Lula: “Nunca antes na história de Belém teve tanto investimento num único momento”

À Rádio Clube do Pará, nesta sexta (14), presidente critica abandono de moradias populares pelo governo anterior, projeta crescimento econômico e defende exploração de petróleo com responsabilidade

Ricardo Stuckert

Lula: "Quando fui ao G7 no Japão, a diretora do FMI disse que o Brasil cresceria menos de 1%. Eu respondi: 'você não conhece o Brasil'. Crescemos 3,2% em 2023 e vamos crescer 3,7% em 2024"

O presidente Lula desembarcou em Belém (PA) para uma série de compromissos ligados à realização da COP30, que ocorrerá na capital paraense em novembro deste ano. Em entrevista à Rádio Clube do Pará, nesta sexta-feira (14), Lula falou sobre temas centrais de sua gestão, como a retomada de obras paralisadas, crescimento econômico e a importância do evento climático para a Amazônia.

Durante a entrevista, Lula celebrou a entrega de mais de mil unidades do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) no Residencial Viver Outeiro, em Belém (PA), mas lamentou a demora na conclusão do projeto. “Eu fui inaugurar um conjunto habitacional que tinha sido começado a ser feito em 2014 e ficou praticamente 10 anos parado. Um conjunto que poderia ter minimizado o sofrimento de 1.000 famílias que poderiam estar morando lá”, criticou.

O presidente reforçou o compromisso do governo na recuperação de moradias inacabadas. “Estamos recuperando mais de 87 mil casas que foram abandonadas. Só aqui em Belém, vamos recuperar 80 escolas que estavam paralisadas. Governante que deixa escola, casa ou creche paralisada precisa repensar o que veio fazer na política”, afirmou.

Ouça a íntegra da entrevista no Podcast do Lula na Rádio PT:

Meta habitacional

Sobre o programa habitacional do governo, Lula revelou que a meta inicial de construir 2 milhões de casas até 2026 foi ampliada. “A meta era fazer 2 milhões, mas já me avisaram que vamos atingir 2,5 milhões de casas. Já fizemos quase 7 milhões entre meus governos e o de Dilma e vamos seguir reduzindo o déficit habitacional”, declarou.

O presidente também destacou os avanços econômicos do Brasil, criticando previsões pessimistas. “Quando fui ao G7 no Japão, a diretora do FMI disse que o Brasil cresceria menos de 1%. Eu respondi: ‘você não conhece o Brasil’. Crescemos 3,2% em 2023 e vamos crescer 3,7% em 2024. Enquanto eles analisam a macroeconomia, eu olho para a microeconomia: a quantidade de dinheiro que circula no bolso do povo trabalhador”, disse.

Ele ressaltou o impacto positivo dos investimentos federais. “Nunca antes na história de Belém teve tanto investimento num único momento”. Segundo Lula, são quase R$ 5 bilhões em recursos federais para a cidade, financiamentos do BNDES e investimentos privados para preparar Belém para a COP30.

Petróleo

Ao ser questionado sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial, Lula defendeu que o Brasil precisa conciliar sustentabilidade e desenvolvimento econômico.”

Eu sonho com o dia em que não precisaremos mais de combustíveis fósseis. Mas até lá, temos que agir com responsabilidade. Se houver petróleo na Margem Equatorial, precisamos saber como explorá-lo sem causar danos ambientais”, argumentou.

Sobre a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, Lula demonstrou preocupação com o discurso presidente norte-americano. “Os Estados Unidos sempre foram um dos maiores defensores do livre mercado, mas agora vemos um discurso protecionista. Se Trump resolver taxar produtos brasileiros, nós teremos que reagir comercialmente. Nossa relação com os EUA é de respeito e reciprocidade”, afirmou.

Lula destacou que não há uma relação direta com Trump, mas reforçou que os laços entre Brasil e Estados Unidos são históricos. “O Brasil e os EUA têm 200 anos de relações diplomáticas. Nossa relação não depende de quem está no poder, mas sim do interesse mútuo entre os países”, pontuou.

“Eu ouvi dizer que [Trump] vai taxar o aço brasileiro. Se vai taxar o aço brasileiro nós vamos reagir comercialmente. Ou vamos denunciar na Organização do Comercio ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles. A relação do brasil com os Estados Unidos é muito igualitária. Eles importam de nós 40 bilhões de dólares e nós importamos 45 bilhões. É o único país do mundo que tem superávit com relação ao Brasil. Então nós queremos paz, não queremos guerra. O Brasil não tem contencioso internacional. Olha, se o Trump tiver esse comportamento com o Brasil, nós teremos esse comportamento com o Trump. Se tiver alguma atitude contra o Brasil, haverá reciprocidade”, declarou o presidente.

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Amazônia e a COP30

Lula também destacou a importância da visibilidade da COP30. “Todo mundo fala da Amazônia, mas poucos conhecem. Agora, queremos que o mundo venha aqui, veja nossa realidade, nossa biodiversidade e a nossa gente. Queremos que os países ricos assumam responsabilidade e ajudem financeiramente na preservação”, pontuou.

O presidente reforçou a cobrança aos países desenvolvidos. “Em 2009, na COP de Copenhague, os países ricos prometeram US$ 100 bilhões por ano para ajudar os países em desenvolvimento a preservar suas florestas. Depois prometeram US$ 300 bilhões. Agora, a necessidade é de US$ 1,3 trilhão. Chegou a hora de cobrarem o que devem”, declarou.

Farmácia Popular

Outro tema destacado pelo presidente durante a entrevista foi a ampliação do programa Farmácia Popular. Lula anunciou que todos os medicamentos de uso contínuo distribuídos pelo programa passarão a ser gratuitos.

“São remédios essenciais, como os de hipertensão e diabetes. As pessoas não podem escolher entre comer e comprar remédio. Por isso, decidimos distribuir de graça”, afirmou.

O presidente também fez críticas às fake news e disse que este será o ano de combater a desinformação. “2025 é o meu ano. Quero desmascarar a quantidade de mentira que circula nas redes. Aprendi com minha mãe: a verdade engatinha, mas a mentira voa. E eu estou aqui para garantir que a verdade chegue à frente”.

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Da Redação

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