Mercadante, sobre Embraer: país perde maior empresa tecnológica

“O governo golpista poderia ter vetado essa desnacionalização. Contudo, preferiu, mais uma vez, submeter-se aos desejos de uma potência estrangeira”

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Avião militar KC-390 produzido pela Embraer

O professor Aloizio Mercadante, que já foi ministro da Educação, da Casa Civil e de Ciência e Tecnologia, reagiu indignado à venda da Embraer por Michel Temer, que usurpou a presidência do Brasil depois de um golpe parlamentar. Na operação, confirmada neste domingo, a Boeing terá 51% da nova empresa que irá incorporar a Embraer.

“Essa venda sinaliza que o golpe fez um realinhamento geoestratégico, que coloca a política defesa do Brasil na órbita dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos. O governo golpista poderia ter vetado essa desnacionalização, com uso da golden share em poder da União. Contudo, preferiu, mais uma vez, submeter-se aos desejos de uma potência estrangeira. Com tal venda, o Brasil perde a sua principal empresa de alta tecnologia”, diz ele.

Mercadante também lembrou a história da Embraer. “Depois da Segunda Guerra, em vez de ampliar as compras da sucata bélica dia EUA, o visionário Brigadeiro Montenegro dedicou-se a construir o sonho de Santos Dumont, de o Brasil desenvolver uma empresa aeronáutica. Contratamos reitor e professores do MIT e começamos a desenvolver o ITA, e mais tarde a Embraer. Assim, a Embraer resultou do trabalho de várias gerações e de idealistas que pensaram grande o Brasil”, afirma.

A venda, diz ele, representa um duro golpe para o Brasil. “É um retrocesso inaceitável, de um governo golpista que está destruindo um projeto de nação e a de inserção soberana do Brasil. Significa abdicar de um projeto de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovações em um setor estratégico. Um imenso retrocesso, mais uma traição contra os grandes sonhos e o trabalho árduo e realizador de muitos competentes e patrióticos profissionais”, afirma.

Do Brasil 247

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