Gleisi Hoffmann: Como assim, “apenas R$ 11 bilhões”?
A presidenta Dilma anunciou, na última terça-feira, mais um programa de investimentos em infraestrutura, através de concessões e parcerias com a iniciativa privada. Os projetos juntos, distribuídos pelo país, somam…
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A presidenta Dilma anunciou, na última terça-feira, mais um programa de investimentos em infraestrutura, através de concessões e parcerias com a iniciativa privada. Os projetos juntos, distribuídos pelo país, somam quase R$ 200 bilhões.
Segundo a manchete do caderno Economia desta Gazeta, o “Programa de concessões prevê apenas R$ 11 bilhões ao Paraná”. Como assim, “apenas R$ 11 bilhões”? Se levarmos em conta critérios como população, PIB, extensão territorial e que 20 dos 27 Estados foram contemplados, veremos que esse montante é considerável, não podendo em qualquer hipótese ser noticiado como desapreço pelo nosso Estado. E isto que ainda não estamos considerando outros programas estruturantes como os investimentos do PAC, obras na educação, saúde, construção de casas com o programa “Minha Casa Minha Vida”.
Poderíamos fazer uma comparação com outra matéria publicada pela Gazeta, no dia 6 de junho, mostrando que em 2015 “Governo do Paraná gasta apenas R$ 70,4 milhões com obras”. Esse desempenho pífio reflete o estado falimentar em que se encontra o Tesouro Estadual.
Mesmo com aumentos de impostos e a espoliação efetuada contra a Paranaprevidência, o Estado ainda deve R$ 928 milhões para fornecedores. Essas contas são do primeiro mandato do atual governo e mostram que ainda vai demorar para o Paraná recuperar a capacidade de fazer investimentos significativos.
O presidente da Federação das Indústrias do Paraná, Edson Campagnolo, revela sua “expectativa que a ferrovia que liga Maracaju ao litoral entrasse”. Já tentamos isso, mas essa ferrovia é concedida ao estado do Paraná e qualquer decisão a respeito deve envolver o governo estadual, que não fez qualquer articulação para o programa federal. Aliás, o secretário de Fazenda manifestou interesse em privatizar a Ferroeste, como mostrou Euclides Garcia em sua coluna de 7 de junho. Não conheço a opinião de Campagnolo sobre essa possível privatização. Mas ele sabe que a modernização do trecho do Litoral está dependendo de um estudo de viabilidade a ser elaborado pela UFPR.
Outra opinião colhida pela Gazeta foi a de Nilson Camargo, especialista em logística da Federação da Agricultura, que defendeu a inclusão de rodovias, entre elas o trecho da BR-163 que vai de Santa Teresa do Oeste até Realeza. É importante ratificar, face a já publicada informação, que este trecho consta no PAC e que já houve licitação para realizar a obra, faltando apenas a ordem de serviço.
Finalizando, uma pergunta que não posso deixar de fazer: quanto o Paraná solicitou que fosse incluído no programa? Está muito claro que o governo do Paraná não fez qualquer movimento para defender esta ou aquela obra. Sejamos francos, estamos sem liderança no Estado. Vontade nunca houve, mas o governo já possuiu todas as condições para liderar e exigir nessas questões.
Beto Richa desarrumou as finanças do Paraná e vai demorar para conseguir arrumar. Podia tentar articular com o governo federal, como fazem outros governadores, inclusive tucanos como Marconi Perilo e Geraldo Alckmin, mas optou por aumentar a distância, cortar qualquer possibilidade de diálogo e novamente culpar todos, como sempre fez, por seu desgoverno e falta de comando.
Gleisi Hoffmann é senadora pelo PT-PR