Frei Chico: se eles tivessem coragem, deixariam Lula vir ao enterro

Para irmão do ex-presidente Lula e Vavá, decisão da PF e da justiça mostra que o país vive uma repressão “mais violenta” do que nos anos da ditadura

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A Democracia brasileira ficou ainda mais enfraquecida nesta quarta-feira, 30 de janeiro de 2019. Lula, que em menos de um ano foi de perseguido a preso político e hoje é um refém do estado, não pôde ir ao velório do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá. Mais um direito expresso do ex-presidente foi tomado. Para Frei Chico, irmão de Lula e de Vavá, faltou coragem a Sérgio Moro.

“Se esses caras tivessem coragem, entendessem o caráter do Lula, eles deixariam ele vir, porque saberiam que ele voltaria tranquilamente. Em 1980, Lula estava preso no Dops quando nossa mãe morreu. Veja vocês o quadro que estamos vivendo no Brasil. A repressão mudou, mas mudou de tal forma que ninguém vê hoje, mas ela existe e até mais violenta”, aponta Frei Chico.

O irmão de Lula recordou que nos anos da ditadura o ex-presidente foi levado por dois policiais para o cemitério em São Bernardo do Campo. “Quem tomou conta de Lula naquela época foram dois policiais. Uns trabalhadores de uma metalúrgica pararam a empresa e fizeram um cordão de isolamento. Os policiais ficaram à vontade e não teve nenhum problema”, recorda.

A decisão da Justiça e da PF aprofunda ainda o estado de exceção que o Brasil vive. Lula já teve inúmero direitos violados, mas tirar-lhe o direito ao luto do irmão é, talvez, o capítulo recente mais cruel. “Não estamos reivindicando nada que nenhum outro cidadão não tenha acesso, são direitos sagrados garantidos pela Constituição. É muito grave a decisão de impedir que ele tivesse o luto, ele poderia estar aqui se despedindo do irmão, é um direito da democracia”, destacou Fernando Haddad, presente no cemitério nesta quarta (30).

A presidenta nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, desafiou Moro a explicar para os brasileiros qual é a justificativa real para não permitir que Lula fosse ao enterro. “Moro deve uma explicação a sociedade brasileira porque a PF não se dispôs a trazer Lula aqui. Quero deixar claro que o PT se dispôs a pagar o avião e viagem do Lula até aqui. A justificativa de Moro é rasa e sem consistência”, criticou Gleisi.

O líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta, foi à São Bernardo do Campo prestar sua solidariedade à família de Lula e também sua indignação com a decisão. Para o parlamentar, não resta mais nenhum dúvida que Lula é um refém do estado brasileiro e que sua prisão e as constantes retiradas de direito são um recado aos trabalhadores e trabalhadoras.

“Lula hoje é um refém. Quando Tiradentes foi morto, não bastou matá-lo. Tiveram que esquartejar, colocar sal na casa para que as pessoas soubessem o que aconteceria com elas caso resistissem. Eles transformaram Lula num preso político para dizer ao povo: ‘não tentem resistir, não tentem lutar, porque se fizemos isso com Lula, podemos fazer com vocês”, criticou Pimenta.

O deputado fez questão ainda de ressaltar que todo o PT e o povo está ao lado de Lula nesse dia triste. “Nós temos que mandar um recado para o Lula, que ele está aqui presente através de seus familiares e de todos que caminharam nesse país com Haddad e nós vamos resistir”, disse.

Emocionado, Frei Chico agradeceu a presença de todos em São Bernardo e lamentou mais esse episódio de perseguição a Lula. “Para nós que somos familiares e, o Vavá principalmente que ficou sofrendo com essa doença há muito tempo, não poder vê-lo é muito triste”. declarou.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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