Imprensa nacional tenta manipular e esconder decisão da ONU

Principais veículos de comunicação do país tentaram transformar decisão do Comitê das Nações Unidas, que reafirmou candidatura de Lula, em fakenews

Divulgação

Comitê de especialistas da ONU afirma que impedir Lula de concorrer nas eleições arrisca a democracia

Paulo Sérgio Pinheiro é diplomata aposentado, foi ministro de Direitos Humanos no governo Fernando Henrique Cardoso e atua no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em entrevista à repórter Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, sobre a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU,  que reafirma os direitos de Lula ser candidato à Presidência, Pinheiro observou:

“É claro que a grande imprensa vai dizer que não vale, que é só mais um órgão da ONU. Não é esse o caso. O Brasil se obrigou a cumprir as decisões exaradas pelo Comitê de Direitos Humanos. É uma decisão de um órgão que o Brasil reconheceu a sua competência”.

 

“Enquanto a imprensa brasileira atua politicamente contra a sua candidatura, tenho acompanhado a imprensa internacional, em jornais como o The Economist, Le Monde, The Guardian e The Independent, que têm feito editoriais mostrando o absurdo da prisão do ex-presidente Lula.”

Na mosca.

Nessa sexta-feira, a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU foi a notícia mais comentada no twitter. Mereceu reportagens extensas em jornais, TVs e agências de todo o mundo.

Já a grande mídia tupiniquim tentou minimizá-la ao longo de toda a sexta-feira, culminando com o Jornal Nacional, que praticamente a ignorou. 

O Lula.com.br. denunciou o fato no post Globo esconde a decisão da ONU e censura PT:

A notícia (…) mereceu 15 segundos no JN. Em seguida, 45 segundos para uma nota mentirosa do Itamaraty e mais 20 segundos com declarações do ministro da Justiça ofensivas à ONU.

Para encerrar, meia linha da nota do PT solicitada para responder o Itamaraty e o ministro. 

A nota completa do PT que o JN privou os seus telespectadores de conhecerem é esta:

Desde 2009, o Brasil está obrigado, por lei, a cumprir as decisões do Comitê de Direitos Humanos da ONU, como esta que determina o direito de Lula disputar as eleições. É o Decreto Legislativo 311 do Congresso Nacional. O resto é falsidade. O ministro da Justiça mostrou que não conhece a Justiça. E o Itamaraty mostrou que não respeita os tratados internacionais. É vergonhoso que o Brasil tenha chegado a este vexame mundial, como consequência da perseguição a Lula.

O Globo foi o último a divulgar

Às 10h35, dessa sexta-feira, 17 de agosto de 2018, o Viomundo publicou:

 URGENTE: Conselho de Direitos Humanos  da ONU decide que Lula  tem pleno direito de ser candidato; a decisão é obrigatória 

No final da tarde, entre 17h e 18h, fizemos uma busca nas capas dos portais da grande imprensa brasileira, para verificar a cobertura. Visitamos também as páginas internas, para saber a que horas as matérias foram para o ar.

UOL foi o primeiro a trazer o assunto para capa.  Deu espaço no topo da página, ainda que sem o destaque que a notícia exigia. A sua primeira postagem foi às 11h52.

Já o Estadão, pelo menos até as 17h30h, ignorava a decisão da ONU nas manchetes principais. Na capa, tinha Bolsonaro, Marina, Alckmin. O manchetão era o ministro Luis Roberto Barroso, do STF, que julgará as ações que buscam impugnar a candidatura de Lula no TSE.

Mas nenhuma palavra na capa sobre a decisão da ONU, embora às 11h33 tenha colocado no ar uma matéria do correspondente em Genebra, Jamil Chade.

Assim como o Estadão, o G1 escondeu dos seus leitores a notícia que foi assunto em toda a mídia internacional. Para isso, recorreu a certos malabarismos. Por volta das 17h30, o manchetão do G1 era o ministro Barroso.

Seguiam-se três outras manchetes menores. A primeira, sobre a Disputa pela Câmara. A segunda tratava de fake news. Na terceira manchete, o G1, num gesto de “magnanimidade jornalística”, dedicou uma sub-chamada à decisão da ONU favorável a Lula. A propósito, só às 13h23, o G1 publicou a primeira postagem sobre a decisão da ONU.

Mas o “campeão” foi o jornalão da família MarinhoDos portais da grande mídia, O Globo foi o que demorou mais mais tempo divulgar o fato do dia.

Só às 16h54  publicou o primeiro texto sobre o tema.

Obviamente, os jornalistas Lauro Jardim, Merval Pereira, Ancelmo Gois e Miriam Leitão sabiam da decisão da ONU,  mas agiram como se ela não existisse , como mostram as chamadas de suas respectivas colunas na capa do portal de O Globo em torno das 18h.

Tal qual o G1 e o Estadão, o manchetão de O Globo online era dedicado ao ministro Barroso; no olho, uma reles menção à decisão da ONU.

Todo jornalista sabe que esconder notícia ou escamotear a sua importância são formas de censura e manipulação.

Será que Merval Pereira, Lauro Jardim, Ancelmo Gois e Miriam Leitão tinham a esperança de que, num passe de mágica, o fato do dia se transformasse em fake news, como é habitual na grande mídia tupiniquim?

Como perguntar não ofende, mais uma pergunta:  o Jornalismo que eles praticaram nessa sexta-feira é fake ou não?

Por Viomundo.com.br

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