Governador de Pernambuco culpabiliza mulheres por estupro

Os casos de violência sexual e agressões contra as mulheres têm crescido nas últimas semanas em Pernambuco. Mas para o governador do estado, Paulo Câmara (PSB-PE), são as mulheres que precisam se prevenir.

O governador golpista, que liberou quatro secretários de seu governo para votarem contra a presidenta Dilma Rousseff no processo de impeachment na Câmara dos Deputados, chegou a defender a cartilha feita pela Polícia Militar com recomendações às pernambucanas.

De acordo com a cartilha, as mulheres devem evitar o excesso no consumo de bebidas alcoólicas e exposição nas redes sociais, além de andar em companhia de conhecidos como forma de prevenção para evitar estupros.

A pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada nesta quarta-feira (21), mostra que um em cada três brasileiros acredita que, nos casos de estupro, a culpa é da mulher.

Segundo o levantamento, 33,3% da população brasileira acredita que a vítima é culpada. Entre os homens, o pensamento ainda é mais comum: 42% deles dizem que mulheres que se dão ao respeito não são estupradas.

Para a vereadora do Recife (PE) e candidata a reeleição pelo PT, Marília Arraes, a declaração do governador de Pernambuco coloca a culpa do estupro na mulher, além de tirar a responsabilidade da segurança pública.

Enquanto o governador golpista e correligionário do atual prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), coloca a responsabilidade do estupro na mulher, o candidato do PT a Prefeitura, João Paulo, sai em defesa das mulheres e coloca o combate radical à cultura do estupro e à violência contra a mulher em seu programa de governo.

A cantora e compositora Karina Buhr também repudiou as declarações do governador de Pernambuco.

Em um vídeo nas redes sociais, a cantora diz que “o governo está adotando o discurso do estuprador” ao apoiar a cartilha de segurança feita pela polícia.

Karina ressalta, de maneira implícita, que a cartilha coloca no sexo feminino a obrigação de evitar o estupro, já que é a mulher que precisa limitar suas ações cotidianas ou seus hábitos.

Casos

Os casos de estupro e violência sexual contra mulheres ganharam corpo após uma série de casos relatados nos últimos dias. No dia 16 de agosto, uma estudante de medicina de 29 anos foi estuprada no Parnamirim, bairro de classe média da capital pernambucana.

No dia 8 deste mês, uma empresária de 32 anos foi atacada no bairro da Torre. Um outro estuprador também estaria agindo no bairro de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana. Na quarta-feira (14), um outro caso, desta vez contra uma menor de 14 anos, foi relatado no bairro de San Martin.

Por Luana Spinillo, do Recife, para a Agência PT de Notícias