Gilmar Mendes usa plenário do TSE para atacar o PT

Ministro do STF esbanja grosseria, acusa Lula de “inaugurar buracos” e insinua que o ex-presidente estaria alcoolizado em comício

Gilmar Mendes, no plenário do TSE: palco para grosserias e proselitismo político contra o PT

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes não esconde sua posição político-partidária quando o assunto é o Partido dos Trabalhadores. Somente no último trimestre, imbuído do papel de ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), protagonizou diversas cenas lamentáveis ao destilar ódio explícito contra o PT.

Na noite de terça-feira (21), no decorrer do julgamento de ação contra a coligação da candidata Dilma Rousseff (PT), Gilmar Mendes insinuou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria alcoolizado ao falar em comício no último sábado (18), em Belo Horizonte (MG).

Em tom debochado, como se estivesse numa mesa de bar, Mendes fez a insinuação a um colega, o ministro João Otávio de Noronha. Ato contínuo, Noronha anunciou, aos risos, o comentário do ministro do STF. “O ministro Gilmar disse aqui se ninguém perguntou se o candidato, o candidato não, mas quem afirma (Lula), passou pelo teste do bafômetro antes de fazer tal declaração”, divertiu-se.

Ainda durante o voto do ministro Noronha, Gilmar Mendes repetiu o comentário, agora para todo o plenário ouvir. “E nem passou pelo bafômetro antes de falar isso”, declarou.

A declaração tentava explicar o motivo pelo qual, segundo ele, o ex-presidente teria feito críticas ao candidato Aécio Neves (PSDB). Na ocasião, Lula, baseado no comportamento do candidato tucano em relação a Dilma, o classificou de “filhinho de papai”.

Logo depois, ao votar, Mendes também debochou da luta histórica travada pela presidenta Dilma contra a ditadura. “É bom que se diga também que os grupos que se organizaram pela luta armada no Brasil não eram lutadores pela democracia”, afirmou. Segundo o ministro, a verdadeira luta pela democracia foi feita por “gente que foi para o Congresso, não quem pegou em armas”.

Essa não foi a primeira fala polêmica de Mendes na função de ministro da Corte Eleitoral. Em 11 de setembro deste ano, durante julgamento do recurso do ex-governador e ex-candidato José Roberto Arruda (PR), impugnado pela Lei da Ficha Limpa, o ministro fez ataques velados à militância do PT, à qual chamou de “gente desqualificada” e “energúmenos”, acusada, também, de tramar contra ele.

Visivelmente irritado com a suspeita de ter pedido vista do processo para beneficiar Arruda e retribuir um favor que o ex-governador teria lhe feito, Gilmar Mendes atacou: “Eles operam com essa medida. E se perdem a eleição voltam ao nada, de onde não deveriam ter saído!”, disse, quase aos gritos.

“Essa gente que vem da militância de sindicatos ou das ruas e que trazem essas práticas para secretarias, ministérios, governos, que utiliza blogs, que falseia perfis na Wikipédia está atuando de maneira tão desassombrada. Veja vossa excelência, logo comigo”, resmungou.

Vale lembrar que Gilmar Mendes foi o único ministro a votar em favor de Arruda e contra a impugnação da candidatura do ex-governador do Distrito Federal, flagrado em um vídeo ao receber propina. Naquele dia, o ministro chegou a dizer que a decisão da Corte era “brincadeira de menino” e que esta agia como um “tribunal nazista”.

O ministro costuma dizer ainda que o ex-presidente Lula “inaugurava até buracos” durante a campanha de Dilma. A acusação foi dita durante julgamento no Supremo e repetida diversas vezes no TSE. “Na campanha passada, o presidente Lula inaugurou um modelo que, já cheguei a falar aqui outras vezes, inaugurava até buracos”, afirmou, no último dia 4 de agosto.

Liminar a favor da “Veja” – No mês passado, uma decisão monocrática do ministro Gilmar Medes derrubou o direito de resposta concedido ao PT contra a revista “Veja”. Por 7 votos a zero, os ministros do TSE entenderam que o veículo acusou o PT sem apresentar provas em reportagem publicada no dia 17 de setembro, de pagar pelo silêncio de delator de escândalo envolvendo a Petrobras.

“A liminar que anulou decisão favorável ao direito de resposta que o PT havia obtido para se defender de acusações torpes e sem provas é uma vergonha para as instituições do nosso país”, declarou, por meio de nota, o presidente do PT, Rui Falcão.

Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.

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