Mercadante: balbúrdia na educação coloca em risco o Enem
Bolsonaro não encara a educação como prioridade estratégica. Um governo que não possui qualquer projeto para a educação, a não ser desmonte e retrocesso
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A demissão do terceiro presidente do Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo Enem, em apenas cinco meses de mandato, reafirma a completa improvisação e falta de compromisso de Bolsonaro com a educação brasileira. Um governo que não possui qualquer projeto para a educação, a não ser desmonte, retrocesso, arrocho orçamentário e obscurantismo ideológico. Este governo não consegue sequer montar uma equipe que consiga trabalhar em paz.
Diferente de nós, Bolsonaro não encara a educação como prioridade estratégica. Com essa nova demissão, somada aos problemas na contratação da gráfica de segurança máxima e aos cortes orçamentários, o governo Bolsonaro está colocando em risco a realização do Enem. Os governos Lula e Dilma transformaram o Enem no grande caminho de oportunidades de acesso à educação superior, especialmente para os mais pobres, com a ampliação das Universidades e Institutos Federais, com a Lei de cotas, o Prouni e o Fies.
O Enem, 2º maior exame de acesso universitário do mundo, é fruto de um amplo esforço do estado brasileiro. É realizado há anos sem qualquer problema pedagógico, de segurança ou logística, muito em razão do qualificado e competente quadro técnico do Inep e ao rigoroso planejamento estratégico que construímos, mas que, agora, está ameaçado pela falta de gestão e comando.
Nos governos do PT, implementamos importantes aprimoramentos no Enem, tais como: melhoria na segurança, pontos de controle, articulação com autoridades de segurança pública e parcerias estratégicas com Ministério da Justiça e Polícia Federal, que permitiram, no passado, a identificação imediata de qualquer tentativa de fraude. Instituímos a impressão das provas em gráficas de segurança máxima, com filmagem, em que cada folha tem um código de barras específico, que são transportadas com escolta armada e em malotes com cadeados eletrônicos que permitem a identificação da hora exata em que foram abertos e o rastreamento dos responsáveis que os abriu.
Ou seja, implementamos procedimentos de segurança, baseados no que há de mais moderno em tecnologia para impedir fraudes, para gerar confiança e tranquilidade para aqueles que participam da prova. Desde a elaboração, até a realização e correção, o Enem possui 11 módulos de segurança e mais de 3,6 mil pontos de controle e mais de 600 mil colaboradores participam do processo.
Na véspera do término das inscrições do Enem deste ano, que já conta com mais de 5 milhões de inscritos, o que os participantes do exame precisam é de tranquilidade, de serenidade e de confiança na realização das provas. O governo precisa assegurar que esse momento tão importante nada vida dessas pessoas transcorra da melhor forma possível.
Infelizmente, não é isso que estamos assistindo no governo Bolsonaro, pelo contrário. A primeira vítima do arrocho orçamentário, improvisações e instabilidade no Inep, foi a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA). O que está em risco agora é o próprio Enem, que precisa de estabilidade e tranquilidade, uma equipe coesa e parceira, profissionalismo e intensa dedicação.
É irresponsável o que está ocorrendo com o Inep e com o Enem. Parem a balbúrdia no MEC e deixem o Brasil estudar em paz.
Aloizio Mercadante, ex-ministro da Educação