Lindbergh avalia semana de derrotas para bolsonaristas

O líder do PT na Câmara avalia o pedido de anistia como ‘tentativa irresponsável e inconstitucional de melar o julgamento no STF

Gustavo Bezerra

Lindbergh Farias afirma que o verdadeiro objetivo do PL da Anistia é blindar os mentores da tentativa de golpe

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), reuniu a imprensa para uma contundente coletiva em defesa da democracia e contra o avanço do projeto lei (PL 2858/2022) chamado de “PL da Anistia”. De maneira objetiva, o parlamentar classificou como “irresponsável e inconstitucional” a tentativa da bancada bolsonarista de apagar os atos golpistas, que começaram após o segundo turno das eleições e abarcam os atentados de 8 de janeiro de 2023. O líder ainda alertou para o risco de uma “crise institucional fabricada”.

“A gente deixou mais distante qualquer possibilidade desse projeto da anistia prosperar. Essa semana foi vitoriosa”, afirmou Lindbergh, em tom de balanço. Segundo ele, a obstrução capitaneada pela extrema direita acabou se voltando contra o próprio PL, que “ficou isolado com 80 votos” logo no início da semana. O ápice do constrangimento, avaliou o deputado, foi a obstrução bolsonarista a um projeto de interesse do agronegócio. “Ficaram obstruindo um projeto que favorecia a própria base social deles. A obstrução está indispondo até com partidos do centrão. É uma tática kamikaze”, disparou.

Obstrução dos bolsonaristas contra o povo

O petista citou conversas com presidentes de comissões e líderes partidários para reforçar que a pressão pela anistia tem gerado mal-estar. “Ninguém quer entrar num conflito dessa magnitude com o Supremo Tribunal Federal (STF). Quem vai arriscar uma crise institucional?”, questionou. “Esse PL da Anistia acabaria com o trabalho legislativo do ano. A estratégia dos bolsonaristas é de que a gente não paute nada para o povo, só ficaremos nessa guerra.”

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Lindbergh fez questão de elogiar a postura do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta. “Não queremos comissão especial. Isso só serve para embaralhar o julgamento, não para investigar. E atrapalhar investigação é crime”, pontuou. “Quem quis botar faca no pescoço do Parlamento foi o Partido Liberal (PL). Mas ninguém quer entrar nessa aventura. Os partidos de centro não querem se queimar”.

O líder petista ainda lembrou que, no caso dos ataques antidemocráticos, já há denúncias concretas e provas. “Não é mais fase de investigação, é julgamento. Qualquer manobra para interferir terá consequências jurídicas graves.”

Redução de pena

Diante do movimento da direita de tentar negociar penas mais brandas com o Supremo Tribunal Federal (STF), depois de anos defendendo endurecimento penal, o deputado ainda ironizou. “Sou um dos que mais batem aqui nessa direita que quer aumentar a pena de tudo. Agora, quando toca na gente deles, dizem que é excesso. É interessante esse choque de realidade”, observou.

Dos acusados pelos atos do 8 de janeiro, quase metade recusou o acordo de não persecução penal oferecido pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Nos termos do acordo era previsto, pagarem R$ 5 mil, ficarem dois anos sem redes sociais e fazerem um curso sobre democracia. “Muitos não quiseram admitir que cometeram crime. Isso desmoraliza o pedido de anistia. É uma ala mais radical”, afirmou o líder petista.

Punhal Verde e Amarelo

Lindbergh também denunciou o verdadeiro objetivo da proposta de anistia: blindar os mentores da tentativa de golpe. “Eles querem anistiar tudo, desde o pós-eleição. Se o projeto passa, o general Braga Netto sai da cadeia. E ele é peça central na operação Punhal Verde e Amarelo, o plano para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes”, afirmou, com indignação. “A maioria dos brasileiros ainda não conhece os detalhes do esquema. Não é só sobre 8 de janeiro. É golpe com plano de assassinato!”.

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Para o líder do PT, o julgamento que no STF não será apenas jurídico, mas também simbólico e de grande repercussão. “Vai ser transmitido. O povo vai ver. Vai parar para assistir. É uma novela dramática: o candidato que perde tenta matar o que ganhou para tomar o lugar dele. É sórdido. Vai decepcionar muita gente que ainda acredita nessa turma”.

Com uma fala firme e embasada nos relatórios da Polícia Federal, o petista deixou claro que o Congresso não pode ser cúmplice de uma manobra para frear a justiça. “Qualquer ato que pareça interferir em um julgamento tem consequências jurídicas gravíssimas. Não vamos embarcar nisso”.

Sem anistia

Lindbergh encerrou com um balanço otimista, porém cauteloso. “Essa semana foi vitoriosa. Afastamos um pouco mais a ameaça desse projeto irresponsável e inconstitucional.” Mas deixou claro que a pressão continuará.

A aposta do bolsonarismo, na visão do líder do PT, é tentar manter viva a ilusão de vitória, mesmo diante da derrota iminente. “Eles não querem admitir que perderam. Vão alimentar esperança. Mas a chance de prosperarem é quase zero”.

Se depender de Lindbergh Farias e da articulação da base governista, a anistia não terá vez. O julgamento virá, e o Brasil verá quem realmente tentou destruir a democracia”. E o recado está dado: “Sem anistia para golpistas. Porque sem justiça, não há democracia”.

Do PT na Câmara

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