Fator previdenciário dá nó na campanha e na cabeça de Aécio Neves
Para secretário da CUT, posicionamento de tucano é “demagógico” e “eleitoreiro”
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O vai e volta do senador e candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, sobre o fim do fator previdenciário se evidencia no período eleitoral. Ao retomar o debate sobre o tema, o tucano não diz, no entanto, que votou a favor da aprovação do assunto em 1998, quando era deputado federal.
Na tentativa de atrair votos das centrais sindicais nas eleições deste ano, Aécio deletou o passado e prometeu acabar com o fator previdenciário. “Para impedir que o fator continue a punir de forma tão violenta os salários dos aposentados brasileiros”, declarou o tucano aos sindicalistas, em 19 de setembro.
No entanto, quatro dias depois, ao ser questionado sobre o assunto em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, ele desconversou e disse nunca ter feito promessa. O compromisso com o fim do fator previdenciário constava, inclusive, no site oficial de campanha, com o título “Aécio vai acabar com o fator previdenciário”.
“Nem eu nem você estamos sendo levianos, mas essa afirmação não existe. Eu não disse que vou acabar com o fator previdenciário”, destacou na entrevista à Globo. Logo em seguida, o site do PSDB mudou a notícia para esconder a hesitação do candidato.
O fator previdenciário modificou, em 1999, os critérios para aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A alteração foi feita durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como forma de desestimular aposentadorias precoces. FHC classificou de “vagabundos” os brasileiros e brasileiras que se aposentavam antes dos 50 anos de idade.
O fator previdenciário considera o tempo de contribuição, alíquota e expectativa de vida do trabalhador no momento da aposentadoria.
De acordo com o secretário de finanças da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, a posicionamento de Aécio Neves em relação ao fator previdenciário é “demagógico” e “eleitoreiro”.
“Caso ele seja eleito, a iniciativa vai ser para piorar e tratar a Previdência com desprezo. Não irão corrigir essa distorção”, afirma Severo.
O secretário da CUT relembra que Aécio votou a favor do fator previdenciário. “Eu não acredito que ele tenha mudado de opinião, muito pelo contrário. O pensamento deles é retomar a discussão da idade mínima para aposentadoria e prejudicar o trabalhador”, explica.
Lados opostos – Os dois mandatos de Aécio Neves na Câmara dos Deputados são marcados por pautas contra o trabalhador brasileiro. Quando presidente da Casa, ele aprovou e encaminhou ao Senado Federal a flexibilização das leis trabalhistas, depois engavetada no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
O tucano também votou a favor da exigência de idade mínima para aposentadoria pelo INSS e da extinção do Regime Jurídico Único estatutário no serviço público. Além disso, ele foi contra a recomposição das perdas salariais dos aposentados e pensionistas desde 1991 e contrário ao projeto que mantém a irredutibilidade da remuneração do servidor público.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias