Jornal critica ‘pedalada policial’ de Alckmin
Em editorial, o jornal afirma que a manipulação dos dados acoberta homicídios praticados por agentes de segurança do Estado de SP
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O jornal “Folha de S. Paulo” publicou, neste sábado (24), um editorial em que critica o que chama de ‘pedalada policial’ do governo de São Paulo, comandado por Geraldo Alckmin.
“Manipulação de estatísticas pelo governo Alckmin acoberta homicídios praticados por agentes de segurança do Estado de SP”, diz o texto.
Leia, na íntegra:
“Pedalada Policial
Manipulação de estatísticas pelo governo Alckmin acoberta homicídios praticados por agentes de segurança do Estado de SP
Assim fica fácil. Na última quinta-feira (22), o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) anunciava redução expressiva (20%) nos homicídios cometidos pela polícia no terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2014.
Seria um dado digno de nota, ainda que no acumulado do ano o progresso fosse muito menor: uma diminuição de somente 2%.
Chegue-se mais perto e os 2% se revelam fruto de prestidigitação. A Secretaria da Segurança Pública omitiu as mortes ocasionadas por policiais militares em dias de folga, bem como por policiais civis.
No trimestre anterior, tais números tinham sido contabilizados. Levando-os em consideração, o indicador final é inverso ao que fora celebrado pela administração estadual. A polícia do governo Alckmin aumentou sua taxa de vítimas em 1% no período até setembro de 2015. A queda de 2% não existiu.
O que existiu, vale o termo da moda na política, resume-se a uma indisfarçável “pedalada” policial. Só depois da insistência desta Folha foram liberadas, às 21h de quinta-feira, as informações que invertiam o anúncio feito antes.
Tão grave quanto, nada se sabe sobre o que fizeram os PMs em folga no ano passado, pois os dados são mantidos em segredo. Há razões para temer os atos de agentes de segurança assim acobertados.
A maior chacina do ano em São Paulo -com pelo menos 23 mortos, em Osasco e Barueri- foi cometida, segundo as investigações, por policiais em seus momentos de folga.
Não há dúvida de que mortes em confronto com bandidos podem ocorrer em qualquer lugar onde a violência é endêmica. A prioridade da polícia é proteger a população -e o governo de São Paulo tem obtido sucesso nesse aspecto, com as menores taxas de homicídio por 100 mil habitantes.
Não está autorizada, porém, a aplicar pena de morte contra quem bem entender, fuzilando pessoas por suspeita, vingança ou racismo.
As estatísticas que se quis esconder são eloquentes. Seria preciso mais provas de truculência e descontrole? O noticiário as oferece.
Quando até um membro da Polícia Civil se vê na necessidade de ser escoltado para proteger-se de represálias da PM -caso do delegado Raphael Zanon-, a distinção entre policial e criminoso já se ocultou na fumaça dos tiroteios.
O delegado prendera um sargento da Polícia Militar, suspeito de tortura -e a distinção entre torturador e agente da lei também se confunde, de forma abominável.
Já o secretário da Segurança, Alexandre de Moraes, nega existir conflito entre as polícias. Ao que parece, seu compromisso com a verdade também se conta entre as vítimas dos massacres em curso.”
Da Redação da Agência PT de Notícias