Focus Brasil destaca aumento da popularidade de Lula e traz entrevista com Edinho Silva
Em meio a ataques de Donald Trump, presidente Lula se destaca em defesa do regime democrático e se une a outros chefes de Estado para destacar proteção da soberania dos países
Publicado em
A revista Focus Brasil, em sua mais nova edição, destaca a articulação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em prol da democracia diante dos ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No Chile, Lula se encontrou com outros chefes de Estado e fez um forte discurso em defesa do regime democrático. A revista também entrevistou o presidente eleito do PT, Edinho Silva, que toma posse em agosto e terá como desafio a articulação do partido e mobilizar a militância para as eleições de 2026.
A publicação destaca que as recentes pesquisas divulgadas pela AtlasIntel e pela Quaest indicam que a popularidade do governo ganhou novo fôlego. A união de esforços em torno da justiça social e tributária, aliada à resposta assertiva à ingerência de Trump contra o Brasil, parece sustentar uma conjuntura positiva refletida na melhora dos índices.
De acordo com a Atlas, a popularidade do presidente subiu de 47,3% para 49,7%, enquanto a reprovação caiu de 51,8% para 50,3%. Já a avaliação positiva do governo subiu de 41,6% para 43,4%, e a negativa caiu de 51,2% para 49,4% — reduzindo a distância entre os que consideram o governo ótimo/bom e ruim/péssimo de quase 10 pontos percentuais (p.p.) para 6 p.p. desde maio. O levantamento foi realizado entre os dias 11 e 13 de julho, portanto, de 2 a 4 dias após o anúncio de Trump.
Leia mais – “Não há democracia com fome, nem justiça na desigualdade”, afirma Lula no Chile
O levantamento da Quaest, com dados colhidos entre 10 e 14 de julho (entre 1 e 5 dias após o anúncio do presidente norte-americano), aponta que a desaprovação ao governo recuou de 57% para 53%, e a aprovação subiu de 40% para 43% — uma redução da distância entre ambos de 17 p.p. para 10 p.p.
Chile
A edição da Focus ressalta que a América Latina conhece de perto o gosto amargo dos golpes. Sob o peso de botas, torturas e censuras, a região aprendeu, com o corpo, que a democracia é um bem conquistado e frágil. Por isso, não hesita quando sente o cheiro de retrocesso. E foi em Santiago, no Chile, na emblemática sede de La Moneda, que cinco chefes de Estado se reuniram nesta segunda-feira, 21 de julho, para reafirmar o que não pode ser negociado: a liberdade, a justiça social e o direito de viver em paz.
A reunião de alto nível Democracia Sempre foi convocada pelo presidente chileno Gabriel Boric, com apoio direto de Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez. Estiveram presentes também os presidentes Gustavo Petro (Colômbia) e Yamandú Orsi (Uruguai). O evento, embora planejado antes da recente escalada de agressões por parte de Donald Trump, como o tarifaço de 50% contra o Brasil, ganhou urgência e densidade política diante do novo ciclo de ameaças.
“O mundo vive uma nova ofensiva antidemocrática”, alertou Lula. Sem citar Trump diretamente, o presidente brasileiro denunciou práticas intervencionistas e cobrou ação conjunta contra a desinformação, o ódio nas redes e o avanço de extremismos. “A defesa da democracia não cabe somente aos governos. Requer participação ativa da academia, dos parlamentos, da sociedade civil, da mídia e do setor privado”, afirmou.
Entrevista com Edinho
Eleito presidente nacional do Partido dos Trabalhadores no último PED, que foi o maior da história, Edinho Silva (PT-SP) afirma que a reconstrução do pacto democrático e a retomada do diálogo com o povo devem orientar a nova etapa do partido. Para ele, a disputa que se coloca hoje no Brasil é de natureza política, não apenas econômica. “O maior desafio que nós temos não é de ordem econômica, é de ordem política. É a capacidade da política enfrentar o poder do sistema financeiro.”
Na entrevista, Edinho falou da necessidade de reconectar o PT à classe trabalhadora em um cenário de precarização do trabalho e avanço da extrema direita. Ele defende a formação política como instrumento essencial para combater o discurso antissistema que se espalha inclusive entre setores populares. “Não adianta o PT ter as melhores ideias se essas ideias não viram maioria social.”
O novo presidente do PT também propõe atualizar a linguagem política do partido, sem perder o conteúdo. “Nós temos que disputar o senso comum, disputar as redes, disputar a linguagem”, afirma. A comunicação, segundo ele, precisa estar onde o povo está — “e o povo está nas redes”.
Edinho destacou as novas mudanças no mundo do trabalho, como avanço da inteligência artificial e a precarização de direitos, como o constante processo de uberização, onde trabalhadores perdem o vínculo trabalhista e tem toda a sua vida profissional sucateada.
“O que estamos enfrentando e ainda vamos enfrentar, não é um processo simples. Entre o final do século XX e início do XXI, nós tivemos uma mudança profunda no mundo do trabalho com a incorporação de novas tecnologias, a robotização… E ainda nem começamos a ver os verdadeiros impactos que a inteligência artificial trará para o mercado de trabalho. Se já presenciamos mudanças significativas na composição da classe trabalhadora, com algumas profissões desaparecendo e outras surgindo, esse processo se intensificará dramaticamente nos próximos anos. O PT não pode, em hipótese alguma, abrir mão de seu papel protagonista: primeiro, na compreensão dessas transformações; segundo, na identificação de como afetam os trabalhadores atuais”, disse.
Da Redação