Miguel Nicolelis: corte na Capes é ‘pá de cal’ na ciência brasileira

Orçamento definido pelo golpe pode suspender todas as bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado em 2019. “Dia do Juízo Final foi marcado!”, diz

Pedro Sibahi/Agência PT

Miguel Nicolélis: “Essa é uma resolução histórica. Eu não me lembro, na história do Brasil recente, de uma decisão tão audaciosa, dos governadores, do consórcio“

O neurocientista Miguel Nicolelis criticou nessa quinta-feira (2) os cortes de recursos para o apoio à pesquisa científica, previstos no orçamento de 2019 definido pelo governo Temer, que podem significar a suspensão de todas as bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado a partir de agosto de 2019. Nicolelis diz que se os cortes não forem revistos, podem representar a “última pá de cal” na ciência brasileira.

“Se nada mudar no orçamento do MEC de 2019, jovens cientistas brasileiros não terão bolsas de estudos da CAPES a partir de agosto de 2019! O Dia do Juízo Final da Ciência Brasileira foi marcado!”, afirmou o pesquisador pelo Twitter.

O alerta sobre as consequências do corte de recursos foi dado pela presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) nesta quarta-feira (1º), destacando que cerca de 93 mil pesquisadores podem ter seus estudos paralisados.

O ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro ressaltou a gravidade da situação, já que o aviso foi emitido pelo próprio presidente do Conselho Superior da Capes, Abilio Baeta Neves, nomeado pelo próprio governo Temer. Não se trata, portanto, de uma voz crítica da oposição.

“Não é gente de oposição. É a própria situação dentro da Capes que vê as coisas como insustentáveis. Seria diferente, claro, se fosse um documento da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) – que já fez vários alertas – ou das sociedades científicas. Desta vez, insisto, é o próprio governo que alerta o governo. Ou seja, a situação está muito grave, inclusive para eles virem a público”, analisou o ex-ministro, também por redes sociais. Em nota, o Ministério da Educação (MEC) se esquivou da responsabilidade pelos cortes, atribuída ao Ministério do Planejamento, “que envia os limites para os órgãos do governo federal”. Por meio de sua assessoria, o Ministério Planejamento disse que estabelece os limites orçamentários para cada pasta, mas caberia aos ministérios definir “a distribuição dos recursos entre suas unidades, respeitando suas estratégias de ação”.

“Não podemos desconhecer que o país vive grave crise fiscal. Ela afeta todo o governo, inclusive o Ministério da Educação. Cabe ao Ministro da Educação distribuir os recursos segundo suas prioridades”, declarou o Planejamento.

Está prevista para hoje (3), às 15h, uma reunião dos ministros do Planejamento, Esteves Colnago, e da Educação, Rossieli Soares, para discutir as mudanças no orçamento da Capes em 2019.

Da Rede Brasil Atual ,com informações da Agência Brasil

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