Consórcio Nordeste garante 37 milhões de doses da Sputnik V
“Acordo é fruto de meses de negociações pelo Consórcio Nordeste para trazer mais vacinas para o nosso país”, celebrou Wellington Dias
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O Consórcio Nordeste, que reúne 9 governadores da região, fechou contrato de compra que irá garantir 37 milhões de doses da vacina russa Sputnik V ao Brasil. O anúncio foi feito na quarta-feira (17) pelo governador do Piauí e representante do Fórum, Wellington Dias. O primeiro lote, com 2 milhões de doses, será entregue em abril. O cronograma estabelece ainda o repasse de imunizantes em maio (5 milhões), junho (10 milhões) e julho (20 milhões).
“Celebro aqui o contrato com o Fundo Soberano Russo para aquisição de vacinas Sputinik V para o Piauí e para o Brasil”, comemorou o governador, pelo Twitter. “Fruto de meses de negociações pelo Consórcio Nordeste para trazer mais vacinas para o nosso país. É pelos nordestinos e pelos brasileiros”, afirmou Dias.
O petista ressaltou que as vacinas serão distribuídas entre os estados de modo proporcional, segundo diretrizes do Programa Nacional de Imunização. O governador cobrou do novo ministro da Saúde um documento detalhando os termos da negociação da pasta com os estados. As negociações começaram em agosto, quando o Consórcio do Nordeste, diante da negligência do governo Bolsonaro na aquisição de vacinas, decidiu não esperar pelo Ministério da Saúde e iniciar as conversas com o Fundo Soberano da Russia.
Governo promete mas não cumpre
Com a vacinação da população brasileira caminhando a passos de tartaruga e a popularidade de Jair Bolsonaro escorregando pelos dedos do presidente, o Ministério da Saúde decidiu tentar fazer o que falhou em um ano de pandemia. Nesta semana, a pasta garantiu que vai obter mais de 560 milhões de imunizantes até o fim de 2021.
Segundo o governo, foram assinados contratos para a compra de vacinas com sete empresas. Reportagem do UOL, destaca, no entanto, que três fabricantes não possuem vacinas aprovadas pelo órgão regulador do próprio governo, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os imunizantes ainda sem permissão para aplicação abrangem cerca de 68 milhões de doses da Covaxin, Sputnik e Janssen.
A demora de autorização para uso emergencial deve atrasar ainda mais o programa federal. Desde fevereiro, o demissionário Pazuello vem reduzindo a previsão de entregas das vacinas prometidas pela Saúde. De 11,3 milhões de doses que estavam “garantidas” no dia 17, apenas 5,6 milhões, quase metade, foram repassadas. Pazuello também reduziu o lote previsto para março de 38 milhões para algo “entre 25 e 28 milhões” de doses de imunizantes. Enquanto isso, apenas 5% da população até agora foi imunizada. E menos de 2% receberam a segunda dose.
Plano não tem metas claras
Um estudo, divulgado na semana passada pela Rede de Pesquisa Solidária, que reúne diversos pesquisadores de universidades do país, apontou falhas, improvisos e ausência de metas claras no plano de vacinação de Bolsonaro.
Segundo a Nota Técnica 28 elaborado pelo grupo, “o baixo suprimento de vacinas, conjugado com a ausência de metas claras no plano de imunização e critérios inadequados de priorização, estabeleceram um padrão de improvisos e pulverização da distribuição de doses, transferindo para gestores locais e serviços de saúde a decisão sobre quem e quando vacinar”.
Para o coordenador da nota e membro dos institutos de Medicina Social da UERJ e de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ, Guilherme Werneck, falta transparência nas negociações e nas previsões de entrega. “Além disso, é preciso ter uma gestão do plano coordenada pelo Programa Nacional de Imunizações e que esse programa seja assessorado por uma comissão que envolva os diferentes entes federativos”, aponta o pesquisador.
Da Redação, com informações de O Globo, UOL, e Jornal da USP