Lula destaca oportunidades de investimentos brasileiros em Angola
Durante reunião do Conselho de Ministros, em Luanda, presidente disse que intercâmbio bilateral já cresceu quase 65% em comparação com o mesmo período de 2022
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O presidente Lula destacou oportunidades de participação do setor privado brasileiro em empreendimentos em Angola, onde ele iniciou visita oficial de dois dias nesta sexta-feira (25). Durante reunião do Conselho de Ministros, em Luanda, Lula afirmou que o intercâmbio bilateral caiu drasticamente a partir de 2015, mas, só no primeiro semestre deste ano, já cresceu quase 65% em comparação com o mesmo período de 2022.
Durante a visita a Angola, Lula também assinou sete novos instrumentos de cooperação, em áreas como turismo, agricultura, meio ambiente, promoção de exportações, entre outras.
Ao discursar na reunião do Conselho de Ministros, o presidente brasileiro disse que o Brasil é o parceiro ideal para Angola, já que os dois países enfrentam desafios semelhantes e, hoje, têm conhecimentos, tecnologias e políticas públicas para compartilhar.
Uma das oportunidades de investimentos para empresas brasileiras citadas por Lula é um programa executado em parceria entre os dois países com 25 ações para promover o desenvolvimento agrícola do Vale do Rio Cunene, província com o mais alto risco de desertificação, situada no sul angolano.
Formulada com base em demandas angolanas, a iniciativa fortalecerá o planejamento de recursos hídricos e a organização das cadeias produtivas naquela província. Ela permitirá transformar as terras irrigadas em fonte de recursos para a segurança alimentar e o desenvolvimento social,
“Estamos desenvolvendo um programa no Vale do Cunene que será um novo paradigma na nossa cooperação com a África. Isso incluirá desde pesquisa agropecuária até capacitação para a implementação de políticas de crédito para pequenos produtores. Vamos buscar parceiros no setor privado brasileiro para completar a estrutura de irrigação necessária em Cunene”, disse Lula. “O Vale do Cunene é parecido com o Vale do São Francisco no Brasil – uma região historicamente afetada por secas que se transformou num pólo produtor de alimentos”.
Lula citou também a participação de empresas brasileiras em projetos de turismo em Angola. “Nossos esforços no setor de turismo vão na mesma direção. Empreendimentos hoteleiros brasileiros, em associação com o estado angolano, trarão práticas sustentáveis como dessalinização de água do mar, tratamento de resíduos sólidos e reciclagem”, afirmou.
O presidente destacou que a ciência e pesquisa também farão parte da cooperação. “Nossas agências de processamento de dados e tecnologias de informação desenvolverão software juntas, com amplo compartilhamento de capital intelectual. Angola tem condições de se tornar um polo da EMBRAER Defesa na África. A aquisição de aeronaves, como o KC390 e a revitalização da frota de Tucanos e Super Tucanos trariam transferência de tecnologia”, disse Lula, que ainda citou oportunidades para a indústria naval brasileira na modernização da Marinha angolana.
O presidente sublinhou que essa é a primeira visita de Estado que ele faz a um país africano desde que tomou posse. “É um momento especial, que simboliza o retorno do Brasil à África. Começamos por um país que sempre foi nossa maior ponte com esse continente irmão”, disse, lamentando o distanciamento entre o Brasil e a África verificado nos últimos anos.
“Nos últimos anos, o Brasil tratou os países africanos com indiferença. Pela primeira vez desde a redemocratização, tivemos um presidente que não fez nenhuma visita à África. Embaixadas brasileiras foram fechadas. A cooperação foi abandonada. Deixamos de atuar juntos nos foros internacionais”, disse. “Vamos corrigir esses erros. E vamos alçar nossa parceria estratégica a um novo patamar”.
Da Redação