Lula: “Minha obsessão agora é com o crescimento e com a geração de empregos”
“Não esperava que a gente colocasse o avião na pista com tanta rapidez”, disse, no balanço de 100 dias de governo, nesta quinta (6). Lula falou ainda da retomada de investimentos para reindustrializar o país
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Em meio ao processo de resgate do país dos escombros de Bolsonaro, a marca destes primeiros 100 dias de governo, o presidente Lula considera que agora é hora de preparar o país para um salto rumo ao desenvolvimento, com geração de renda e empregos aos brasileiros. Foi disso que ele tratou em conversa com jornalistas, durante um café da manhã, nesta quinta-feira (6), no Palácio do Planalto. Na conversa, Lula fez um balanço do início de seu terceiro mandato, preenchido pela retomada de programas sociais, ao mesmo tempo em que tratou dos planos para fazer o país voltar a crescer.
“Estou convencido de que vamos consertar o país. Eu estou mais do que satisfeito com o que conseguimos projetar nesses 100 dias. Eu não esperava que a gente conseguisse colocar o avião na pista com tanta rapidez”, declarou Lula, em tom de otimismo.
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“Minha obsessão nos primeiros três meses era retomar as políticas sociais que deram certo nesse país”, destacou o presidente, ao mencionar a retomada de programas essenciais do ponto de vista social e econômico, como o Bolsa Família, o Programa de Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
“A minha obsessão agora é com o crescimento e com a geração de empregos, e tenho certeza de que vamos conseguir sucesso”, afirmou.
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A meta agora, passada essa primeira fase, é trabalhar para criar as condições macroeconômicas para impulsionar o desenvolvimento do país com inclusão social, com atração de investimentos, crédito para empresas e a esperada reindustrialização. “Quando todos os programas começarem a funcionar, a gente vai ter uma mudança no ritmo da economia brasileira”, pontuou.
“Não existe muito milagre, não existe invenção. Em economia não tem mágica. Tem três palavras que considero as coisas mágicas da economia: estabilidade, credibilidade e previsibilidade. Se a gente conseguir estabelecer o funcionamento dessas três palavras, a economia volta a crescer como no período em que fui presidente da República”, considerou.
Juros do BC e acesso ao crédito
“Só posso dizer para vocês: essa taxa de juros é incompreensível para o desenvolvimento do país”, disse Lula, ao voltar à carga contra os juros do Banco Central. “Nós vamos ter que encontrar um jeito de que o Banco Central comece a reduzir a taxa de juros. Não é compreensível, porque nós não temos inflação de demanda, não existe inflação de demanda no país”.
Para Lula, todos os atores econômicos do país devem ser estimulados, de pequenas e micro empresas a cooperativas, passando pelo agronegócio e a agricultura familiar. Esses setores precisam, contudo, de crédito acessível para operar, o que não é possível com as taxas de juros escorchantes em vigor no país.
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“Não é possível que você possa estabelecer crédito com taxa de juros acima de 15%, 16%, 17%, 18%. Tem gente pagando 30% no mercado para fazer investimento. Não é possível o Brasil continuar assim”, reclamou o presidente. “Somente com a circulação de dinheiro é que vamos retomar o crescimento da economia. Não existe outro milagre, não existe outra possibilidade”, advertiu.
Sem privatizações
O presidente destacou o papel econômico das 14 mil obras paralisadas desde 2016, além de novas oportunidades no setor de saneamento básico, por meio do marco regulatório anunciado na quarta-feira (5), como instrumentos de atração de investimento.
Ele também voltou a criticar a política entreguista que dominou os governos do país após o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, sob a desculpa de fazer caixa ao governo. “Não vamos privatizar empresas para trazer dinheiro”.
Lula reforçou ainda que medidas de estímulo ao setor industrial precisam ser adotadas no país, para que o país elimine a dependência da importação de produtos manufaturados. Ele condenou a retração do setor automotivo, cuja produção despencou desde 2020. Situação que deve mudar com a reforma tributária e as novas regras fiscais que irão substituir o teto de gastos, aposta o presidente.
Da Redação, com Palácio do Planalto