Lula defende estabilidade e parcerias sustentáveis no Fórum Empresarial Brasil-Indonésia
Presidente destaca potencial do Brasil na transição energética e propõe cooperação equilibrada em biocombustíveis, minerais críticos e proteção de florestas
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Durante o Fórum Empresarial Brasil-Indonésia, realizado em Jacarta nesta quinta-feira (23), o presidente Lula defendeu uma nova etapa nas relações econômicas entre os dois países, baseada em estabilidade, previsibilidade e sustentabilidade.
Com mais de cem empresários e autoridades presentes, Lula ressaltou que o Brasil oferece um ambiente seguro e atrativo para investimentos, com estabilidade fiscal, jurídica, política, econômica e social.
“Isso o Brasil faz questão de oferecer a todo e qualquer investidor que queira procurar o Brasil como um país onde ele possa estabelecer seus investimentos”, afirmou.
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Comércio equilibrado
O presidente lembrou que o comércio bilateral cresceu de US$ 2,2 bilhões em 2008 para US$ 6,3 bilhões em 2024, mas enfatizou que o volume ainda é muito pouco frente ao potencial conjunto dos dois países, que somam meio bilhão de habitantes.
“Um país de 280 milhões e outro de 215 milhões, com tanta similaridade e necessidade entre si, precisa trabalhar mais para atingir um comércio acima de 15 ou 20 bilhões de dólares”, disse.
Lula defendeu que o intercâmbio econômico seja equilibrado e mutuamente benéfico.
Ouça a íntegra do discurso do presidente Lula:
Biocombustíveis e descarbonização
Ao tratar da transição energética, o presidente propôs que Brasil e Indonésia, dois dos maiores produtores de bioenergia do mundo, liderem juntos a criação de um mercado global de biocombustíveis.
“O Brasil não quer apenas vender para a Indonésia. Apostamos em uma parceria equilibrada e mutuamente benéfica. Podemos criar juntos um mercado global de biocombustíveis”, declarou.
Ele também cobrou da Organização Marítima Internacional a aceleração das medidas de descarbonização do setor de transportes. “O biocombustível de etanol é uma alternativa viável e imediatamente disponível”.
Com a COP30 se aproximando, Lula destacou o protagonismo dos dois países na proteção ambiental e anunciou detalhes do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, a ser lançado durante o evento em Belém.
“O apoio da Indonésia ao fundo tem sido fundamental. O Brasil, ao anunciá-lo, depositou um bilhão de dólares”, afirmou.
De acordo com Lula, a iniciativa vai garantir financiamento para países que preservam suas florestas, criando uma alternativa sustentável de renda e rompendo com a lógica de “pedir esmolas” para conservar o meio ambiente.
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Minerais críticos e valor agregado
O presidente destacou ainda a importância da soberania sobre os recursos naturais e a geração de empregos de qualidade.
“Contamos com 10% das reservas mundiais de minerais críticos essenciais para a transição energética”, disse.
Lula anunciou a criação do Conselho Nacional de Minerais Críticos, vinculado à Presidência da República, e citou a experiência indonésia como exemplo de agregação de valor.
“A Indonésia incentiva o processamento do minério em seu território. Não queremos reproduzir a condição de meros exportadores de commodities.”
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Relações comerciais
Lula também ressaltou que o Brasil retomou a capacidade de planejamento estatal e vem promovendo reformas e modernização regulatória para atrair investimentos e ampliar o comércio exterior.
“Queremos continuar a expandir nossas relações com o mundo, sem distinções ou alinhamentos automáticos”, frisou.
O presidente destacou a importância da aproximação entre o Mercosul e a Indonésia. “Em dezembro de 2023 fechamos um acordo com Singapura. Agora, vamos avançar para um acordo de comércio preferencial Mercosul-Indonésia”.
Convergência
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Indonésia, Anindya Bakrie, afirmou que Brasil e Indonésia combinam economias de quase US$ 4 trilhões e devem aproveitar seu potencial conjunto para acelerar negócios e investimentos, com foco em sustentabilidade e inovação.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, ressaltou que o país vive um ambiente raro de previsibilidade, ideal para a expansão das relações comerciais.
Para Lula, esse é o caminho para transformar afinidades diplomáticas em prosperidade compartilhada. “O setor privado, com parcerias e projetos conjuntos, será o responsável por fazer dessa afinidade uma nova etapa de cooperação, desenvolvimento e justiça social.”
Da Redação, com informações da Secom
