Luiz Padulla: Comemorar o quê?

Mais do que a parcialidade da sentença imposta a Lula, o perigo é o precedente que pode abrir a possível pena , caso acatada em tribunais superiores

Paulo Pinto/Agência PT
Tribuna de Debates do PT

Ato de apoio a Lula contra a sentença de Sergio Moro

Lula foi condenado. Sem provas. Apenas por convicção de um sujeito que se utiliza de um cargo que desonra. Um juiz (sic) que desde sempre se mostrou incapaz de agir de forma imparcial, mas insistiu em seguir com tais investigações e não se declarou impedido.

Uma condenação para lá de esperada, sim. Não pela culpa do réu, mas pela vontade de seu inquisidor que, além de não apresentar provas, negou aquelas que comprovariam a inocência de Lula – ao todo, provas documentais e declarações de 73 testemunhas que foram ignoradas.

E aqui, mais do que essa tendenciosidade de Sérgio Moro, o que há de mais perigoso é o precedente que essa possível pena abra caso seja acatada em instâncias superiores – no entanto, de acordo com vários juristas, dificilmente a acusação vazia se sustentará. Em se confirmando, declara-se o fim do Estado de Direito, surgindo a “justiça” de exceção.

Como já abordei no post anterior (“O pesadelo e a vergonha”), o ódio cega as pessoas, a ponto de comemorarem aquilo que prejudicará elas mesmas.

Alguns dizem não gostar de Lula porque ele “polarizou a sociedade”. Não concordo. A meu ver, Lula apenas abriu os olhos da sociedade e mostrou que nós podemos mais; que temos direito. A polarização já ocorre desde tempos remotos.

A constante divisão da sociedade trouxe atos totalmente irracionais entre as pessoas. Para parte desta sociedade (doente), “se o PT é contra, seremos a favor”. E assim comemoraram a condenação de Lula e até a aprovação das reformas trabalhistas.  Ah! E, diga-se de passagem, que os holofotes para a votação da denúncia contra o ilegítimo Michel Temer seguem em segundo plano.

Por sinal, a tal divulgação da decisão de Moro, menos de 24 horas depois do desmonte da CLT, foi muito bem arquitetada pelos golpistas – além de barrarem a discussão no Senado, aprovando urgência, com Lula nos noticiários, abafaram o que é a deformidade das reformas trabalhistas e a possibilidade de um levante popular ainda maior.

Enquanto as discussões se concentram entre “nós” e “eles”, os verdadeiros beneficiários de todas essas barbaridades e abusos seguem comemorando e rindo de nossa cara. Enquanto prestam contas aos interesses estrangeiros, quebrando propositadamente nossa economia (como sempre foi o objetivo dessa Operação Lava-Jato) desestabilizando Mercosul e BRICS, colocam o povo para digladiar entre si e apequenando novamente nosso país, tal como nos idos anos 90. O valor do golpe segue seu pagamento debaixo de nossos narizes.

E a classe burguesa – não adianta negar, há divisão de classe, sim! – tomou de assalto o Estado, novamente na forma de um golpe. Só que, desta vez, manobrou inocentes úteis a se voltarem contra o povo brasileiro. FIESP e CNI estão agradecendo tudo isso. Resta uma pergunta: quando, efetivamente, os “patriotas” sairão de seu mundo imaginário e efetivamente lutarão pelo Brasil?

Em tempo: antes de vomitar impropérios, abstenha-se dessa vergonha e tenha um mínimo de educação.

Por Luiz Padulla, Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação, para a Tribuna de Debates do PT.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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