Graças à participação chinesa, Brasil bate recorde em exportações
Na contramão de EUA e União Europeia, transações com gigante asiático crescem e respondem por 31,3% das exportações. China transformou-se no maior parceiro comercial do país durante o governo Lula
Publicado em
A despeito de todas as trapalhadas diplomáticas de Ernesto Araújo à frente do Itamaraty, responsável por prejudicar seriamente as relações entre Brasil e China nos últimos anos, os números da balança comercial do país demonstram a importância do gigante asiático para o desenvolvimento estratégico nacional. Reportagem do Valor desta sexta-feira (14) aponta que as exportações brasileiras cresceram 34% entre 2020 e 2021. O saldo é recorde: U$ 280,6 bilhões, dos quais a China responde sozinha por 31,3%. Em 2019, a participação chinesa nas exportações do Brasil era de 28,7%. A participação da Ásia foi de 46,4%. Os números positivos são mais um legado do governo Lula, cuja política externa altiva e ativa foi responsável por tornar a China o maior parceiro comercial do Brasil, em 2009.
Enquanto a China abocanha uma fatia maior do mercado brasileiro, os EUA e União Europeia viram diminuir suas participações no mesmo período. As exportações para os americanos caíram de 13,4% para 11,1%, enquanto os europeus reduziram a demanda de 13,6% para 13%, excluído o Reino Unido. A América do Sul também comprou menos do Brasil nos últimos dois anos, reduzindo sua participação de 12,7% para 12,1%.
De acordo com o Indicador de Comércio Exterior (Icomex) utilizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), o resultado confirma uma tendência desde 2008, quando teve início a série de análise do volume de venda separado do preço. Segundo o Icomex, desde então, o volume de exportações para a China cresceu 360% em 2021, quando comparado a 2018. Já os EUA importaram 18,6% menos.
O Icomex indicar ainda que o preço médio da exportação total brasileira cresceu 29,3% em 2021 contra o ano anterior. Já em volume, o aumento foi menor, de 3,2%.
Especialistas apontam fatores conjunturais para os resultados nas exportações, entre eles um crescimento maior dos países asiáticos, em comparação com a chamada zona do euro, especialmente após a crise financeira de 2008. Além disso, a Ásia apresentou recuperação mais rápida da primeira onda da pandemia de Covid-19.
A desaceleração da economia mundial prevista para esse ano, segundo estimativas do Banco Mundial, pode mudar o quadro das exportações. Para o presidente de Associação de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, o protecionismo pode aumentar neste ano, afetando as exportações do Brasil. Ele citou medidas adotadas pelos EUA, como subsídios para pequenos produtores de carne.
Brasil solidificou relações com a China no governo Lula
A primeira investida para um aprofundamento das relações do Brasil com a China ocorreu na década de 70, durante os governos militares. Mas foi a partir da chegada de Lula na Presidência, em 2003, que o eixo estratégico que levaria à criação dos BRICs começou a ser desenhado pelo chanceler Celso Amorim.
A política de Lula e Amorim permitiu que os dois países fechassem importantes acordos bilaterais nas áreas áreas econômicas-comerciais, científico-tecnológica, social e cultural. Foi criada a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), que tinha como co-líderes o vice-presidente José de Alencar e a vice-primeira-ministra Wu Yi, um importante instrumento de estreitamento dos laços entre os dois países.
Como resultado do direcionamento da diplomacia de Celso Amorim, em 2009, a China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil. De US$ 3,2 bilhões em 2001, a corrente de comércio Brasil-China passou para US$ 98 bilhões em 2019 (volume quase igual ao recorde alcançado no ano anterior, de US$ 98,9 bilhões).
Da Redação, com informações de Valor