Lula: “Inflação baixa, para mim, não é um desejo, é uma obsessão”

Em entrevista Rádio Princesa FM, em Feira de Santana (BA), nesta segunda (1º), presidente defendeu política de valorização do salário mínimo e voltou a criticar congelamento da taxa básica de juros pelo BC

Ricardo Stuckert

Lula, sobre ajuste fiscal: “São quase 30 milhões de pessoas, não tem por que a gente jogar nas costas deles"

Em entrevista à Rádio Princesa FM 96.9, nesta segunda-feira (1), o presidente Lula reafirmou seu compromisso com a política de valorização do salário mínimo e reiterou que os trabalhadores não serão prejudicados em um eventual ajuste nas despesas do governo. Lula está em Feira de Santana, na Bahia, para anunciar melhorias nas rodovias baianas e para assinar novos contratos do programa Minha Casa Minha Vida.

“Primeiro, a gente tem obrigação de recolocar a inflação. A reposição inflacionária é obrigação nossa, garantir que o trabalhador vai ter a reposição para recompor o seu poder aquisitivo. Depois, nós decidimos que, quando a economia cresce, é preciso que o resultado desse crescimento seja distribuído com o povo, com 203 milhões de pessoas (…) Nós estabelecemos que a gente vai dar a reposição inflacionária mais a média de crescimento do PIB nos últimos dois anos”, pontuou.

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Sobre ajustes econômicos que atinjam os mais vulneráveis, o presidente disse não ser correto do ponto de vista econômico, político e humanitário. “São quase 30 milhões de pessoas, não tem por que a gente jogar nas costas deles. Ora, se a gente estiver gastando de forma equivocada, nós temos que parar de gastar de forma equivocada”, afirmou.

“É assim que eu quero cuidar do Brasil: eu quero aumentar a riqueza, quero aumentar a arrecadação, quero aumentar a distribuição e quero aumentar o bem-estar da sociedade brasileira”, completou.

Inflação sob controle

Lula voltou a tratar da taxa básica de juros da economia, a Selic, congelada em 10,50% pelo Comitê de Politica Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Para o presidente, os índices da economia do país não justificam a manutenção da Selic no atual patamar.

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“O que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Nós não precisamos ter política de juro alto nesse momento, não precisamos. A taxa Selic a 10,50% está exagerada. A inflação está controlada, nós acabamos de aprovar a manutenção da média de 3%, porque a responsabilidade é uma coisa que a gente preza muito”, criticou.

“Inflação baixa, para mim, não é um desejo, é uma obsessão”, concluiu Lula.

No rumo certo

Aos entrevistadores da Rádio Princesa, o petista assegurou que o Brasil retomou o rumo do crescimento, dado o desempenho econômico do país desde que assumiu a presidência. Lula criticou os que não conseguem reconhecer os avanços de sua gestão, que completa agora 18 meses, tachando-os de “negacionistas”.

“Se você analisar os números, os negacionistas diziam que o PIB ia crescer 0,8%. Cresceu 3%. E agora vai crescer mais (…) o menor desemprego desde 2014, divulgado ontem pela PNAD: 7,1% de desemprego (…) A massa salarial cresceu 11,7% (…) Esse país encontrou o seu rumo, nós vamos crescer”, rebateu.

Eleições nos EUA

Nos últimos dias, as eleições presidenciais nos Estados Unidos (EUA) estiveram no centro do noticiário, por causa da performance de Joe Biden. Tanto a imprensa quanto parte do partido do atual presidente tentam dissuadi-lo de concorrer à reeleição contra o republicano Donald Trump, dada a idade avançada de Biden, 81 anos.

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Lula entende ser o próprio mandatário a pessoa mais indicada a dizer se tem ou não condições físicas para disputar o cargo e governar por mais quatro anos. O presidente lamentou ainda a forma como Biden foi exposto após o debate.

“É muito difícil a gente dar palpite no processo eleitoral do outro país. É muito difícil, porque depois do processo eleitoral, a gente tem que conviver com quem ganhou as eleições. Então você tem que tomar cuidado para não criar animosidades. Eu, pessoalmente, gosto do Biden. Já encontrei com o Biden várias vezes”, disse.

“Eu acho que o Biden (…) está andando mais lentamente, ele está demorando mais para responder as coisas (…) mas quem sabe da condição do Biden é o Biden.”

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Da Redação

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