Linhas de crédito anunciadas no ‘Conselhão’ ajudam a estabilizar a economia e a manter empregos
Para professor da Unicamp Guilherme Mello, os anúncios contribuem para estabilizar a economia, normalizar a oferta de crédito e também a controlar a inflação sem comprometer os gastos públicos
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A manutenção de empregos e a estabilização da economia são alguns dos impactos gerados pelas medidas anunciadas pelo governo da presidenta Dilma Rousseff após reunião desta quinta-feira (28) do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (CDES), avalia o economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Guilherme Mello.
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, foi o responsável por anunciar, depois da reunião do “Conselhão”, medidas que expandem o crédito em vários setores, com valor total de R$ 83 bilhões. Uma dessas iniciativas autoriza o uso da multa e de parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia para o crédito consignado, além de dar maior celeridade no fundo de investimentos do FGTS em infraestrutura.
Segundo Mello, grande parte dos R$ 83 bilhões em créditos também ajuda a assegurar empregos. Segundo ele, isso será possível “à medida que permite às empresas se manterem abertas, pagando seus funcionários, produzindo produtos e serviços, ou seja, mantendo seu dia a dia”.
Para o economista, as linhas de créditos são positivas também porque vão na direção de estabilizar a economia e normalizar a oferta de crédito.
“Isso ajuda a dar condições financeiras à sociedade para atravessar esse momento de crise. São medidas para estabilização que ajudam a curto prazo, por dar crédito aquelas pessoas e empresas que demandam, como exportadores, agricultores, pequenos empresários”, destaca Mello.
“Existe também uma parcela desse crédito que é para crédito novo, como é o caso do crédito para habitação, que vai gerar novos empregos e novas demandas. Acredito que direcionar esses recursos para crédito habitacional é uma forma de estimular a economia”, completa.
O economista, que também é membro da Rede Desenvolvimentista e colaborador da Fundação Perseu Abramo (FPA), reforça que as medidas propostas pelo governo preservam a solidez financeira do Estado. “O dinheiro para o crédito não vai sair do orçamento do estado, e assim não piora o endividamento público nem deteriora as contas públicas”, explica.
“Acredito que o governo teve o cuidado de tomar medidas para não prejudicar o resultado fiscal. Além disso, o uso de parte do FGTS não gera impacto inflacionário. Na verdade, é um direcionamento de recursos para o crédito”, complementa o economista.
Na opinião do professor da Unicamp, o anúncio já mostra uma “flexão na ação do Executivo no intuito de incluir outras prioridades, como estabilizar a situação do emprego e da renda, e não apenas a obtenção de superávit primário”. “Não é esquecer o ajuste fiscal, mas é não ter o ajuste como única prioridade”, diz.
Mello ressalta, ainda, que ao manter empresas abertas, amplia-se a oferta de produtos e serviços, ajudando pontualmente a sustentar a demanda e a vida da economia, controlando, assim, a inflação.
“Se não tivessem essas medidas, as empresas não teriam crédito, o que geraria diminuição da produção, o que levaria à diminuição da oferta. Com isso, os preços subiriam e isso acarretaria em alta da inflação”, pondera.
Retomada do diálogo – Sobre o retorno das reuniões do Conselhão, Mello acredita que é esta uma importante sinalização por parte da presidenta Dilma. “É o espaço para que Dilma possa olhar nos olhos da sociedade e falar que tem um projeto e um rumo para o País”, afirma.
“O Conselhão não é o local de elaboração de políticas públicas, mas é adequado para a discussão dessas políticas, por reunir representantes de vários setores. No Conselhão, os movimentos e setores podem propor ideias, ações, mesmo que não seja uma política elaborada, mas que subsidia o governo a elaborar as políticas. É um espaço de diálogo conjunto no intuito de achar consensos, para o governo saber, inclusive, os limites econômicos, políticos e sociais das suas ações”, finaliza o economista.
Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias