FMI, o fantasma do passado que não assombra o Brasil há 12 anos
Quebrado, o governo FHC recorreu aos empréstimos do fundo internacional três vezes
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O último relatório com avaliações do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Brasil, divulgado em 7 de outubro, com previsão de crescimento de 0,3% para a economia brasileira em 2014, foi considerado pessimista pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. “A projeção parece pessimista por parte do fundo. Tivemos um primeiro semestre mais fraco, porém estamos observando recuperação no segundo semestre. A partir de julho, temos uma aceleração moderada do crescimento”, explicou o ministro, em coletiva no Ministério da Fazenda, em Brasília.
O Brasil está há mais de 12 anos sem recorrer aos empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), fonte histórica de endividamento dos cofres públicos nacionais. A atual política econômica é capaz de sustentar o crescimento econômico mesmo diante da crise internacional, manter a valorização do salário-mínimo e a meta da inflação. A instituição, que já manteve o País sob duras regras, se faz valer de relatórios pessimistas para repetir os socorros financeiros durante os mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
No último domingo, em evento de comemoração do resultado do primeiro turno, a presidenta Dilma Rousseff (PT) lembrou que a política econômica do PSDB fez o Brasil se “ajoelhar” ao FMI e pregou uma inserção internacional subordinada. “Não queremos os fantasmas do passado, a recessão e o arrocho. O povo não quer mais racionamento de energia, nem aqueles que se ajoelhavam para o FMI”, declarou
Durante as gestões de FHC, o Brasil recorreu ao FMI em três ocasiões. O primeiro empréstimo, em 1998, foi no valor de US$ 41,5 bilhões. Em contrapartida, o Brasil deveria cumprir metas estabelecidas pela instituição de ajuste fiscal e fazer duros ajustes estruturais, até 2001.
O segundo socorro aconteceu em setembro de 2001, quando a economia brasileira sucumbiu aos abalos da crise que corria no mercado internacional. Dessa vez, o valor oferecido foi de US$ 15,6 bilhões, sendo US$ 4,7 bilhões sacados no mesmo mês.
No ano seguinte, o terceiro acordo. Depois de quitar o segundo empréstimo, o governo brasileiro pediu mais US$ 10 bilhões do valor ofertado em setembro do ano anterior.
Foi no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a dívida de US$ 4,2 bilhões com o FMI foi quitada, em 2005, e colocou o Brasil no papel de credor do Fundo, em 2009, com aporte de mais de US$ 10 bilhões. Apesar do olhar incrédulo do FMI, o Brasil tem hoje reservas internacionais em torno de US$ 379,4 bilhões de dólares.
Era de arrochos – Os empréstimos tiraram o Brasil da crise, mas imergiram as classes mais baixas em uma série de arrochos e perda investimentos em políticas sociais. A desigualdade social no período era uma das maiores da história. Da década de 2000, os 20% mais ricos concentravam 63,8% da riqueza nacional, segundo artigo do então senador Aloísio Mercadante, no jornal Folha de São Paulo, em 2002.
Os volumosos empréstimos vinham acompanhados de exigências que fugiam à ordem financeira, tributária e cambial. A dependência era tamanha que os constantes relatórios e avaliações do organismo internacional chegaram a sugerir privatizações de universidades públicas, diminuição dos salários e contenção de investimentos.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias