Grupo de Mulheres do G20 debate empoderamento e economia
Bancos centrais, ministérios de Fazenda ou Finanças, além de dezenas de organizações da sociedade civil organizada contribuíram com sugestões que serão sistematizadas em um relatório final
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Pela primeira vez desde a criação do Grupo dos 20 em 1999, a Trilha de Finanças, coordenada durante a presidência do Brasil em 2024 pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central, realizou um evento para debater como os grupos que a integram podem contribuir para o empoderamento de mulheres e a igualdade de gênero no mundo. Assim, em parceria com o Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres, coordenado pelo Ministério das Mulheres, aconteceu nesta quarta-feira (18) o evento paralelo “Trilha de Finanças do G20 e as Mulheres: a busca pela igualdade e empoderamento das mulheres para a construção de um mundo justo e sustentável”.
O evento, realizado por videoconferência, contou com a participação de cerca de 150 membros de ministérios das finanças e Bancos Centrais dos países-membros e convidados do G20 e de organismos internacionais. Para Maria Helena Guarezi, secretária-executiva do Ministério das Mulheres e coordenadora do Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres, o evento não apenas incentivou a transversalidade da temática da igualdade de gênero, como fortaleceu a convergência do entendimento que “pensar a macroeconomia é pensar nas questões sociais e vice-versa, porque ambas se alimentam uma da outra”.
Na abertura do evento, a primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, afirmou que o mundo está longe de alcançar a igualdade de gênero. “As crises que estamos vivendo hoje estão interligadas e afetam todos os aspectos de nossa vida, com impacto ainda maior para mulheres e meninas”, disse. Ela defendeu a inclusão de mulheres nos espaços de poder e decisão para que a partir de suas vivências elas possam contribuir na construção de soluções que vão “impulsionar um desenvolvimento econômico mais equitativo e sustentável”.
“Uma das entregas deste debate será um documento com comentários e sugestões para os delegados da Trilha de Finanças do G20”, afirmou a coordenadora da Trilha de Finanças e secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixadora Tatiana Rosito.
“O objetivo deste evento paralelo é realizar a primeira atividade conjunta entre o Women’s Empowerment Working Group do Sherpa Track e o Finance Track, a fim de estabelecer outra via de interação entre os participantes. A ideia é realizar um amplo debate para identificar a natureza transversal da igualdade de gênero em todos os temas abordados pelos vários Working Groups e fluxos de trabalho do Finance Track, enquanto enfatiza a importância crucial do empoderamento das mulheres na construção de um mundo justo e um planeta sustentável”, diz trecho do documento.
Além disso, a iniciativa é baseada na necessidade de atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 e os compromissos estabelecidos em outros tratados e convenções dos quais os países do G20 são signatários, como a Declaração de Pequim de 1995, que inclui a autonomia econômica das mulheres entre seus compromissos. Também é digna de nota a Plataforma de Ação da Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres, realizada em Pequim em 1995, um marco significativo na promoção da igualdade de gênero. O documento de Pequim reconhece a independência financeira como um componente essencial da igualdade de gênero e aborda questões como a disparidade salarial e acesso desigual a oportunidades de emprego.
Alguns dos dados mostrados revelados durante a reunião:
– Até 2030, 8% das mulheres do mundo estarão na extrema pobreza
– A diferença de remuneração entre mulheres e homens no mundo é estimada em 20%
– Mulheres são apenas 35% em cargos de alta gestão nos organismos financeiros internacionais
– 94% da população feminina do mundo enfrenta exposição elevada às inundações e 37,2% às secas-
– Em comparação com homens, mulheres têm uma carga adicional de trabalho de cuidado não remunerado de 2,8 horas diárias;
– Cerca de 160 milhões de mulheres na América Latina e Caribe não possuem conta bancária;
– De 2020 a 2022, 46 países gastaram mais com pagamento de juros de dívida pública do que com investimentos em saúde e educação;
– Produtos de uso exclusivo de mulheres e crianças não são considerados essenciais e, por isso, sofrem com taxações mais altas de impostos
A Issues Note do evento sistematiza, a partir de dados, os desafios ao empoderamento das mulheres em seis dimensões: na economia global; na inclusão financeira; no endividamento; na tributação; na subrepresentação em Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMDs) e demais Instituições Econômicas e Financeiras Internacionais; e na busca por finanças sustentáveis.
Da Redação do Elas por Elas, com informações do Ministério das Mulheres