Greenpeace dos EUA questiona Salles sobre queimadas ‘potencializadas’
Em evento na Arábia Saudita, Bolsonaro admitiu a investidores ter “potencializado queimadas” por discordar de políticas anteriores; confissão causou indignação
Publicado em
O diretor de campanhas para florestas do Greenpeace dos Estados Unidos, Daniel Brindis, cobrou explicações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre a confissão de Jair Bolsonaro. A investidores árabes, Bolsonaro admitiu ontem (30) ter “potencializado” queimadas na Amazônia por discordar de políticas anteriores.
“Bolsonaro em um evento para investidores na Arábia Saudita disse que ‘maximizou/aprimorou’ os incêndios na Amazônia brasileira porque discordou das leis ambientais de governos anteriores. Te interessa esclarecer, @rsallesmma”, escreveu ao ministro por meio de seu perfil no Twitter. Até a conclusão da reportagem, o ministro não havia respondido.
Salles e o entidade ambiental têm estado em pé de guerra nas últimas semanas. Primeiro o gestor da pasta do Meio Ambiente provocou a organização, que não estaria entre os voluntários para a limpeza do óleo, que avança sobre o litoral do Nordeste desde 30 de agosto. Dias depois, insinuou que o óleo responsável pela maior tragédia ambiental em toda a região teria sido despejado por um navio pertencente à ONG, que no último dia 25 anunciou que iria à Justiça.
A declaração de Bolsonaro aos árabes (confira no vídeo abaixo, a partir do do minuto 17), causou muita indignação, como a da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva que defendeu medidas judiciais contra Bolsonaro.
Em entrevista ao site brasileiro do jornal alemão DW, o professor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salem Nasser, doutor em Direito Internacional e especialista em assuntos do Oriente Médio, afirma que a aproximação de Bolsonaro com a Arábia Saudita tem mais a ver com o alinhamento do brasileiro aos Estados Unidos do que com pragmatismo geopolítico.
O site observa que o momento mais comentado da visita de Boslonaro foi uma declaração sua de que o líder da Arábia Saudita, Mohammad Bin Salman, seria “um irmão”. “O príncipe herdeiro do trono saudita é acusado de ordenar o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado de seu país na Turquia, em outubro do ano passado e o governo saudita regularmente encarcera ativistas pelos direitos das mulheres”, diz a reportagem.
Na entrevista, o especialista da FGV nota ainda a incoerência do governo brasileiro: “Não está claro, em absoluto, por que corresponde aos interesses políticos e econômicos brasileiros conversar com os sauditas e considerar o Irã um pária. O Irã é maior comprador nosso do que todos esses países árabes vistos singularmente. O superávit é muito maior”, explica”.
Confira algumas das manifestações na redes:
Bozo admitiu o que todos sabíamos: agiu diretamente para "potencializar queimadas" na Amazônia. O "dia do fogo" é coisa que saiu do Palácio do Planalto. O crime ambiental está admitido, é réu confesso. https://t.co/RE3D8k2YSI
— Jorge Solla (@depjorgesolla) October 30, 2019
ENXURRADA DE CRIMES
Depois do piti de ontem à noite, Bolsonaro falou a verdade a árabes, em reunião privada: incentivou o incêndio na Amazônia.
Mais um crime pelo qual deve ser punido!
Saiba mais: https://t.co/Emv6lAyOnk
— Margarida Salomão (@JFMargarida) October 30, 2019
Impressionante. Vai dar prisão?
Bolsonaro assume crime ambiental e está atolado no caso Marielle.Bolsonaro diz que 'potencializou' queimadas por nova política para Amazônia – 30/10/2019 – UOL Notícias https://t.co/rFt5lO76i7
— Rogério Correia (@RogerioCorreia_) October 30, 2019
[1/2] Em mais um discurso, o presidente @jairbolsonaro deixa claro que não se preocupa com o meio ambiente e com os povos que lá vivem. Nós alertamos que a política desastrosa de seu governo permitia a destruição da floresta. https://t.co/z3hLTBLmsJ
— Anistia Internacional ? (@anistiabrasil) October 31, 2019