Maíra do MST: a luta pela reforma agrária é também dos grandes centros urbanos

Ao Café PT, a jovem vereadora petista da Câmara do Rio de Janeiro narra a experiência de ter presidido a sessão durante a decisão do STF que tornaram réus Bolsonaro e seus aliados e sobre o MST e o Abril Vermelho

Reprodução/Vídeo TvPT

Vereadora Maíra do MST durante entrevista ao programa Café PT desta segunda-feira (7)

O programa Café PT, exibido nesta segunda-feira (7) pela TvPT, trouxe como entrevistada a vereadora Maíra do MST, do PT do Rio de Janeiro. Com apenas 29 anos, a jovem petista é a primeira representante do Movimento dos Sem Terra no Legislativo Municipal da capital fluminense.

A parlamentar destaca na entrevista a participação histórica na presidência da sessão da Câmara Municipal do Rio de Janeiro justamente no dia em que a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia contra Jair Bolsonaro e tornou o ex-presidente réu pela tentativa de golpe de Estado.

Ela explica que durante o mês de março, Mês da Mulher, houve um revezamento na presidência da casa entre as 10 mulheres representantes, e coube a ela presidir a sessão exatamente no dia da decisão do STF a respeito dos envolvidos nos atos golpistas, inclusive o ex-presidente.

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“A gente ainda estava ali na conjuntura do mês de março, então aqui na Câmara e outras casas legislativas também, desde que a gente começou a ter todo um debate em torno da importância das mulheres na política, do 8 de março como uma data que marque a representatividade das mulheres nos espaços de poder, as casas legislativas se sensibilizaram também com a luta de muitas parlamentares e começaram a abrir esse espaço para o conjunto das vereadoras para que elas tivessem a oportunidade de presidir uma sessão. Nesse final de março nós nos revezamos, entre as 10 vereadoras que ocupam hoje a Câmara Municipal. E eu, eu estive nesse dia, foi o dia que selecionamos para mim e que, curiosamente, não foi pensado para fazer essa contraposição política”.

Assista a íntegra do programa Café PT com entrevista da vereadora Maíra do MST, exibida nesta segunda-feira (7)

Maíra do MST cita a importância histórica do acolhimento da denúncia contra Bolsonaro e seus aliados e de como isso influenciou a sua fala durante a presidência da sessão parlamentar.

“A importância histórica para a democracia, da gente ter um golpista pela primeira vez na história do país sentado no banco dos réus, enquanto muitas outras pessoas que sofreram, por exemplo, o golpe durante a ditadura militar tiveram parentes, familiares perseguidos, estavam assistindo ao julgamento, então eu falei sobre isso, sobre a importância do dia, da democracia, não mencionei nenhum dos meus colegas parlamentares de casa, por entender inclusive que esse não era o central, assim, eu estava querendo realmente fazer o enfrentamento às ideias da extrema direita e é essa, essa sensação antidemocrática que esse setor acha que pode imputar no Brasil”, esclarece.

Mas, ela conta na entrevista que devido a isso foi alvo de ataques diretos por parte de alguns colegas vereadores.

“Esses colegas se sentiram muito afetados, eles estavam nitidamente desestabilizados. E aí eles vieram para cima de maneira muito pessoal e os ataques eram muito diretos a mim, mesmo eu sentada na cadeira. Os ataques, a forma do ataque, ela sempre estava voltada para mim, ainda que muitos parlamentares estivessem, por exemplo, lá na sala ou via remota. O ataque ele foi direcionado a a minha pessoa. Então, foi um dia de múltiplas facetas, mas que acredito que foi também cheio de simbolismo. Afinal não é pequeno você ter uma primeira representação do MST numa capital como Rio de Janeiro, na capital que nasceu o bolsonarismo e nesse dia que ele estava sentado no banco dos réus, e essa representação está sentada na presidência da sessão da casa”, enfatiza a vereadora.

A luta pela terra e a reforma agrária

Maíra aborda na entrevista ao Café PT a experiência de representar o MST em uma instituição do poder legislativo.

“Primeiro é uma honra, mas principalmente uma responsabilidade. Quer dizer, eu tenho 29 anos, vou fazer 30, então quando eu nasci o MST já existia e já existia a necessidade de luta pela reforma agrária e foi isso que me levou para o movimento. E eu não sou uma militante que veio do campo, mas eu vim sobretudo dessa reflexão e da vontade de me engajar e contribuir com as pautas relacionadas ao combate à fome e pela reforma agrária nos grandes centros urbanos, que também foi um movimento político que o MST optou por fazer. Então para mim é uma responsabilidade muito grande, a de fazer de fato, como eu gosto de dizer, ecoar no coração da segunda maior capital do Brasil a luta pela reforma agrária”, declara.

E ela complementa: “Poder representar esses projetos que se convergem e que miram um projeto de sociedade justa e igualitária, é de fato o que me faz acordar todos os dias e encarar de peito aberto essa extrema direita que existe aqui no Rio de Janeiro de forma bastante preponderante”.

Ela comenta também a comemoração dos 40 anos da criação do Movimento dos Sem Terra no dia 17 de abril e a realização do Abril Vermelho em 2025.

“O mês de abril é um mês muito importante para a luta sem terra. No dia 17 de abril é o dia que completa os 40 anos e na verdade, a gente rememora o massacre do Eldorado de Carajás, que matou muitos trabalhadores sem terra pelas mãos do Estado, um momento de história para nossa militância. Para o Brasil foi um momento em que grande parte dos olhos do mundo se voltaram para o MST, que a base artística olhou para aquilo que estava acontecendo. Esse mês de abril nós chamamos de Abril Vermelho. A ideia é que a gente possa inclusive usar dessa simbologia para fazer uma ocupação política aqui na Câmara, trazendo as nossas simbologias para poder demonstrar que a luta pela reforma agrária é de todo Brasil e, sobretudo, dos centros urbanos”.

Da Redação

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