Lula, sobre genocídio na Faixa de Gaza: “O que vemos é vingança”
“A morte de 9 dos 10 filhos da médica palestina, Alaa Al-Najjar, como consequência de ataque aéreo do governo de Israel na faixa de Gaza no sábado (24) é mais um ato vergonhoso e covarde”, afirmou o presidente
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O presidente Lula fez um repúdio veemente à sequência de ataques de Israel contra a Faixa de Gaza no final de semana. “O que vemos em Gaza hoje é vingança. O único objetivo da atual fase desse genocídio é privar os palestinos das condições mínimas de vida com vistas a expulsá-los de seu legítimo território”, sentenciou o presidente, ao novamente qualificar os atos como genocídio.
“A morte de 9 dos 10 filhos da médica palestina, Alaa Al-Najjar, como consequência de ataque aéreo do governo de Israel na faixa de Gaza no sábado (24) é mais um ato vergonhoso e covarde”, classificou.
O episódio, segundo o presidente brasileiro, simboliza a crueldade e desumanidade de um conflito que opõe um estado fortemente armado contra uma população civil indefesa, que vitima diariamente mulheres e crianças inocentes. “Já não se trata de direito de defesa, combater o terrorismo ou buscar a libertação dos reféns em poder do Hamas”, finalizou a nota postada na rede social X na noite deste domingo (25).
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Na sexta-feira (23) um bombardeio matou nove dos 10 filhos de um casal de médicos de um hospital local, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. As crianças mortas tinham entre sete meses e 12 anos. No dia seguinte, reportagem da Associated Press (AP) denunciou que soldados de Israel têm feito palestinos de escudos humanos na região, ato considerado crime de guerra segundo a Convenção de Genebra e proibida por uma decisão judicial da própria Justiça israelense.
Coalizão para ajudar Gaza
Na linha do que sempre defendeu o presidente Lula, o governo brasileiro participou neste domingo de encontro com 19 países em Madri, na Espanha, onde foram discutidas medidas para ajudar a Faixa de Gaza e de pressão para Israel por fim aos ataques.
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Além da possibilidade de impor sanções a Israel, o grupo debateu a viabilização da chamada solução de dois Estados, um palestino e outro israelense e também questões relativas à preparação para a Conferência sobre a questão Palestina de 17 a 20 de junho, em Nova York. O Brasil vai coordenar um dos grupos de trabalho da cúpula da ONU sobre a Palestina.
O encontro foi promovido pelo governo da Espanha e estavam presentes chanceleres de 20 países, entre eles Alemanha, Portugal, Reino Unido, Irlanda, Turquia, Itália, Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Catar, Bahrein e Marrocos.
“Ninguém poderá alegar desconhecimento sobre as atrocidades em curso, transmitidas diariamente ao vivo pelos meios de comunicação. Nenhum interesse nacional, nenhuma consideração de política doméstica justificam o silêncio diante de crimes que erodem os alicerces do ordenamento jurídico internacional”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que sempre criticou a inércia mundial perante o massacre da população de Gaza.
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Presidente chamou ataques de genocídio em 2023
O presidente Lula vem classificando os ataques de Israel como genocídio desde 25 de outubro de 2023, dia em que ele usou pela primeira vez o termo “genocídio” para classificar os ataques de Israel contra Gaza, aumentando o tom do discurso contra a reação desproporcional de Israel em relação aos ataques do Hamas.
Em um café da manhã com jornalistas que cobrem a Presidência da República no Palácio do Planalto no dia 27 de outubro de 2023, Lula endureceu novamente o discurso ao afirmar que o objetivo do primeiro-ministro de Israel seria “acabar com a Faixa de Gaza”.
Dia 14 de novembro de 2023, ao receber em Brasília a primeira leva de cidadãos brasileiros repatriados, Lula endureceu a fala contra Israel “Não estão matando soldados, estão matando crianças’, disse o presidente.
Em 14 de julho de 2024 Lula criticou o governo de Israel por novo ataque à Faixa de Gaza e pediu que líderes políticos mundiais não se calem diante do “massacre interminável”.
Durante conversa com jornalistas em Moscou na Rússia dia 10 de maio de 2025, Lula disse que “na Faixa de Gaza é um genocídio de um exército muito bem preparado contra mulheres e crianças a pretexto de matar terroristas. Já houve caso de explodirem um hospital e não ter um terrorista, só mulher e criança”, disse.
Mais recentemente, dia 13 de maio de na China, o presidente condenou, mais uma vez, a violência promovida por Israel contra, sobretudo, mulheres e crianças palestinas, um sinal claro de limpeza étnica. Em entrevista em Pequim, Lula repetiu a palavra “genocídio” e foi aplaudido.
Da Redação, com Agência Brasil e Brasil de Fato