Gleisi denuncia privatização da Copel no PR, empresa lucrativa e de soberania nacional
Presidenta diz que “quem pagará conta dessa visão retrógrada é o povo” e cita caso da França que reestatizou empresa de energia do país, após aumento de preços
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A presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), denuncia a privatização da Companhia Paranaense de Energia por parte do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). A Copel é eficiente, lucrativa e a maior empresa do Estado do Paraná, com mais de 6 mil profissionais.
Em suas redes sociais, Gleisi publicou: “França acabou de concluir o processo de reestatização da maior empresa de energia do país. Sabe por quê? Por conta da tarifa alta. E o Brasil continua ultrapassado nessa discussão. Foi a Eletrobras e agora Ratinho Jr quer vender a Copel. Quem paga a conta por tanta visão retrograda é o povo. Salvem a Copel!”.
O governo da França concluiu neste mês a reestatização da Électricité de France (EDF), a maior geradora de energia elétrica do país. O governo francês comprou 99,99% das ações da empresa para manter sob controle do poder público a soberania do setor energético e baratear o custo da energia.
O presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR) e engenheiro eletricista, Leandro José Grassmann, ressalta a importância do setor energético para a soberania nacional de um país, é “óbvio”. “A França reestatizou energia recentemente. Alemanha está indo no mesmo caminho. Os Estados Unidos mantêm a geração de energia nas mãos do exército desde sempre”, comenta.
Criada em 26 de outubro de 1954, com controle acionário do Estado do Paraná, a empresa está presente em cerca de 400 municípios e possui valor de mercado de aproximadamente R$ 21,6 bilhões. A companhia, terceira maior do Sul do Brasil, é uma empresa integrada, responsável por transmissão, distribuição e comercialização de energia.
De acordo com Grassmann, a Copel dá lucro há décadas. “Nos últimos anos, o lucro variou de R$ 1 bilhão a R$ 5 bilhões. E disso tudo, chegam a distribuir de 65% a 80% aos acionistas”, afirmou Grassmann.
Em novembro de 2022, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovou a Lei 21.272/22, abrindo caminho para o processo de privatização. Até então, a Copel era obrigada a ter pelo menos 60% das ações em seu poder. Após a lei, não mais!
“Embora se fale em manter de 15% a 17% das ações, a lei permite que o governo do Paraná detenha somente 10% caso queira ter direito a veto e menos que isso se abdicar dessa prerrogativa”, disse o presidente do Senge-PR.
Segundo ele, o cronograma de venda está muito avançado. “Faltam somente duas etapas para que a venda ocorra. A primeira é uma assembleia de acionistas para alterar o estatuto para que a venda seja possível, que vai ocorrer em 10 de julho e deve ser exitosa. A segunda é disponibilizar, em seguida, a venda das ações na B3. A Copel trabalha com a data de fim de julho para fechar o processo”, afirmou Grassmann.
O engenheiro elétrico questiona a justificativa de venda por parte do governo. “O mais curioso é aquele argumento segundo o qual o Paraná continuará dono da Copel. Vírgula. Seguirá dono de, no máximo, 10% das ações. É isso que está em jogo, deixar 90% das ações nas mãos da iniciativa privada.”
Na luta com a presidenta Gleisi contra a privatização e a defesa da Copel pública está o Sindicato dos Engenheiros do Paraná. “O Senge-PR participa do Fórum em Defesa da Copel, movimento que integra mais de 50 entidades. Estamos fazendo manifestações, distribuindo material para esclarecimento da população, participamos de programas de rádio e podcasts. Acompanhamos as audiências públicas realizadas pela Alep. Fomos a Brasília pedir apoio aos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, para tentar impedir a venda”, comenta Grassmann.
Da Redação