FPA: balanço de 2019 mostra um Brasil muito pior e mais desigual
Boletim de Análise da Conjuntura evidencia as destruições e o desmonte do Estado nacional e reforça a necessoidade de resistência, luta e conquistas em 2020
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A última edição de 2019 do Boletim de Análise da Conjuntura da Fundação Perseu Abramo mostra um Brasil muito pior, com aumento da pobreza e desigualdade, caminhando para dados mais alarmantes em 2020. E neste contexto de destruições e desmonte do Estado nacional, desejamos que o próximo ano seja de resistência, luta e conquistas.
Nesta edição, a seção Internacional apresenta um balanço dos acontecimentos de 2019 mais relevantes, que são os resultados eleitorais na América Latina e em outras regiões do mundo, as mobilizações na América Latina e os golpes da direita, o processo de impeachment de Trump e a crise ambiental na Amazônia.
A seção Estado mostra o projeto de desmonte promovido pelo governo Bolsonaro a partir do programa de privatizações, iniciado três meses após a posse. Meta principal nos cem primeiros dias do governo, além das reformas econômicas ultraliberais e das agendas ideológicas neoconservadoras.
Em Política e Opinião Pública é mostrado como Jair Bolsonaro apostou no discurso antipolítico para mobilizar sua base de apoio social e para tentar pressionar o Congresso Nacional a votar sua agenda econômica e social. Atacou muitas vezes o que chama de “velha política” e condenou “velhas práticas”, além de convocar manifestações de rua para “protestar a favor” de seu governo.
Em 2019, o Grupo de Conjuntura da Fundação Perseu Abramo inaugurou a sessão Judiciário em suas análises, especialmente para os boletins mensais. Essa decisão foi tomada no contexto de que as decisões do Poder Judiciário ganharam cada vez mais espaço e influência no debate político nacional.
Na seção Segurança Públicaestá o balanço sobre o Pacote de Moro, que foi a principal entrega do Ministério da Justiça e Segurança Pública no ano de 2019. Apesar do texto aprovado no Congresso ter sido bastante modificado, uma agenda de segurança pública com viés punitivista saiu vitoriosa.
Em Social é mostrado que o governo se esmerou em ataques diversos: à educação, em especial à educação superior; nas mudanças na política nacional de saúde mental e na política nacional sobre drogas; nas importantes modificações institucionais na Previdência Social e no mercado de trabalho. Além disso, 2019 se caracterizou por uma ampliação da precarização no mercado de trabalho, com recordes de subutilização e desalento sendo atingidos ao longo do ano.
A seção Economia mostra que tivemos mais um ano perdido. Apesar dos anabolizantes injetados pelo governo, o PIB do país deverá fechar 2019 com um crescimento de apenas 1,2%, adiando para 2020 as esperanças de “retomada”, tantas vezes anunciada pelos analistas de mercado desde quando golpearam o mandato de Dilma Rousseff em 2016. Enquanto isso, 25 milhões de brasileiros seguem subocupados, dos quais doze milhões estão desempregados e outros 4,8 milhões nem sequer têm condições para seguir procurando emprego.
Já a seção Territorialconta que 2019 foi marcado por quatro grandes desastres ambientais no país que colocaram em debate se o governo federal está preparado para enfrentá-los em pleno um cenário de desestruturação da política ambiental nacional.
Em Comunicação, são analisadas as principais notícias sobre Lula e Bolsonaro que mobilizaram as redes sociais em 2019, os temas destacados ao longo do ano pela imprensa internacional e o posicionamento editorial da imprensa tradicional a favor das reformas, em coro com o projeto neoliberal de aniquilação dos direitos sociais e sem espaço para o contraponto.
E por fim, na seção Movimentos Sociais, podemos ver que o hiperindividualismo e a equivocada ideia de “empreendedor de si” são obstáculos à maior mobilização. E que a busca dos movimentos sociais pelas bases perdidas começa a alterar formas de ação.