Lula firma novos acordos de cooperação com Moçambique

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira (24), que o Brasil trabalhará para recuperar o papel do BNDES no financiamento de empresas brasileiras no exterior, de modo a fortalecer parcerias estratégicas e impulsionar o desenvolvimento de países aliados, como Moçambique. “Moçambique é um país em desenvolvimento, que ainda possui lacunas de infraestrutura a suprir. Seu crescimento depende de portos, estradas, usinas e linhas de transmissão. O Brasil tem empresas dinâmicas, com condições de contribuir”, declarou Lula, ao lado do presidente moçambicano, Daniel Chapo, em Maputo.

Segundo o presidente, retomar o crédito para exportação de serviços é fundamental para ampliar a presença produtiva brasileira no mundo e oferecer soluções de desenvolvimento que atendam às necessidades dos países parceiros. “Para exportar serviços, precisamos oferecer opções de financiamento”, reforçou.

Durante a visita oficial, Brasil e Moçambique firmaram nove atos de cooperação que abrangem desenvolvimento institucional, saúde, educação, diplomacia, promoção comercial, empreendedorismo, aviação civil, assistência jurídica e serviços agroflorestais. Os acordos consolidam a parceria de 50 anos entre os dois países e reforçam a política externa brasileira de reaproximação com o continente africano.

Lula destacou que a retomada das relações com a África é uma prioridade de seu governo. “O Brasil se perdeu por caminhos sombrios e se esqueceu dos laços com a África. Muitas das sementes que havíamos lançado não tiveram tempo de vingar. Mas é hora de recobrar a consciência”, afirmou. Desde 2023, o presidente já visitou oito países africanos e ampliou a agenda de cooperação em diversas áreas.

Moçambique é hoje o principal beneficiário da cooperação brasileira no continente via Agência Brasileira de Cooperação (ABC), com iniciativas estruturantes nas áreas de saúde, agricultura, formação profissional e educação. Desde 2015, já foram formalizadas 67 ações de cooperação.

Os dois países também buscam ampliar o comércio e os investimentos. Para isso, realizam um fórum empresarial com painéis sobre agronegócio, inovação, indústria e saúde. Em 2024, o intercâmbio comercial somou US$ 40,5 milhões.

Entre as iniciativas anunciadas por Lula está a retomada da produção local de medicamentos, a oferta de até 80 vagas em cursos de ciências agrárias e 400 vagas em cursos técnicos de agropecuária para colaboradores moçambicanos a partir de 2026, além do reforço da Embrapa no treinamento de técnicos do país. “Ninguém melhor que o Brasil para contribuir com a segurança alimentar de Moçambique. Com tecnologia adequada, é possível ampliar a produtividade da savana africana sem comprometer o meio ambiente”, disse.

Lula também incluiu Moçambique entre os países que o Brasil pretende contemplar na etapa acelerada da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A agenda bilateral inclui ainda cooperação em transição energética, preservação de florestas, produção cultural e combate ao crime organizado. Sobre este último ponto, o presidente destacou a expertise brasileira. “A Polícia Federal é reconhecida internacionalmente pelo rastreamento de ativos ilícitos e combate à lavagem de dinheiro. Está à disposição para ampliar sua colaboração com Moçambique”, afirmou.

Além da reunião de trabalho e do encontro com empresários, Lula recebe, ainda nesta segunda-feira, o título de doutor honoris causa pela Universidade Pedagógica de Maputo.