MST estreia Marcha Lula Livre com três atos políticos

Organizada em três colunas, os trabalhadores e trabalhadoras irão percorrer 50 quilômetros rumo à Brasília; eventos reuniram cerca de 5 mil pessoas

MST

Na tarde desta sexta-feira (10), os três atos de lançamento da Marcha Nacional Lula Livre reuniram as cerca de 5 mil trabalhadoras e trabalhadores que saíram das cinco regiões do país. Organizada em três colunas, Ligas Camponesas, Tereza de Benguela e Prestes, as fileiras irão percorrer 50 quilômetros rumo à Brasília e se somam à mobilização convocada para registro da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. Lula é preso político há mais de 120 dias, na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR).

Segundo Luiz Roberto, da direção estadual do MST em Rondônia,  a luta dos próximos dias é pela retomada da democracia e contra as ilegalidades jurídicas e legislativas que permeiam o país. O dirigente afirma que exigir Lula Livre é impedir a ampliação do golpe que atua contra a classe trabalhadora.

“Nós queremos construir um Brasil diferente e por isso marchamos por um projeto popular para o país. A classe trabalhadora é a única capaz de mudar essa realidade. A reforma que nós queremos só pode ser popular”, conclui.

Coluna Ligas Camponesas 

Ato de inicial da Coluna Ligas Camponesas em Formosa (GO)

Uma das três colunas da Marcha Lula Livre, homenageia luta dos povos pela democratização da terra. O ato político e cultural que reuniu quase 2 mil pessoas na Praça da Prefeitura, em Formosa, Goiás, deu a largada na caminhada de mais de 50 quilômetros que farão até Brasília.

“Quem marcha nunca esquece o que vê. Do pó das marchas sobe um letreiro escrito com os pés, que os governantes e os latifundiários sabem reconhecer: lá vem a sede por justiça!”, afirmaram integrantes da Juventude do MST em jogral durante o ato de abertura da marcha.

Após a mística e as apresentações de Fernandinho, do MST de Pernambuco, e de Lindomar, do Ceará, que apresentou um repente, a multidão ouviu em silêncio respeitoso uma gravação de um trecho do discurso de Lula em São Bernardo do Campo (SP) em 07 de abril deste ano, o último antes de apresentar-se à Polícia Federal para cumprir a ordem de prisão do juiz de primeira instância Sérgio Moro.

“Lula disse: ‘eu vou andar pelas pernas de vocês, e falar pelas vozes de vocês’. É isso o que está acontecendo aqui”, afirmou o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), que participou do ato em Formosa. “Se o Brasil nunca precisou tanto do Lula como agora, o Lula nunca precisou tanto de vocês como hoje. É o Brasil inteiro que marcha a Brasília a partir de hoje”, completou.

A dirigente do MST Lucineia Duraes, em discurso emocionado, lembrou que esta sexta-feira (10), também foi o Dia do Basta, convocado por movimentos populares e sindicais em todo o país para protestar contra a retirada de direitos e precarização do Estado promovidos pelo governo ilegítimo de Michel Temer (MDB), empossado após um golpe de estado em 2016.

“Hoje e sempre, nossa tarefa é ir a todos os cantos do campo e da cidade para defender diversas liberdades, inclusive a liberdade de ter esperança. A prisão de Lula é a prisão da nossa esperança de um Brasil melhor, é a prisão dos nossos direitos”, pontuou.

Entre as 17h e as 19h, o ato contou com a participação dos militantes sem-terra, mas seguiu noite afora no centro de Formosa. O coletivo Vivarte, que reúne artistas independentes da região, organizou diversas apresentações especiais para animar à população e despertar consciência política. “A arte humaniza as pessoas, apresenta para elas dimensões mais amplas. Por isso, depois do golpe, foi como se a cultura fosse até demonizada, perseguida. E isso tornou a sociedade mais intolerante e violenta. Por meio da arte, podemos mudar isso”, conta Helena Ribeiro, uma das coordenadoras do coletivo.

Coluna Prestes 

Coluna Prestes organiza as regiões Sul e Sudeste na Marcha Nacional Lula Livre

Nessa coluna organiza as regiões Sul e Sudeste e reúne acampados e assentados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. São cerca de 2 mil marchantes que no ato de abertura relembraram momentos de outras marchas nacionais.

No simbólico da marcha, está a repetição da ideia de marchar, que faz parte do simbólico do MST desde a sua fundação. “Marchar é ter ponto de partida e de chegada, e também defender um projeto”, afirma Damasceno, do MST do Paraná.

Conhecido como cavaleiro da esperança,  Luiz Carlos Prestes foi o comandante da Coluna Prestes, movimento político realizado entre 1924 e 1927 contra o coronelismo brasileiro.

“Resgatamos o nome  ‘Coluna Prestes’ porque foi uma marcha de mais de dois anos, composta por milhares de pessoas, e que caminhou mais de 25 mil km pelo interior do Brasil, discutindo quais eram os direitos dos trabalhadores”, explica Ester Hoffmann, da coordenação nacional do MST e do estado de Minas Gerais.

“Nessa conjuntura, se faz necessário que resgatemos todas as lutas que já tivemos no Brasil e marchemos novamente. Precisamos resgatar os lutadores do povo, como Luiz Carlos Prestes”, complementa a coordenadora.

Coluna Tereza de Benguela 

Delegações da Amazônia e do Centro-oeste reforçam a marcha na Coluna Tereza de Benguela

As delegações da Amazônia e do Centro-oeste do Brasil que se reúnem em Engenho das Lages (DF), homenageiam a lutadora Tereza de Benguela, liderança quilombola que atuou contra o sistema escravocrata na região do atual estado do Mato Grosso.

Thainá Regina tem 15 anos e vive há onze anos no assentamento Che Guevara, no Mato Grosso do Sul. Ela destaca que o sofrimento e a violência contra a população do campo escancaram a importância da luta pela reforma agrária popular.

“O que me fez apaixonar pelo MST e por sua luta foi ver as injustiças no campo. Com a conjuntura que vivemos hoje, na mídia, na política e na sociedade, estar aqui é mostrar minha luta pelo meu povo e ir contra aquilo que eu vejo todos os dias, na sociedade, na política e na mídia”, pontua.

O ato político de largada da Marcha Nacional Lula Livre na coluna Tereza de Benguela foi marcado por músicas e místicas a respeito da agricultura familiar e da soberania popular na luta pela terra. Também estiveram presentes comunidades indígenas e quilombolas, além de movimentos urbanos de rua.

“Todo mundo tem direito à terra, mas nós estamos pelejando para conseguir um direito básico. Nessa Marcha, os pobres se reúnem para curar suas feridas juntos, porque o rico não cura ferida de ninguém”, afirma Liomar Ferreira, 52, assentado em Formosa (GO).

Por MST.com.br

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