Ministros de Bolsonaro: de caixa 2 confesso a investigado por fraude

Eleito com o discurso contra a corrupção, Bolsonaro agora se cerca de investigados, políticos envolvidos em denúncias e com histórico de defesa de empresários e contra o povo brasileiro

Arte Agência PT

Paulo Guedes, Luiz Mandetta e Onyx Lorenzoni

Jair Bolsonaro disse que pretende ter 15 ministros no seu governo. No domingo (11), o presidente eleito ainda ironizou que “um vai ser homem, o da Defesa, um oficial-general. O resto pode ser tudo mulher, tudo gay, tudo afrodescendente”.  O desprezo dele pelas mulheres, LGBT e negros ficou conhecido ao longo da sua carreira de deputado federal, basta ver o extenso acervo de discursos de ódio espalhado na internet.

O cinismo de Bolsonaro fica evidente quando olhamos para a lista dos ministros já anunciados. Os nomes atendem desde o “toma lá, dá cá” com partidos, passando por figuras do mercado que vão atender os interesses do capital internacional, como o economista Paulo Guedes, até o juiz que tirou o principal adversário da disputa eleitoral em uma condenação sem provas.

Com um pente-fino nos nomes você pode encontrar ainda uma confissão de caixa 2 em eleição e outro sendo investigado, violação ao Código Militar, militância pró-agrotóxicos e contra os direitos de indígenas, quilombolas e pequenos produtores rurais.

Confira a equipe “nem tão benta” de Jair Bolsonaro

Paulo Guedes – o futuro ministro da Economia de Bolsonaro é investigado pelo MPF por fraudes  de até R$ 1 bilhão em negócios de fundos de pensão estatais da Caixa, Petrobras, Banco do Brasil, Correios e BNDES. O depoimento do economista foi adiado do dia 6 de novembro e ele ainda deve comparecer ao MPF. Guedes também é conhecido por ser uma ‘Chicago Boy’, grupo de economistas de ideias ultraliberais que foram aplicadas na ditadura de Pinochet no Chile e arruinaram a economia, o sistema de educação e aposentadorias do país.

Onyx Lorenzoni – braço direito de Bolsonaro, o deputado vai ser o ministro da Casa Civil. Ele será o responsável por fazer a articulação com o Congresso. Lorenzoni ficou conhecido, em 2016, por ser o relator do pacote de medidas de combate à corrupção. É aí que a casa cai. Ainda em 2016, ele pediu a punição para caixa 2, ‘sem desculpinha’, mas um ano depois, confessou ter recebido R$ 100 mil em caixa 2 da empresa JBS, envolvida na Lava Jato, para pagar dívidas da campanha eleitoral de 2014. Na época, Lorenzoni alegou que não tinha como declarar o valor no TSE. Agora, a JBS entregou uma planilha ao MPF que mostra outro repasse de caixa 2 de R$ 100 mil. Será que este ele também vai confessar?

Luiz Henrique Mandetta – o futuro ministro da Saúde de Bolsonaro é investigado por fraude em licitação, tráfico de influência e Caixa 2 na implementação de um sistema de informatização da Secretaria de Saúde de Campo Grande (MS), onde foi secretário. O deputado do DEM teria influenciado a contratação de empresas para o serviço, conhecido como Gisa (Gestão de Informação da Saúde), em troca de favores em campanha eleitoral. Na ação civil pública, o Judiciário do MS mandou bloquear R$ 16 milhões de bens do deputado e dos demais envolvidos

Sérgio Moro – o juiz da Lava Jato aceitou ser ministro da Justiça. Bolsonaro chegou a dizer que Moro parecia “um jovem universitário recebendo seu diploma”. Não é para menos, afinal Moro estava recebendo sua recompensa por ter tirado o principal adversário de Bolsonaro das Eleições 2018, ao condenar Lula sem nenhuma prova. Ao longo de sua perseguição ao ex-presidente, o juiz coleciona arbitrariedades e irregularidades na condução dos processos. Moro já foi apontado, pelo Wikileaks, como um agente dos interesses dos EUA no Pré-sal.

Julian Lemos – é o atual presidente do PSL na Paraíba e coordenou a campanha de Bolsonaro no Nordeste. Lemos integra a equipe de transição do presidente eleito e tem uma ficha-corrida extensa. Ele já foi condenado por estelionato por certidão falsa fornecida pela empresa da qual era sócio, na assinatura de um contrato com a Secretaria de Educação e Cultura da Paraíba, em 2004. Lemos também já foi enquadrado três vezes por violência contra a mulher, na Lei Maria da Penha.

Marcos Pontes – o astronauta Marcos Pontes, futuro ministro da Ciência e Tecnologia, quer emprestar sua transcendência espacial ao governo Bolsonaro, algo como “ao infinito e além”. Se vai dar certo, ninguém sabe, mas Pontes já foi além… do Código Militar. Ao voltar do espaço, Pontes resolveu lucrar com a viagem e exerceu atividade comercial, segundo o Ministério Público Militar, o que é proibido pela legislação. Uma investigação foi aberta, mas a demora de resposta do STF fez a ação prescrever.

Tereza Cristina – a deputada ruralista e presidente da Frente Parlamentar Agropecuária será a ministra da Agricultura de Bolsonaro. Ela concedeu incentivos fiscais ao grupo JBS na mesma época em que arrendava um propriedade em MS aos irmãos Joesley e Wesley Batista para a criação de bois e ocupava o cargo de secretária estadual de Desenvolvimento Agrário e Produção do estado. Cristina é ferrenha defensora dos interesses do agronegócio como o PL dos Agrotóxicos e costuma atacar políticas favoráveis aos povos indígenas, movimentos pela terra e pequenos produtores rurais. Votou a favor da MP da Grilagem e para acabar com o aviso nos alimentos transgênicos.

Roberto Campos Neto – o sonho do 1% mais rico é um Brasil liberal, que adote políticas fiscais e cambiais que favoreçam a elite bancária e rentista. Com Bolsonaro, o país deve ter o governo mais neoliberal desde a redemocratização. Executivo do Banco Santander, Roberto Campos Neto será o presidente do Banco Central e promete radicalizar no conceito de independência do órgão. Ele liderou a tesouraria do Santander, segmento que cuida dos investimentos do próprio banco.

Ernesto Fraga Araújo –  o diplomata é, talvez, o símbolo do anacronismo de um governo que nem começou, mas já promete descontrole. O futuro ministro das Relações Exteriores parece ter saído de uma distopia ficcional tanto que defende o antiglobalismo de Donald Trump e o rechaça valores considerados por ele “decadentes”, como “democracia”, “cooperação”, “tolerância” e o “politicamente correto”. Araújo afirma que o nazismo foi uma experiência socialista e que as preocupações climáticas são estratégias marxistas para favorecer a China.

Roberto Castello Branco – o futuro presidente da Petrobras Roberto Castello Branco é um notório defensor da venda quase irrestrita da estatal. Em artigos publicados entre maio e junho de 2018, ele já defendeu com todas as letras a privatização das atividades referentes ao refino e distribuição, afirmando que a medida seria urgente. Assim como Guedes, Castello Branco tem passagem pela Escola de Chicago, conhecida por formar agentes do neoliberalismo. Não há dúvidas de que sua missão será entregar as riquezas nacionais para o capital privado transnacional.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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