Inflação de Bolsonaro e Guedes é a quarta maior entre países do G20

Com taxa de 11,7% em 12 meses até maio, Brasil está atrás apenas de Turquia, Argentina e Rússia. Fatores externos são agravados pela desvalorização do real e pela desconfiança de investidores

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Com Bolsonaro e Guedes, inflação e desemprego

A inflação de Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes continua entre as mais altas do mundo. É o que revela o relatório divulgado nesta terça-feira (5) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entre os 19 países mais a União Europeia que compõem o G20, apenas Turquia, Argentina e Rússia estão à frente do Brasil no acumulado em 12 meses até maio deste ano.

Enquanto a alta de preços na Turquia disparou 73,5%, as taxas na Argentina e na Rússia atingiram 60,7% e 17,1%, respectivamente. A do Brasil alcançou 11,7% no período, ainda bem acima da média das grandes economias. Considerando todo o grupo do G20, a inflação acumulada no período é de 8,8%.

No relatório ampliado da inflação dos 38 países que fazem parte da OCDE, o índice de preços ao consumidor subiu para 9,6% em maio, em comparação com 9,2% em abril. Isso representa a maior inflação nesse grupo desde agosto de 1988. Além de incluir parte das principais potências econômicas globais, a OCDE tem entre os integrantes países como Bélgica, Chile, Colômbia, Costa Rica e Dinamarca.

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Analistas econômicos apontam dois grandes motivos para a disparada mundial dos preços. O primeiro está relacionado aos gargalos no escoamento de bens e insumos causados pelas interrupções de atividades devido à pandemia. Com o avanço da vacinação e a redução das restrições sanitárias, a demanda cresceu além da capacidade de produção e distribuição. O conflito no Leste Europeu agravou os problemas na oferta.

No Brasil, os fatores externos interagiram com os internos, como a desvalorização do real, as constantes crises políticas e a desconfiança dos investidores com a desordem generalizada na economia neste fim de desgoverno Bolsonaro, para piorar a situação ainda mais. Embora a inflação seja um fenômeno global, taxas de dois dígitos, como a brasileira, ainda são exceções entre as maiores economias do mundo.

Nesta sexta-feira (8), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial da inflação no país, de junho. A prévia da inflação – o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) – da instituição ficou em 0,69%, acima do 0,59% registrado em maio.

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“No ano, o IPCA-15 acumula alta de 5,65% e, em 12 meses, de 12,04%, abaixo dos 12,20% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores”, informou o IBGE. O item que mais pesou na prévia de junho foi plano de saúde, que subiu 2,99% e representou 0,10 ponto percentual do IPCA-15. Resultado veio acima da mediana das estimativas de 35 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data (alta de 0,65%).

Com o resultado de junho, já são 10 meses seguidos com a inflação anual rodando acima dos dois dígitos. Mesmo tendo desacelerado no acumulado em 12 meses, o índice ainda representa mais de duas vezes o teto da meta oficial para a inflação este ano, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O Banco Central (BC) já jogou a toalha e admitiu oficialmente que a meta de inflação será descumprida pelo segundo ano seguido em 2022. A informação consta no relatório de inflação do segundo trimestre, divulgado na última quinta-feira (30).

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Conforme a instituição, a probabilidade de a inflação superar o teto da meta neste ano passou de 88%, em março, para 100% em junho. Para 2023, o Banco Central estimou que a probabilidade de superar o teto do sistema de metas avançou de 12% para 29%.

A meta central de inflação deste ano é de 3,50%, e seria oficialmente cumprida se o índice oscilasse entre 2% e 5%. Já para o próximo ano, a meta foi fixada em 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Os objetivos são fixados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-los, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC eleva ou reduz a taxa básica de juros (Selic). Em junho, o órgão elevou a Selic para 13,25% ao ano, o maior patamar desde 2016. A instituição também indicou que a taxa básica ficará alta por um período maior de tempo. Neste momento, o Copom está mirando na meta de 2023, pois este ano já está perdido.

Da Redação

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