Maior favela de SP reacende ‘Marcha da Panela Vazia’ contra fome e Bolsonaro

“Queremos uma política de inclusão social, e não um programa que acabe depois da eleição ano que vem”, diz Antonia Alves, presidente da Unas, associação de Heliópolis, onde ocorreu o ato, nesta quarta (24)

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Moradores caminharam pelas ruas de Heliópolis entoando palavras de ordem contra Bolsonaro e por comida no prato

Diante do caos econômico, da carestia, do desemprego, da miséria e da fome que são a marca da gestão Bolsonaro, a maior favela de São Paulo, Heliópolis, trouxe de volta, em protesto, a Marcha da Panela Vazia, na noite desta quarta-feira (25). Munidos de panelas, velas e faixas, moradores da região iniciaram o ato na rua da Mina para, em seguida, caminhar pelas ruas da favela, entoando palavras de ordem contra o governo e por comida no prato. O ato foi organizado por movimentos locais como a União de Núcleos e Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (Unas) e Associação Nova Heliópolis (Associação dos Moradores de Heliópolis e Ipiranga). O protesto foi encerrado na Igreja Santa Edwiges em um ato ecumênico.

Quem tem fome tem pressa”, clamou a presidente da Unas, Antonia Cleide Alves. “E queremos uma política de inclusão social, e não um programa que acabe depois da eleição ano que vem”, afirmou, em crítica direta ao Auxílio Brasil, o programa de Bolsonaro criado para destruir as políticas integradas de inclusão do Bolsa Família e tentar salvar sua reeleição.

“Esta Marcha da Panela Vazia aqui em Heliópolis pode ser o início de uma modalidade interessante de mobilização a partir das periferias”, declarou o diretor da Associação Nova Heliópolis, Raimundo Bomfim, à Rede Brasil Atual. Bomfim também é coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) e integrante da Campanha Fora Bolsonaro, que reúne entidades que organizam os atos antirracistas e contra a fome e o governo desde os protestos de maio.

“Queremos motivar atos como esse nas periferias, onde a fome pesa mais do que nas regiões de classe média”, apontou Bonfim. “Porque são muito importantes os grandes atos nas regiões centrais das capitais e cidades médias. Mas tem uma ansiedade das periferias de também protagonizar as mobilizações locais. Fomos muito bem recebidos em todo o trajeto da marcha. Então, foi muito emocionante”, relatou o coordenador.

No Brasil de Bolsonaro, 19 milhões de brasileiros sofrem de insegurança alimentar grave – Foto: Elineudo Meira

PT de SP realiza ‘Marcha’ neste sábado

Neste sábado (27), o Diretório Zonal do PT Saúde de São Paulo realizará a 1° Marcha da Panela Vazia na capital. No protesto, que terá início 13h30, na Praça da Igreja Santa Ângela na Vila Morais, também serão arrecadados alimentos para distribuição aos moradores da região. Segundo Ana Lúcia, presidente do Diretório Zonal, o protesto servirá de plataforma de diálogo com a população e de denúncia do governo genocida de Bolsonaro.

“Nosso país voltou ao Mapa da Fome, são 50 milhões de brasileiros que de fato não têm o que colocar na panela. A inflação aumentou, os preços dos alimentos estão pela hora da morte”, criticou Lúcia.

“É insuportável a situação dos mais pobres no nosso país, que hoje precisam comprar carcaça para apenas sentir o cheiro da carne, uma situação absolutamente indigna”, afirmou a dirigente.

A volta da fome

De acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, 19 milhões de brasileiros sofrem por insegurança alimentar grave, enquanto mais da metade da população – cerca de 112 milhões – passa por algum tipo de privação quando se trata de segurança alimentar.

“O país vive hoje um aumento assustador da pobreza, da miséria e da fome, num quadro de crise econômica, desemprego, inflação e alta no preço dos alimentos, dentre outros”, lamentou o ex-ministro doDesenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, em artigo para o PT Nacional.

“Cenas recentes, como as de pessoas catando ossos e pedaços descartáveis de carnes nos supermercados, são a face mais dramática dessa situação que atinge muitos brasileiros, em diferentes medidas”, escreveu Ananias.

Da Redação, com Rede Brasil Atual e Folha de S. Paulo

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