Grande ato em SP marca resistência contra reforma da Previdência
Juristas, professores, políticos: representantes das mais diversas áreas se uniram na PUC, em São Paulo, para denunciar desmonte de direitos
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Economistas, professores, juristas, escritores, jovens, deputados, senadores e representantes de diversos movimentos sociais se uniram em um grande ato na noite desta segunda-feira (27) contra o desmonte da Previdência promovido por Michel Temer.
O auditório lotado do Tuca Arena, na Pontíficia Universidade Católica, símbolo da resistência à ditadura militar, sinalizou que a mobilização contra a reforma da aposentadoria se intensifica, em uma prévia das manifestações chamadas para esta sexta-feira (31) em todo o país. A posição contrária da PUC a essa reforma e ao golpe foi colocada por sua reitora, Maria Amalia Andery.
Nas diversas falas que ocorreram em mais de três horas de evento, os convidados ressaltaram o retrocesso vivido pelo país após o golpe e reafirmaram que a luta nas ruas é a única saída para o Brasil neste momento.
“Essa reforma é um retrocesso social inimaginável. E a finalidade é a disputa pelo fundo público, que se acirrou na crise econômica”, explicou a economista da Faculdade de Economia e Administração da USP, Leda Paulani.
A economista reiterou que a ideia do déficit da Previdência é falsa, uma vez que a Constituição previu impostos para financiar a aposentadoria, mas que são desviados para outros setores. É o caso da Contribuição sobre Lucro Líquido. Esse dado também foi ressaltado por Vidal Serrano, professor de direito na PUC-SP. Além da farsa do déficit, Serrano também lembrou que essa reforma é inconstitucional por seu caráter de retrocesso.
O ator Sergio Mamberti afirmou que esse desmonte violento não tem precedentes na história do Brasil. Ele destacou que a destruição da cultura também faz parte do golpe, já que a cultura é resistência. “Eu quero demonstrar minha indignação, mas também a minha esperança de que nós vamos vencer”, afirmou.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que organizou o ato, ressaltou que estamos vivendo uma “invasão bárbara” no país, com a venda do patrimônio nacional e a redução dos direitos trabalhistas e previdenciários. “O golpe veio para rebaixar o Brasil como nação”, disse. Para o deputado, é hora de ir para as ruas, mas também constranger os deputados no Congresso à votar contra essa reforma.
Militantes do movimento estudantil e da juventude também marcaram presença. Representantes do coletivo Contestação, do Levante Popular da Juventude, a presidenta do centro acadêmico 11 de agosto, da Faculdade de Direito da USP, e a presidenta da UNE Carina Vitral se posicionaram contra essa reforma, que atinge em cheio aos jovens no seu direito de se aposentar no futuro.
O escritor Raduan Nassar e Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro e hoje membro das Nações Unidas, enviaram cartas de apoio ao ato.
Já o jurista Pedro Serrano afirmou que a reforma da Previdência é mais um passo no desmonte da desconstrução da nossa Constituição cidadã, de 1988. “Nós estamos na hora da luta. Esses poucos privilegiados têm muito poder, mas nós somos muitos. Somos a humanidade”, disse.
“Nós já tínhamos visto ataques frontais aos nossos direitos, mas nenhum de nós imaginava um retrocesso desta magnitude”, afirmou Maria Isabel Noronha, presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo). Noronha recordou que os golpistas tomaram o poder com o discurso da retomada econômica, que até agora não se verificou. “Quem vai pagar o preço? É a classe trabalhadora”, disse.
Já o senador Lindbergh Farias fez uma fala otimista: para ele, a correlação de forças está mudando e a resistência torna-se cada vez maior. Ele destacou a última manifestação contra a reforma da Previdência, no último dia 15, que reuniu centenas de milhares por todo o país, da grande presença da população em Monteiro, na Paraíba, no ato de inauguração da transposição do Rio São Francisco e da importância do próximo ato, previsto para o dia 31.
Já a senadora Gleisi Hoffmann ressaltou que não temos um problema estrutural na Previdência, mas sim um problema conjuntural na economia. E que os golpistas tentam retirar o primeiro degrau de proteção social ao desmontar a Previdência. “Estamos em guerra. Não tem negociação, não tem alternativa à Previdência”, disse. “Nosso trabalho no Congresso é resistir e enfrentar”.
Outras personalidades importantes como Eduardo Suplicy, vereador de São Paulo, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), a ex-vice-prefeita Nadia Campeão, o jornalista Luis Nassif e o economista Eduardo Fagnani também estiveram presentes.
Da Redação da Agência PT de Notícias