Análise mostra temas favoritos da fábrica de mentiras às vésperas das eleições

Desinformação sobre Amazônia, eleições e preço dos alimentos invadem as redes em setembro e outubro. Bolsonaristas surfam em temas do momento para tirar o foco do desgoverno. Ataques a Dilma e ao legado do PT no Nordeste crescem

Fake news não surgem nem retornam por acaso. A Verdade na Rede analisou os dados compilados pelo nosso Radar de Fake News nos últimos dois meses para identificar os movimentos da fábrica de desinformação. Entre setembro e outubro, sete temas se destacaram: mentiras sobre a venda da Amazônia; Eleições; FIES; ações do PT no Nordeste; Dilma, assassinato e assalto a bancos; Adélio Bispo; e os preços do feijão e do arroz.

Analisamos os dados coletados ao longo de 60 dias no Google Trends, no Twitter e em nove iniciativas de checagem: E-Farsas, Boatos.org, Lupa, Aos Fatos, Folha Informações, Estadão Verifica, AFP Checamos, UOL Confere, G1 Fato ou Fake. Além disso, 429 denúncias recebidas na nossa central também foram analisadas.

Notícias falsas recorrentes com acusações mentirosas a Lula ou sobre Dona Marisa ter sido vendedora de cosméticos seguem aparecendo no período. Mas são assuntos quentes do noticiário que fazem determinados temas crescerem. Às vésperas das Eleições, mais do que ataques pessoais a candidatos, fake news buscam descredibilizar processo eleitoral e fomentam ideias mentirosas que buscam relacionar esquerda e PT a questões como fraudes, pedofilia e narcotráfico.

Amazônia

Dados do Google mostram que as pessoas pesquisaram mais sobre o assunto “queimadas na Amazônia” nas duas últimas semanas de setembro que em qualquer outro período do ano. Este foi o segundo pior setembro de queimadas na Amazônia da década. Pois foi aí que a fábrica de mentiras viu oportunidade para espalhar desinformação sobre o assunto e desviar o foco do desgoverno para Lula, Dilma e o PT.

Analisando dados do monitoramento da Verdade na Rede sobre Google, Twitter, agências de checagem e nossa central de denúncias, percebe-se que a desinformação sobre o tema cresce justamente a partir de 14 de setembro, durando pelo menos até 19 de outubro. Entre as mentiras espalhadas estão: Lula vendeu a Amazônia e Bolsonaro não vai entregar; Lula vendeu terras para empresa canadense explorar minério; filho de Sarney vendeu terras da Amazônia no governo Dilma; e Lula vendeu solo da Amazônia para Noruega. Nada disso é verdade, como mostramos aqui.

Eleições e urnas eletrônicas

Movimento parecido aconteceu com as mentiras sobre urnas eletrônicas. Uma enxurrada de desinformação sobre o tema apareceu desde a última semana de setembro, quando as Eleições começaram para valer, com o registro das candidaturas e o início da propaganda eleitoral. Desmentimos aqui alguns desses absurdos. É bom lembrar que no início do ano o próprio Bolsonaro colocou em dúvida as urnas eletrônicas brasileiras, mas em 24 anos jamais se comprovou uma fraude nas urnas eletrônicas. Mais que isso, ao longo das Eleições de 2018, Bolsonaro questionou a lisura do processo eleitoral, desestabilizando a democracia. Às vésperas do segundo turno, o TSE ordenou a retirada do ar de vídeo em que Bolsonaro falava da possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas.

Preços dos alimentos

Entre 10 de setembro e 2 de outubro – período em que o assunto “preço do arroz” mais foi pesquisado por brasileiros na história do Google – foi a vez das fake news sobre o preço dos alimentos. Mentiras sem pé nem cabeça tentaram relacionar a alta do arroz com a defesa de terras indígenas no governo Lula ou o preço do feijão a doações de Dilma para Cuba.

Mentiras que voltam

Já nos últimos dez dias de outubro, foi possível perceber um movimento de mentiras que atacam o legado do PT no Nordeste. Essa onda de desinformação já havia ocorrido com força em julho e volta a preocupar agora. Faltando poucos dias para as eleições municipais.

Outro crescimento significativo foi o de falsas acusações contra Dilma de ter matado um soldado ou assaltado bancos. Essas fake news voltaram com força entre a terceira semana de setembro e a segunda semana de outubro.

Analisando os dados, é possível ver como age a fábrica de mentiras. Em uma frente, espalha mentiras constantes, como aquelas que buscam associar esquerda a pedofilia, fraudes e narcotráfico, por exemplo. Elas encontram força na teoria da conspiração QAnon, rede de mentiras espalhada pelo mundo que abordamos aqui na Verdade na Rede. Assim, buscam criar falsas ideias, que, de tanto repetidas, se consolidam no imaginário das pessoas. Em outra frente, que se alimenta dessas ideias falsas previamente concebidas, surfa nos temas do momento para tirar o foco de erros e maldades de Bolsonaro ou para buscar ligações sem pé nem cabeça com o PT.

Ações na justiça

Para conter as mentiras, o PT atua também na Justiça. Por ter difundido, em debate, a mentira de que Haddad teria deixado um rombo de R$ 7 bilhões na Prefeitura de São Paulo, Bruno Covas foi interpelado na Justiça. Já em Fortaleza, Luizianne Lins, candidata do PT à Prefeitura, ganhou na Justiça e foi determinada a exclusão de vídeo difamatório das redes sociais. Além disso, dois números de WhatsApp foram bloqueados por propagarem fake news. No último domingo (1), a campanha de Luizianne Lins conquistou direito de resposta por fake news espalhada por Sarto, que mentiu ao dizer que pesquisa mostrou que ela foi a pior prefeita do Brasil.

É preciso parar a fábrica de mentiras. Contamos com sua ajuda. Denuncie fake news!

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