Lula: Não permitiremos que rasguem a Constituição, vamos às ruas

Em ato no Sindicato dos Metalúrgicos, o ex-presidente afirmou que povo tem que estar nas ruas para impedir o impeachment da presidenta Dilma Rousseff

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a população às ruas para defender a Constituição no dia em que  a Câmara dos Deputados marcar a votação do impeachment. Lula discursou em casa, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em ato pela democracia que reuniu ao menos 5 mil pessoas em São Bernardo dos Campos, nesta segunda-feira (4). “Não vamos permitir que a nossa Constituição seja rasgada. Temos que estar nas ruas”, conclamou Lula.

Lula afirmou que aceitou o convite para ajudar a presidenta Dilma Rousseff a governar o país e que pretende ampliar a conversa com os movimentos sociais, ouvir a população e conversar muito para “recuperar a alegria” do país. “No fundo, eles estão criando um clima que não nos interessa. Eu continuo Lulinha paz e amor”, disse. Segundo ele, o povo precisa se sentir participante e ser escutado nessa nova fase do governo Dilma .

“A Dilma precisa da ajuda do povo brasileiro”, disse ele. O ex-presidente ainda afirmou que aceitou o convite de Dilma Rousseff para assumir a Casa Civil, mas que é necessário “acertar” a política econômica. “Nós não devemos tentar agradar a elite, porque quanto mais a gente tenta agradar, mais a gente recebe porrada”, afirmou o ex-presidente. “Ela sabe que o povo é a única coisa que ela tem e a única coisa que eu tenho”, disse o ex-presidente.

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O ato reuniu outras lideranças como o prefeito Luiz Marinho (PT), de São Bernardo do Campos; o presidente da CUT, Vagner Freitas; o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT); Gilmar Mauro, do MST, entre outros.

O ex-presidente lembrou que a democracia ainda é recente no país. Segundo ele, essa pressão contra a presidenta Dilma hoje foi a mesma que fez Getúlio Vargas se matar em 1954. “A democracia é uma coisa tão séria e tão sagrada que não podemos permitir que ela seja posta em risco”, afirmou ele.

“Esse é o período mais longo de democracia que já tivemos na história do Brasil. Mas os setores conservadores já se cansaram da democracia. Porque foi com a democracia que permitiu que, sem dar um único tiro, nós fizessemos a mais importante revolução social desse país”.

Lula ainda afirmou não ter nada contra o vice-presidente Michel Temer, mas disse que, se ele quer ser presidente, deve primeiro tentar concorrer às eleições presidenciais.

Para Lula, a direita não está deixando a presidenta Dilma governar desde que foi reeleita, em 2014. “Eles estão tentando criar o caos”, afirmou. O ex-presidente lembrou que em sua trajetória política já perdeu diversas eleições (1988, 1989, 1994 e 1998), mas que nunca desancou o adversário depois da derrota. Ao contrário, logo depois de perder uma eleição, começava a reunir forças para a próxima disputa.

Lula ABC

O ex-presidente falou ainda que a elite está horrorizada com a possibilidade de que ele retorne à Presidência em 2018. “Eu nem sei se vou estar vivo, nem sei como vai estar minha saúde. O que eles precisam compreender é que nós conseguimos fazer uma coisa nesse país que nós não aprendemos na universidade, aprendemos na sobrevivência cotidiana”, discursou. “Eu pude provar que um peão sem diploma universitário pode fazer muito mais do que a elite fez”.

Tempero
Lula afirmou que muitos trabalhadores estão insatisfeitos com as perdas econômicas geradas pela crise. Mas defendeu que a solução passa por ajudar e apoiar a presidenta Dilma Rousseff. “Quando a mãe da gente erra no tempero, a gente tem que ajudar a fazer melhor”, explicou ele.

Lula rebateu novamente as acusações veiculadas na mídia contra ele. “Nesse país, eu duvido que tenha alguém mais honesto que eu. Um dia, eles vão ter que provar. Eu só quero que eles peçam desculpas ao povo brasileiro pelas mentiras que são colocadas na mídia”.

Lula também questionou a origem do dinheiro utilizado por Paulo Skaf, presidente da Fiesp, nos movimentos pró-impeachment. “Se for do sistema S, o movimento sindical tem que cobrar”, afirmou. O sistema S é abastecido com a cobrança de 2,5% sobre a folha de pagamento. “Se ele é contra imposto, porque não reduz os 2,5% do sistema S?”, questionou Lula.

“Dilminha, segura a barra que não vai ter golpe nesse país”, disse o ex-presidente.

Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias

 

 

 

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