Lula avisa que semana será cheia de mentiras na mídia

Na campanha de 1989, a primeira eleição direta que marcou o fim da ditadura, Lula foi alvo da mais emblemática ação manipuladora que culminou no debate com Collor

A manipulação da imprensa será intensificada nesta última semana de campanha, prevê o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sofre esse tipo de ação desde que iniciou a carreira política. Há 25 anos, por exemplo, quando o País voltava a escolher seu presidente após a ditadura, sua campanha foi duramente atacada, o que culminou com a manipulação do debate da TV Globo. 

“Essa semana agora é a semana das mentiras. Vocês vão ver quantas mentiras vão ser contadas na imprensa. Vocês não têm que acreditar porque todas as vezes que aparece um candidato que tenta fazer as coisas para o povo mais humilde, ele é achincalhado pela elite brasileira que não quer que a gente faça”, afirmou Lula.

Na eleição de 1989, conquistada quase seis anos depois das Diretas Já, o confronto entre os candidatos à Presidência da República Fernando Collor (PRN) e Lula (PT) foi completamente forjado para beneficiar Collor, candidato da elite. “Eu achei que a briga do Collor com o Lula nos debates estava desigual, porque o Lula era o povo e o Collor era a autoridade”, contou o ex-diretor da Rede Globo de Televisão, José Bonifácio Sobrinho, o Boni. 

“Então nós conseguimos tirar a gravata do Collor, botar um pouco de suor com uma ‘glicerinazinha’ e colocamos as pastas todas que estavam ali com supostas denúncias contra o Lula – mas as pastas estavam inteiramente vazias ou com papéis em branco”, disse Boni. “Todo aquele debate foi [produzido]”, finalizou.

Para o jornalista Ricardo Kotscho, em 1989, os embates eram frequentes e, por vezes, ríspidos. “Varia de uma eleição para outra. Foi muito difícil em 1989. Mas nunca vi algo tão escrachado como agora”, diz Kotscho. “Não disfarçam mais. Não estão tendo pudor.” Assim, segundo ele, depois de abraçar inicialmente a candidatura de Aécio Neves (PSDB), os principais meios de comunicação passaram a fazer campanha aberta para Marina Silva (PSB).

Kotscho cita o caso do Jornal Nacional, do debate no segundo turno. No livro Do Golpe ao Planalto, o jornalista resume desta maneira: “Editaram só os melhores momentos de Collor e os piores de Lula. O resultado do jogo, que tinha sido 2 x 1 na edição do Hoje (telejornal vespertino), transformou-se magicamente em 10 x 0″. Para ele, “enquanto não houver reforma política, não vai mudar nada.”

 

Por Alessandra Fonseca, da Agência PT de Notícias

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