Lula: ocupamos os grandes centros para defender o PT e avançar na luta do povo
Em sua fala durante a abertura da Conferência Nacional de Prefeitas, Prefeitos e Vices do PT, o ex-presidente afirmou que a iniciativa de lançar candidaturas nas grandes cidades tinha o objetivo de fazer a defesa do PT para a disputa de narrativas na sociedade. “Na hora em que se está sendo atacado tem que gritar mais alto e o PT durante muito tempo ficou retraído, só respondendo através de notas e mais notas”, afirmou
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Durante a abertura da Conferência Nacional de Prefeitas, Prefeitos e Vices do PT, organizada pela Secretaria Nacional de Assuntos Institucionais (SNAI), que teve início nesta quinta-feira (10) e se prolongará até o sábado (11), o ex-presidente Lula afirmou que não pretende deixar de fazer política porque chegou aos 75 anos de idade. Ele ainda destacou que as disputas e polêmicas internas servem para fortalecer ainda mais o partido.
“Eu pretendo viver até os 120 anos, se eu tenho 75 isso quer dizer que eu terei mais 45 pela frente. Quem pensa que eu vou desistir da política porque eu fiz 75 anos pode sentar e esperar, pois eu tenho gana para fazer política mais ainda. Eu queria dizer uma coisa para vocês citando o exemplo da primeira eleição nossa em Diadema quando haviam grupos políticos dentro do partido se digladiando. E ganhamos a eleição porque no PT quanto mais se briga mais a gente cresce. O Filippi (José de Filippi Jr.) eleito prefeito de Diadema pela quarta vez) mesmo é resultado de brigas internas e de apartação dentro do PT. Era um Iraque, mas o resultado era sempre bom para nós”, lembrou ele.
Durante a sua fala, Lula enalteceu mais uma vez o Modo Petista de governar:
“O PT não pode deixar de utilizar o seu acúmulo em gestões públicas, eu tenho orgulho de dizer que o PT mudou o jeito de governar as cidades brasileiras desde que nós ganhamos Diadema em 1982.”
Lula defendeu também a iniciativa do partido de lançar candidaturas nas grandes cidades em 2020.
“Esta eleição que nós tivemos agora foi uma provação para o PT. Quando eu sugeri à companheira Gleisi Hoffmann que a gente deveria lançar candidatos em todas as cidades que tivessem rádio e televisão foi porque eu achava que estava na hora de colocar a cara do PT e as pessoas do partido para falarem, para se defender e defender o PT. Se vocês se derem conta, desde 2004 o PT vem sendo atacado diuturnamente sem dó e sem piedade. Na hora em que se está sendo atacado tem que gritar mais alto e o PT durante muito tempo ficou retraído.”
E citou a necessidade de se disputar a narrativa na sociedade brasileira.
“Quando eu tomei esta decisão é porque o PT ficava só respondendo na base de notas e mais notas e nós não conseguíamos construir uma narrativa, pois tudo isso é disputa de narrativa. Vocês se lembrem de que o Getúlio Vargas se matou por causa de denúncias de corrupção em seu governo e até hoje não provaram isso. E se tivesse antes aquele povo todo que foi para as ruas após morte do Getúlio, ele não teria se matado”.
Lula fez uma avaliação positiva dos resultados das eleições municipais para o PT, apesar de o partido não ter ganho tudo o que queria.
“A gente precisava usar os meios de comunicação para nos defender. Essa era a ideia dentro da estratégia de se lançar candidatos em todas as cidades que tem rádio e televisão, para além de falar da nossa campanha defender a nossa inocência e a honra do PT. Eu estou feliz com os resultados das eleições. Não ganhamos tudo o que a gente queria, ganhamos onde foi possível, mas estamos vivos para lutar porque nós não temos tempo para descansar”, argumentou.
Para o ex-presidente, em recado às prefeitas, prefeitos e vices participantes da Conferência Nacional, as eleições de 2022 começam agora e afirmou que eles não terão trégua nem para pensar, pois ainda terão o desafio de administrar suas cidades em um momento de crise econômica e sanitária.
Ele também aconselhou os novos gestores/as petistas a ouvirem sempre o povo, principalmente quando houver um problema que envolva a administração municipal.
“Eu quero dar um recado a vocês: na hora em que tiver problema vão para a rua conversar com o povo, para se defender, para falar o que foi feito. É preciso saber por que as pessoas estão bravas com a sua administração. Porque essa é a diferença de um partido como o PT, que só tem razão para chegar ao poder porque quer fazer as coisas para o povo. Nós não queremos benefícios pessoais, o que queremos é fazer com o povo sinta-se realizado por ter votado em cada um de vocês nestas eleições que passaram”, enfatizou o ex-presidente.
Desafios do PT
Ainda durante a abertura da Conferência, conduzida por Joaquim Soriano, titular da SNAI, falaram também a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e os prefeitos eleitos José de Filippi, da Diadema/SP, Chica do PT, da cidade de Carinhanha/BA e o prefeito reeleito de Maricá/RJ, Fabiano Horta.
A presidenta Gleisi também fez uma avaliação positiva do desempenho do PT nas eleições municipais deste ano e rebateu as avaliações políticas que anunciaram a “morte do PT”.
“Após o resultado das eleições, as avaliações na grande mídia foram de que o PT teria sido derrotado porque fez menos prefeituras do que em 2016 – que foi um ano muito difícil para nós – e que isso colocaria o PT numa situação ruim. Mas não podemos dissociar este resultado da realidade que nós vivemos. É verdade que a nossa expectativa era de eleger mais prefeitas e prefeitos, trabalhamos muito para isso, vocês acompanharam o esforço de todas as instâncias partidárias no sentido de oferecer condições para as campanhas através do fundo eleitoral, que parece bastante, mas quando vamos fazer as campanhas neste país imenso acaba não sendo muito. Então, através do fundo, das redes sociais, do Casa 13 nós fizemos um grande esforço”, avaliou ela.
Gleisi destacou aos participantes os avanços conquistados pelo PT nas eleições municipais.
“Se não conseguimos aumentar o número de prefeitos/as e de vereadores/as, nós tivemos um deslocamento de votos para os maiores centros urbanos. O PT também foi o partido que mais levou candidatos para o segundo turno. Se não tivemos o resultado que esperávamos, também não podemos centrar no discurso derrotista que eles tentam nos impor. Nós aumentamos um pouco nossa votação em comparação a 2016, mantivemos nossa votação nos vereadores e vereadoras e fomos o partido que mais elegeu representantes nos Legislativos das cidades com mais de 500 mil habitantes. Isto mostra que o partido resistiu, pois as adversidades para fazermos campanha continuaram, estamos num contexto político de desconstrução do PT, com a grande mídia totalmente contra o partido”.
A presidenta do PT alertou os participantes sobre os próximos desafios do partido em termos de estratégia política e de reorganização para 2021 e 22, além das mudanças pelas quais passam a sociedade brasileira, tanto no mundo do trabalho como no comportamental e social. Além disso, ela lembrou que é preciso enfrentar o desafio fenômeno do voto dos evangélicos.
“Se é verdade que uma parcela da classe média vota contra nós devido a esta questão da corrupção ainda engolfada por tudo que foi construído e que nós temos continuar desconstruindo, uma boa parte vota contra nós pelo discurso moralista, através do discurso religioso pelos evangélicos. Nós também temos que rebater e enfrentar, não aderindo à pauta conservadora, mas intervindo e denunciando o envolvimento da religião com a política, o envolvimento desses pastores com a compra de voto, conversando com esta comunidade, mostrando o que as nossas administrações fazem em prol da população”.
A Conferência Nacional de Prefeitas, Prefeitos e Vices do PT acontecerá até o próximo sábado, por meio da plataforma digital Zoom, com as mesas de debates sempre das 10 às 13 horas, com a participação de lideranças nacionais e de representantes das gestoras e gestores eleitos pelo partido em 2020.
Da Redação