sobejamente divulgada a falta de elementos comprobatórios da delação de Antônio Palocci. Este, ao romper com Batochio Advogados, em maio de 2017, seus defensores por mais de uma década, passou a me pressionar seguidas vezes, por meios indiretos, para que aceitasse corroborar as ficções relatadas nos anexos de sua colaboração. Por óbvio sempre recursei fazê-lo.
5) Só tenho a lamentar sua mudança de postura e de caráter para com ex-auxiliares, amigos, clientes e, sobretudo, a seus aliados políticos, com quem construiu uma trajetória, hoje destroçada por ele próprio.
6) Por fim, repudio as acusações de entrega de recursos ilícitos ao escritório de José Roberto Batochio, reafirmando que todos os pagamentos feitos a ele por Antônio Palocci e por minha pessoa estão fundados em contratos e pagamentos feitos por via bancária, com as respectivas emissões de notas fiscais.”
Por Revista Forum