Gleisi, Gleide e Beto Faro se reúnem com autoridades da Alemanha

Encontro serviu ao adensamento das relações entre os países e marcou as comemorações dos 200 anos do início da imigração alemã para o Brasil

Saulo Scheffer

Gleisi, com a delegação alemã: combate à pobreza, mudanças climáticas e desenvolvimento econômico foram temas abordados

A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), a secretária nacional de Planejamento e Finanças do PT, Gleide Andrade, e o líder do partido no Senado, Beto Faro (PA), receberam autoridades da República Federal da Alemanha, nesta segunda-feira (16), na sede da legenda, em Brasília. O encontro serviu ao adensamento das relações entre os países e marcou as comemorações dos 200 anos do início da imigração alemã.

Gleisi começou exaltando a composição da delegação alemã, quase que completamente feminina, e tratou com a presidenta do Conselho Federal da Alemanha (Bundesrat) e governadora do Estado de Mecklenburg-Vorpommern, Manuela Schwesig, sobre os desafios comuns entre os dois povos. Schwesig definiu as principais preocupações das autoridades alemãs em relação ao futuro: o combate à pobreza, as mudanças climáticas e o desenvolvimento econômico.

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A presidenta do PT enumerou as medidas tomadas pelo governo Lula e reconheceu que as aflições são semelhantes. Gleisi lembrou da política de valorização do salário mínimo, do controle da inflação, da expansão do crédito e da redução do desemprego. “Nesse um ano e meio de governo, já tiramos mais de 20 milhões de pessoas da pobreza”, comemorou. “O PIB deve crescer mais de 3%”, antecipou.

Schwesig, por sua vez, elogiou a volta de Lula à Presidência e o resgate da política externa profissional do Brasil, processo liderado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. “Nós, na Alemanha, estamos muito felizes em voltar a cooperar com o Brasil”, revelou.

Meio Ambiente

A presidenta Gleisi fez um balanço das vicissitudes climáticas encaradas atualmente e dos esforços do governo federal para mitigá-las. A parlamentar destacou, principalmente, as queimadas no Pantanal e no Cerrado e as inundações da região Sul. Gleisi falou ainda da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino autorizando a administração Lula a emitir créditos orçamentários fora da meta para combater os incêndios.

Schwesig contou a própria experiência, ao acordar pela manhã, na capital federal. “Da janela do hotel, deu para ver e cheirar as queimadas”, lamentou a presidenta do Bundesrat. Em resposta, o senador Beto Faro informou à comitiva alemã das suspeitas da Justiça de que os incêndios não seriam acidentais e das investigações da Polícia Federal (PF) nesse sentido.

“Há indícios de que muitos deles são feitos de forma criminosa”, esclareceu Faro.

Extrema direita

Sobre a extrema direita, tanto Gleisi quanto Schwesig alertaram para os perigos do avanço do sectarismo nos dois países. Na percepção da presidenta do PT, sem o trabalho do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a situação política brasileira estaria agravada, especialmente depois da tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. “É um grande desafio para nós”, disse, referindo-se à resistência do Congresso em responsabilizar as grandes empresas de tecnologia pela propagação do discurso de ódio.

Já Schwesig admitiu o risco do crescimento do movimento neonazista, principalmente porque os radicais do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) estão conseguindo influenciar segmentos mais jovens da sociedade por meio das redes sociais.

Eleições municipais

Nas eleições municipais em curso, o PT recebeu o apoio da chefe da comitiva alemã. Quando Schwesig levantou a questão da representatividade feminina na política, Gleisi lhe disse que o Brasil ainda precisa de mais mulheres nos espaços de poder, de modo a refletir, de fato, a verdadeira composição da população brasileira.

“Nossa situação ainda é muito sofrida na política”, criticou, mas não sem enaltecer os esforços do PT para ampliar os mandatos das mulheres. “Na Câmara, nós temos a maior bancada feminina”, acrescentou Gleisi.

Com o avanço da AfD, Schwesig pregou boa sorte a Gleisi e seus correligionários. “Eu gostaria de desejar muito sucesso nas eleições municipais”, pontuou. “São desafios que nós enfrentamos na Alemanha.”

Imigração alemã

No encontro, a presidenta do PT também manifestou orgulho em relação às suas origens germânicas. Gleisi integra um grupo de 5 milhões de pessoas com ascendência alemã hoje no Brasil, cerca de 3% da população, informa a rede Deutsch Welle. Entre 1824 e 1972, mais de 250 mil imigrantes entraram no país.

Os primeiros imigrantes chegaram ainda durante o reinado do Dom Pedro I, por meio de um programa para desenvolver a agricultura e ocupar o Sul do Brasil. A primeira colônia foi fundada em 1824, no município de São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Muitos se mudaram também para Santa Catarina e Paraná, fugidos da fome e do empobrecimento resultante da Revolução Industrial.

Fundada em 1863 por imigrantes vindos da região da Pomerânia, no norte da Alemanha, a catarinense Pomerode é considerada “a cidade mais alemã do Brasil”.

– Sra. Manuela Schwesig, Presidente do Conselho Federal da Alemanha (Bundesrat) e Governadora do Estado de Mecklenburg-Vorpommern;

– Sra. Bettina Cadenbach, Embaixadora da República Federal da Alemanha;

– Dra. Ute Rettler: Secretária-Executiva, Diretora-Geral do Conselho Federal;

– Sra. Jutta Bieringer: Secretária-Executiva, Representante do Estado de Mecklenburg-Vorpommern no governo federal

– Sr. Patrick Dahlemann: Secretário-Executivo Parlamentar, Chefe da Casa Civil do Estado de Mecklenburg-Vorpommern;

– Sra. Katrin Freisberg: Chefe de Gabinete da Presidente e do Cerimonial do Conselho Federal;

– Sra. Juliane Rinas: Diretora do Departamento de Relações Internacionais da Casa Civil de Mecklenburg-Vorpommern.

Da Redação, com DW

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