Lula monta “estrutura de guerra” contra ação de incendiários bolsonaristas

Depois de promover o desmonte dos órgãos ambientais, Jair Bolsonaro incentiva aliados do agro a botarem fogo no país com o intuito irresponsável de atingir o governo Lula

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A despeito dos danos ao meio ambiente e à saúde da população, Bolsonaro e aliados incendeiam o país

Jair Bolsonaro tem aproveitado cada vez mais o gozo da impunidade para tentar apagar as digitais que deixou em inúmeros crimes e no processo de destruição políticas públicas fundamentais para a qualidade de vida dos brasileiros, como as voltadas à preservação ambiental. Depois de “passar a boiada”, com o desmonte da estrutura de fiscalização e o incentivo a atividades criminosas em áreas de proteção, o ex-presidente, agora, conta com o apoio dos seus aliados no agronegócio para botar fogo no país, com o intuito egoísta e irresponsável de atingir o governo Lula, a despeito dos graves danos à natureza e à saúde da população.

Até o momento, a Polícia Federal instaurou mais de 50 inquéritos para identificar e responsabilizar os autores do que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, definiu como “terrorismo ambiental”.

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Ao longo dos quatro anos de seu desgoverno, o incendiário da extrema direita perseguiu ambientalistas e pesquisadores. Um dos primeiros alvos foi o então diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), Ricardo Galvão, demitido do cargo após fazer um alerta sobre o aumento do desmatamento na Amazônia.

Bolsonaro também promoveu o esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente, com uma drástica redução do orçamento da pasta e a não reposição do quadro de funcionários de diversos órgãos ambientais.

Destruição ambiental

As consequências não poderiam ser diferentes: houve um aumento de 212% nas invasões e de 125% nas atividades do garimpo ilegal em terras indígenas. O desmonte também resultou em uma redução de quase 40% das multas por desmatamento na região amazônica e permitiu a maior alta nas emissões de gases estufa em 19 anos no país, de acordo com relatório do Observatório do Clima, divulgado no início de 2023

Em entrevista ao Jornal da CBN nesta segunda-feira (16), o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, respondeu a uma série de perguntas sobre os incêndios criminosos que se alastram pelo país.

Ele lembrou que o tema das mudanças climáticas voltou a receber atenção em 2023, após ter sido escanteado em anos anteriores, como durante a gestão negacionista de Bolsonaro. “Nós estamos num processo ainda de refortalecimento Na última década, 89 escritórios [do Ibama] pelo Brasil foram fechados. Nós chegamos a ter 6.300 servidores, agora nós estamos fazendo o concurso, estamos reequipando, mas de 6.300 servidores a gente caiu para 2.700”, assinalou o presidente do Ibama.

Agostinho acrescentou que o Ibama chegou a ter 2.000 fiscais, e hoje conta com apenas 700. “Então nós estamos num momento de reorganizar, de fortalecer, de reestruturar instituições muito importantes que, ao longo do tempo, foram sendo deixadas de lado. O Brasil que tem 20% da biodiversidade do mundo, 60% do Brasil ainda é coberto por vegetação nativa. Nós precisamos de estruturas à altura para fazer esse enfrentamento”, enfatizou.

“Estrutura de guerra”

O presidente do Ibama também destacou que o governo federal montou uma verdadeira “estrutura de guerra” para conter e prevenir os incêndios criminosos. Disse que, neste início de semana, são contabilizados 106 incêndios de grandes proporções no país, que estão sendo combatidos por bombeiros e brigadistas.

“A estrutura de combate a incêndio no Brasil é dividida numa estrutura dos estados, que são os bombeiros, e do governo federal para as áreas federais, os brigadistas do Ibama e do ICMBIO. Nós estamos hoje com 3.245 brigadistas, uma estrutura de guerra, uma estrutura que está mobilizando 22 aeronaves, 1.148 viaturas, 73 embarcações, mais 700 fiscais que estão fazendo um trabalho de fiscalização”, declarou Agostinho.

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Ele falou também sobre o modo de ação dos criminosos. “O que a gente está percebendo é que a gente apaga um incêndio, as pessoas colocam fogo em mais duas áreas diferentes. Então o crescimento dos incêndios tem sido muito rápido. Nós estamos reforçando; hoje 100% do quadro de fiscalização do Ibama e do ICMBIO está na rua”, pontuou.

“O que a gente está percebendo, em alguns lugares, principalmente no Sudeste do país, é aquele incêndio de vandalismo mesmo, a pessoa colocar fogo no mato seco, colocar fogo no parque da cidade, enfim. No sul da Amazônia e no Matopiba (região que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) já é uma outra configuração: as pessoas colocando fogo para destruir a floresta, para colocar o gado, principalmente o gado, para poder se apropriar de terra pública, é para destruir terra indígena, destruir unidade de conservação”, declarou o presidente do Ibama.

Segundo afirmou Agostinho, os danos ambientais provocados pelos incêndios são “realmente assustadores”, algo em torno de 2 milhões de hectares na região do Pantanal, o equivalente a 15% do bioma, e algo em torno de 4 milhões de hectares na Amazônia, o correspondente a 3% da floresta.

“São números que realmente nos assustam. Infelizmente, em algumas regiões as pessoas estão utilizando o fogo como forma de ampliar a ocupação do território, notadamente ao longo da BR 230 (Transamazônica), no começo da 319. A BR 163 concentra uma grande parte dos incêndios da Amazônia, uma área de franca expansão da atividade agrícola”, detalhou Agostinho.

Resultados das ações federais

Dos 116 incêndios identificados no Pantanal, 83 estão extintos. Outros 33 estão ativos, dos quais 21 estão controlados. Os dados são do Boletim divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) na semana passada.

Segundo o levantamento, os esforços federais contribuíram ainda para a extinção e controle de 65% das queimadas nas regiões da Amazônia e do Cerrado. Somados, os profissionais em campo nos biomas chegam a 2.746, com efetivo do Ibama, ICMBio, Força Nacional de Segurança Pública e Forças Armadas.

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A área sob alertas de desmatamento na Amazônia em agosto de 2024 foi a menor em seis anos. Segundo dados do sistema de monitoramento Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a queda foi de 10,6% em relação a agosto de 2023, quando o país já havia retomado as políticas ambientais, e de 69,7% em relação ao mesmo mês de 2022.

Manter a floresta em pé é um dos compromissos do governo federal, ao lado do trabalho de combate aos incêndios criminosos e de responsabilização dos culpados.

“Nós fomos capazes de mobilizar brigadistas, equipamentos, ter uma sala de situação e fazer um trabalho integrado que envolve mais de 20 ministérios para fazer esse enfrentamento, sobretudo no Pantanal e na Amazônia”, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em entrevista ao Portal Intercept Brasil.

“Mas tem uma parte de tudo isso que é a mudança de comportamento, nós já estamos vivendo nos extremos climáticos e não tem mais como as pessoas imaginarem que podem fazer as mesmas coisas que fizeram no passado”, acrescentou.

Ainda na entrevista, Marina defendeu o endurecimento das penas para os autores de queimadas e a criação de uma figura legal da ’emergência climática’. Acrescentou que o novo legado será um plano estruturado para adaptar o país às mudanças do clima. Para ela, “não é justo que você tenha uma ação criminosa com intenção de queimar e depois fica todo mundo cobrando das instituições públicas que corram atrás do fogo”.

“Que a gente consiga ter uma população que entenda que o uso do fogo em um contexto de mudança climática, de eventos climáticos extremos, não tem força humana que consiga conter se as pessoas não pararem de queimar”, completou.

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Da Redação, com informações da Agência Gov

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