‘Memória e visibilidade’ marcaram a primeira transmissão do fórum Elas Por Elas LBT
Hellen Frida, Rita Quadros e Stéfany Carli debateram sobre os avanços e desafios da organização de mulheres lésbicas dentro e fora do PT
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Ana Clara, Elas Por Elas
Na sexta-feira, 26, teve início o Fórum Elas Por Elas LBT com a transmissão do debate sobre mulheres lésbicas. A primeira transmissão da série contou com a participação de Rita Quadros, feminista e militante LBT, Stefany Carli, vereadora de Cataguases-MG e a mediação de Hellen Frida, assessora de gênero na liderança do PT da Câmara Federal.
Rita Quadros, militante histórica, resgatou a memória da luta LBT dentro do partido e de como a organização reflete os anseios e as contradições do tempo e do contexto que vive. Ela contou sobre o primeiro núcleo LGBT do PT em que havia “meia dúzia” de pessoas e, mesmo assim, cumpriu um papel importante. A sociedade estava saindo de um processo de ditadura e o PT foi o primeiro partido, no pós regime militar, a constituir um núcleo com essas características e profundo enraizamento nos movimentos sociais. E isso se refletia em como a militância se organizava e se ‘enxergava’ dentro da própria organização:
“Ou era do movimento de mulheres, saúde, educação, mas a pessoa não se assumia como gay ou lésbica. A questão trans nem estava inserida nesse contexto. A questão LG já era bem complexa. [Para o núcleo] O apoio veio mais de companheiras heterossexuais do que de companheiros. O segmento LG ficava invisibilizado. E isso tem a ver com o fato de que o PT não foi constituído em Marte, mas dentro do Brasil, com nossas contradições, avanços e retrocessos. Não somos de outro planeta“, afirmou Rita.
De fato, do início dos anos 90 até hoje, a pauta de mulheres lésbicas avançou bastante dentro e fora do partido, principalmente durante os anos de governo Lula e Dilma. A eleição de Stefany Carli, vereadora de Cataguases, interior de Minas Gerais, é um exemplo dessa combinação de luta interna e externa para a visibilidade da pauta de mulheres lésbicas.
Stéfany é a única mulher vereadora na cidade, do total de 15 cadeiras. Ela também faz história em sua região por ser a primeira assumidamente lésbica. A parlamentar compartilhou a experiência de tratar do tema em um município que, apesar de ser conhecido pela produção de cinema e literatura, ainda é bastante conservador.
” Ainda causa surpresa nas pessoas quando eu trago a pauta lésbica de forma tão explícita. É importante que as pessoas enxerguem, nos ambientes e espaços de poder, toda a pluralidade da população brasileira. E que enxergue a representatividade LBT em todos os espaços”, ressaltou a vereadora.
O Fórum Elas Por Elas LBT é uma iniciativa da Secretaria Nacional de Mulheres do PT e da Secretaria Nacional LGBT do PT, o objetivo é a troca de experiências e vivências das mulheres LBT nesse cenário conservador, fascista e neoliberal.