Jesuíta da Silva: O golpe, as flores e a esperança

A anulação do golpe e a volta da legítima presidenta eleita Dilma Rousseff é a única saída justa e honrosa

Roberto Stuckert Filho/PR
Tribuna de Debates do PT

Quando em 02 de dezembro de 2015, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acolheu por vingança um dos pedidos de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, eu senti uma tristeza muito grande, mas havia esperança, pois sabia que era só o começo de uma luta que poderíamos ganharmos. Tinha esperança porque estava bem claro que toda aquela situação era uma farsa repugnantemente orquestrada contra uma presidenta honesta, vítima de um sistema corrupto. Nesse dia deram oficialmente início a um golpe que persiste até hoje.

Naquele mesmo dia, fiquei mais aliviada com as inúmeras declarações dadas por membros do Partido dos Trabalhadores, por líderes de movimentos trabalhistas e estudantis e pelos inúmeros militantes que diziam que iriam ter luta de verdade, que iriam parar o país e que não permitiriam que esse golpe vingasse. A esperança só aumentava, pois estavam dispostos a não baixarem as cabeças, e sim a lutar por um bem tão precioso, um mandato legítimo de uma presidenta digna que tanto fizera pelo povo do nosso país.

Ficava confiante e emocionada ao ligar a televisão ou abrir um site de notícias e ver nas imagens a força e a bravura da nossa querida presidenta Dilma, pois o seu poder de luta só aumentava mais os nossos ânimos.

Infelizmente no vergonhoso dia 17 de abril de 2016, o golpe foi aprovado pela Câmara dos Deputados, mas não estava acabado, perdemos uma importante batalha, no entanto a guerra continuava. Então ainda havia esperança.

Foi um dia extremamente triste, pois era nojento de se ver aqueles deputados e deputadas, corruptos, julgando de forma tão debochada e inescrupulosa uma mulher íntegra.

Ela continuava com a mesma persistência, mas a tristeza foi tomando conta de mim. Poucos dos que prometeram lutar com afinco estavam realmente lutando. As trincheiras estavam ficando vazias e o golpe avançava como um exército de inquisidores tiranos a avançar para decapitar um rei justo.

As lágrimas vieram com força em 31 de agosto de 2016, quando o Senado cassou em definitivo o mandato da legítima presidenta Dilma, jogando no lixo o voto de mais de 54 milhões de eleitores e junto com os nossos votos também foi jogado fora a Constituição do nosso país. Era para ser início de primavera, mas as flores foram congeladas por um inverno infernal que persiste.

Era para ter sido xeque mate com a concretização do golpe, mas olhei e vi nos olhos dela que não estava acabado, que ainda continuava existindo esperança, pois ela é uma guerreira, do tipo que não desiste nunca.

Queria que os outros também não tivessem desistido, queria que parassem de gritar Diretas Já, queria que tivessem ocupado escolas por ela, queria que tivessem convocado greve geral por ela, queria que continuassem na defesa do mandato da nossa presidenta, pois defender esse mandato significa defender a nossa democracia. Só a presidenta Dilma é que teria a legitimidade de convocar eleições gerais.

Querer virar a página do golpe, querendo eleições diretas, não vai tirar a mácula deixada na nossa democracia. Para virar a página ele tem que ser derrotado e para que isso aconteça a justiça tem que reconhecer a inocência da Dilma, devolvendo o mandato para ela, para o PT e para os 54,5 milhões de eleitores que votaram nela.

A anulação do golpe e a volta da legítima presidenta eleita Dilma Rousseff é a única saída justa e honrosa, o resto é improviso e o inverno continuará. Não teremos flores e nem frutos.

Por Jesuíta da Silva, servidora pública municipal em Unaí (MG), para a Tribuna de Debates do PT.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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