Gleisi: Três anos após o golpe contra Dilma país está no caos
“O que se vê, no entanto, é o Brasil descendo a ladeira, a volta da fome, a economia paralisada em vias de uma nova recessão e o Estado de Direito mutilado”
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Completados três anos do golpe contra ex-presidenta Dilma Rousseff, o Brasil se vê diante de uma crise financeira e econômica grave e um horizonte devastador para o futuro do país. Com a democracia em risco e ataques à liberdade de expressão e opinião, sob o governo de destruição de Jair Bolsonaro, está provado que tirar Dilma não fez o país melhorar. A aprovação da emenda constitucional 95, o cruel teto dos gastos públicos e a reforma trabalhista foram as saídas alegadas para a volta do crescimento. O que se vê, no entanto, é o Brasil descendo a ladeira, a volta da fome, a economia paralisada em vias de uma nova recessão e o Estado de Direito mutilado.
Dilma foi afastada em um processo fraudulento de impeachment, orquestrado em um conluio da elite brasileira incomodada com as mudanças sociais ocorridas nos últimos anos. Em seu último discurso, na saída da Presidência, em 12 de maio de 2016, quando o impeachment foi aberto pelo Senado e Dilma afastada, ela vaticinou: estavam em jogo as conquistas dos últimos 13 anos. Nos governos do PT, de Lula e Dilma houve avanços inalcançáveis até então: redução da pobreza, ampliação da classe média, rede de proteção às crianças, jovens nas universidades e escolas técnicas, valorização do salário mínimo, médicos atendendo a população, sonho da casa própria para 6 milhões, a descoberta do pré-sal. “O que está em jogo é o futuro do País, a oportunidade e a esperança de avançar sempre mais”, disse.
O projeto de desmonte, com ataques aos direitos fundamentais previstos na Constituição e o impedimento de que Lula concorresse às eleições de 2018, com sua condenação e prisão sem provas, foi colocado em prática.
O governo ilegítimo de Michel Temer congelou o gasto público por 20 anos e deu fim à CLT de Getúlio Vargas. Veio ainda a venda espúria do patrimônio estratégico brasileiro, ensaios de privatização ampla no setor petrolífero e elétrico, riquezas naturais do país imprescindíveis para qualquer nação, numa afronta sem precedentes à soberania nacional.
Bolsonaro apoiou a reforma trabalhista de Temer, que prometia modernização nas relações de trabalho e geração de 2 milhões de novos empregos, e hoje o resultado são 13 milhões de desempregados e metade da força de trabalho do país na informalidade ou à procura de emprego. Esse fiasco desastroso, além de retirar direito dos trabalhadores, levou ao aumento da informalidade e à “pejotização”, que fizeram cair a arrecadação da Previdência Social por conta da informalidade no mercado de trabalho.
Depois de uma eleição baseada em mentiras e sem debate de ideias entre os candidatos, Bolsonaro dá continuidade ao golpe e destrói conquistas democráticas do povo brasileiro. Seu governo atua em favor do Estado mínimo, sob um manto ideológico retrógado e atrasado para encobrir descalabros, demonstrando sua incapacidade de retomar o caminho do crescimento econômico e da redução da desigualdade. O estímulo ao ódio e à violência, somado à perseguição política contra quem pensa diferente, mostra também o comportamento doentio de Bolsonaro e quais são suas prioridades.
Ele ainda promoveu um corte criminoso no Bolsa Família, acabou com o programa Mais Médicos, demitindo os profissionais cubanos, referência internacional quando o assunto é saúde, asfixiou o Minha Casa Minha Vida e vem promovendo o sucateamento da saúde pública. Bolsonaro ainda acabou com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), principal órgão responsável por elaborar políticas de combate à fome.
Bolsonaro agora condiciona o crescimento da economia à tungada na aposentadoria do trabalhador. Não é apenas a oposição que critica a reforma da Previdência. Especialistas apontam que o projeto de emenda constitucional vai prejudicar os idosos mais pobres, os trabalhadores rurais e as mulheres. Mais do que isso, tal proposta acaba com a Seguridade Social como está prevista na Constituição, que permitiu criar uma rede de proteção e bem-estar social. Se não bastasse isso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda quer desobrigar o governo de investir em saúde e educação.
A taxa de desemprego no Brasil está em 12,7%; são 13,4 milhões de brasileiros procurando emprego, 28,5 milhões de pessoas em situação de subemprego e 4,8 milhões em desalento total, ou seja, desistiram de procurar trabalho. Com a economia parada e a falta de confiança em um presidente sem projeto de nação e um governo de destruição nacional, a indústria brasileira colocou freio em suas atividades. A roda da economia está parada e todas as projeções dão conta que em apenas cinco meses de governo, viveremos mais um ano perdido.
Se não bastasse, o governo decidiu cortar verbas fundamentais, colocando em risco o funcionamento do serviço público, preferencialmente nas áreas de direitos humanos, cultura, educação e meio ambiente. O corte de 30% no custeio e investimentos das universidades brasileiras , deixando o ensino público no osso e comprometendo pesquisa e ciência, representa o fim dos tempos.
Estamos diante de um desmonte do Estado nunca antes visto no país. A força dos estudantes e professores representa um marco na resistência e luta contra este governo nefasto. A oposição está solidária. Estaremos juntos neste 15 de maio para brigar contra o retrocesso na educação brasileira e os desmandos cometidos por Bolsonaro.
Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidenta nacional do PT