Força do PT e aliados nas eleições municipais de 2020 pode surpreender na reta final

Desempenho das candidaturas das coligações vai revelar que o PT resiste aos ataques políticos que tentam condená-lo ao isolamento, adverte Vagner Freitas, vice-presidente nacional da CUT e membro do Diretório Nacional do PT

Roberto Parizotti

Vagner Freitas, vice-presidente da CUT

Em 15 de novembro os resultados das urnas vão surpreender muita gente. Esta é uma eleição atípica, disputada por lideranças de um partido que tem sofrido ataques sistemáticos há pelo menos sete anos, destacadamente desde 2015. O desejo dos adversários, expresso por declarações de suas lideranças, é liquidar com o PT nas eleições municipais 2020. Não conseguiram fazer isso nas eleições de 2018 e, tudo indica, não conseguirão novamente.

O resultado desta eleição não pode ser comparado com as anteriores, que ocorreram em condições absolutamente distintas. O partido e suas lideranças foram e continuam a ser vítimas de uma intensa guerra híbrida de posições, com ataques sistemáticos por meio de fake news, mentiras, acusações levianas e forte cerco midiático, que conta por parte do meios de corporativos de comunicação de massa. Continuar vivo e disputando posições em todo o Brasil já pode ser considerado uma vitória política.

É neste contexto que o desempenho eleitoral de seus candidatos a prefeito ou a vice, ou ainda dos candidatos de coligações da qual participa, bem como da sua forte chapa de vereadores vai surpreender em 15 de novembro. O desempenho das candidaturas das coligações do PT nas eleições municipais 2020 vai revelar que o partido resistiu e superou os movimentos das forças políticas que queriam o condenar ao isolamento. Os resultados vão revelar que o PT não só continua vivo, mas que resiste e recupera territórios, mesmo que perca espaço nesta ou naquela região. Tão importante quanto a conquista de prefeituras por meio de seus candidatos e coligações são o fortalecimento de suas alianças e a organização de sua militância e de seus apoiadores em uma eleição tão atípica como a atual.

Fatores que podem decidir

Nas eleições de 2016 e 2018 o desempenho eleitoral do PT foi melhor nos territórios com muita pobreza, em face de seu histórico de realizações a favor das classes populares. Em 98% dos municípios onde proporcionalmente o percentual de beneficiados pelo Bolsa Família era alto, Haddad venceu Bolsonaro. Nesses dois anos, o bolsonarismo travou uma guerra contra o PT nesses territórios. Especialmente no Nordeste, essa guerra foi suportada contra intensas campanhas desenvolvidas por milicianos e pela parte dos pastores evangélicos de direita. E, além das fake news, também por sistemáticos ataques ao PT e suas lideranças nos meios de comunicação de massa. Esses fatos não podem ser desconsiderados na avaliação eleitoral.

Na batalha travada nos 13 dias que restam para o PT nas eleições municipais de 2020, novos fatores estarão no centro do embate. Entre eles estão as contaminações e mortes decorrentes da pandemia do novo coronavírus; a continuidade do pagamento do auxílio emergencial de R$ 600,00; e a geração de emprego e renda, o que pressupõe fortes investimentos para ajudar os micro e pequenos negócios a retomarem gradativamente suas atividades, mantendo e recontratando os dispensados.

As candidaturas do PT e seus aliados têm as melhores propostas a esse respeito, expostas de forma brilhante pelo deputado Carlos Zaratini, candidato a vice na chapa com Jilmar Tatto em São Paulo, em recente pronunciamento na Câmara dos Deputados. Cobrou a imediata votação da MP 1000/20, quando os parlamentares e partidos votarão por um auxílio de R$ 300 ou R$ 600.

Aposta na militância

A garra da militância do PT e dos partidos aliados farão a diferença nesta reta final. O PT é um partido cujas ações militantes na reta final produz resultados surpreendentes, só captados pelas pesquisas de boca de urna. Desta vez não será diferente. Isso porque os eleitores serão convidados a dar um basta à irresponsabilidade dos governantes no enfrentamento da pandemia. E ao desprezo como são tratadas as classes populares, maiores vítimas do crescente desemprego, especialmente na juventude.

Em São Paulo, a força histórica do PT na periferia pode surpreender e levar Jilmar Tatto ao segundo turno. A militância e os apoiadores do PT estão desafiados a acelerar e intensificar o trabalho nas periferias e junto às classes populares. Jilmar Tatto é o melhor candidato para derrotar o retrocesso no 2º turno, tem o mais completo programa para a cidade, o apoio de Lula e sua histórica força na periferia. E isso vai fazer a diferença.

Enganam-se os que se orientam pelas pesquisas da forma como estão sendo realizadas. Desconhecem a força eleitoral do PT e a energia e capacidade de atuação de sua militância, apoiadores e aliados.

PT no 2º turno nas eleições

O PT estará no segundo turno em Osasco, com o ex-prefeito Emidio de Souza (PT) e em Guarulhos, com o ex-prefeito Elói Pietá (PT). No ABC, em São Bernardo do Campo, com o ex-prefeito Luiz Marinho (PT) e em Diadema, com o ex-prefeito José de Filippi Júnior (PT). No interior de São Paulo, em Sorocaba, com Paulo Estausia (PT) de vice de Raul Marcelo (PSOL), e em Presidente Prudente, com Luís Valente (PT), tendo como vice Evelyn de Paula (Psol).

Também pode estar presente no segundo turno no Rio de Janeiro, onde Benedita da Silva/PT e Martha Rocha/PDT disputam a vaga com o bolsonarista Crivella e em Vitória (ES), com João Coser (PT), No Sul, a chapa em Porto Alegre, com Manuela (PCdoB) e Miguel Rossetto (PT) lidera. O partido também está forte em Caxias do Sul, com Pepe Vargas (PT); Passo Fundo, com Valquiria Bispo vice na coligação com Juliano Roso (PCdoB); Santa Maria, com Luciano Guerra (PT); São Leopoldo, com Vanazzi (PT); Novo Hamburgo, com Tarcisio Zimmermann (PT). Assim como em Florianopolis, com Elson Pereira (Psol) e Lino Peres (PT).

Também pode estar no segundo turno no Centro-Oeste em Goiânia, com a delegada de Polícia Civil Adriana Accorsi (PT) e Pedro Wilson (PT); e Anápolis (GO), com o ex-prefeito Antônio Gomide (PT).

No Nordeste, está bem em Vitória da Conquista (BA), com Zé Raimundo (PT); Feira de Santana (BA), com Zé Neto (PT); em Fortaleza, com a ex-prefeita Luizianne Lins/PT; São Luiz (MA), com Rubens Pereira Jr (PCdoB); e em Recife, com Marília Arraes. No Norte, Edilson Moura é vice de Edmilson Rodrigues (Psol), que lidera em Belém.

Ainda não está totalmente descartado que o PT vire o jogo e conquiste uma vaga no segundo turno em Salvador, Manaus e outras cidades de grande e médio porte.

Compromisso com a vida

O PT está presente em praticamente todos os municípios do Brasil e disputa com candidato próprio ou em coligação. Além do longo período de ataques sofreu enorme cerco visando deixá-lo isolado. Os adversários não conseguiram seus objetivos, mas criaram dificuldades para que a esquerda saísse unida em todo o Brasil. Mas, avanços foram alcançados e isto se refletirá nos resultados em 15 de novembro.

Os povos de todos os países, em todos os continentes revelam que estão cansados das atrocidades promovidas por governantes que respondem apenas aos interesses de quem já tem muito. O povo está cansado de andar para traz, de negacionistas que desconhecem a ciência e de prefeitos e vereadores sem qualquer compromisso efetivo com as classes populares. Dia 15 de novembro o povo vai dar o troco aos bolsonaristas porque querem prefeitos e vereadores comprometidos com a vida, com a defesa da saúde, com a geração de emprego e renda e oportunidades de trabalho também para a juventude.

Wagner Freitas é vice-presidente nacional da CUT e membro do Diretório Nacional do PT

Publicado originalmente no site Rede Brasil Atual

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