Monica Valente: Tenho muito orgulho de ser uma militante do PT

Para a secretária de Relações Internacionais e membro da Executiva Nacional do PT, o partido elabora e aplica políticas de empoderamento das mulheres

Foto: Paulo Pinto/Agencia PT

A secretária de Relações Internacionais e membro da Executiva Nacional do PT, Moonica Valente, não esconde o orgulho de fazer parte do primeiro partido no Brasil que, desde seus primórdios, colocou a luta das mulheres trabalhadoras como prioridade em seu programa. O PT instituiu, inclusive, a paridade entre homens e mulheres nos espaços de direção durante o 4º congresso partidário.

Essa paridade, destaca Mônica, não se restringe à direção nacional do partido, pois é uma exigência na composição dos diretórios zonais, municipais e também estaduais.

Com isso, mulheres petistas por todo País puderam dar visibilidade às questões das mulheres e às próprias lideranças femininas nos espaços de poder, vivenciando a experiência, os desafios e o crescimento proporcionados pela ocupação dos espaços de poder.

“Além disso, a paridade passou a dar ao coletivo da direção uma cara não somente masculina, mas uma cara plural, da diversidade”, completa Mônica.

A presença feminina na direção do partido também permitiu a existência da mulher no um mundo simbólico da política.

“Hoje, por exemplo, no PT dificilmente você vê alguém falando ‘prezados companheiros’. Todo mundo fala ‘companheiros e companheiras’. Parece uma coisa boba, mas não é. Quando você nomeia alguma coisa, você dá existência real para ela no mundo do simbólico”, explica.

Mônica avalia que a paridade no PT é fruto e reflexo da luta constante das mulheres, e também do próprio Partido dos Trabalhadores, pela ampliação da presença das mulheres nos espaços de poder.

Secretária de Relações Internacionais do PT, Mônica Valente participa do evento Progressive Alliance

E ela dá como exemplo uma experiência pessoal. Atualmente, a petista ocupa a Secretaria Executiva do Foro de São Paulo, articulação de mais de 100 partidos políticos progressistas e de esquerda da América Latina.

“É a primeira vez que tem uma mulher como secretária executiva do Foro de São Paulo. Isso a gente tem que valorizar e ver que é uma luta e uma vitória do Partido dos Trabalhadores, que sempre lutou por essa ampliação das mulheres nos espaços de poder”, ressalta.

Vinda do movimento sindical, Mônica Valente foi presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsaúde-SP) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Para ela, essa trajetória política e militante lhe conferiu uma cidadania política ainda não acessível a todas as mulheres.

“Se não fosse a CUT e o PT, tenho certeza absoluta que eu individualmente, e muitas outras companheiras minhas, não teríamos conseguido acessar essa cidadania política que algumas de nós conseguimos”, diz.

Governos progressistas impulsionam luta

Outro aspecto importante da paridade no PT, na avaliação de Mônica, é a visibilidade às mulheres que ocupam cargos de poder e seu impacto em todas as outras mulheres. Cita como exemplo a presidenta eleita Dilma Rousseff.

“Na eleição de 2010, a presidenta Dilma conta que uma menina de uns oito anos a viu no aeroporto e perguntou à mãe se mulher poderia ser presidente. Isso tem um efeito emblemático simbólico importante”, conta a petista.

Além da presidenta Dilma, a secretária de Relações Internacionais do PT destaca como exemplos exitosos as outras duas mulheres presidentas na América Latina, todas do campo da esquerda progressista.

“Temos ainda a presidenta no Chile, Michelle Bachelet, mas tivemos Dilma Rousseff no Brasil e Cristina Kirchner na Argentina. E hoje a vice-presidenta da Nicarágua é uma mulher, a companheira Rosário Murillo, que é uma histórica militante da luta contra a ditadura somozista”.

Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia oficial de chegada da Presidenta da República do Chile, Michelle Bachelet

E, na última década, os governos de esquerda progressistas na América Latina contribuíram para o empoderamento e a maior participação das mulheres na política, ao estabelecer políticas públicas que contemplavam reivindicações históricas das mulheres nos movimentos sociais.

Para Mônica, isso possibilitou um salto de qualidade na luta das mulheres, já que elas puderam ver suas demandas sendo implantadas e suas conquistas sendo garantidas por esses governos progressistas.

“Isso na América Latina aconteceu de fato, é real. É fruto desses governos que implantaram essas políticas, mas também é fruto da luta social e de mulheres ocupando cargos de poder nos governos”, destaca.

Mesmo com todos os avanços, ela sabe que ainda há um longo caminho pela frente para acabar com a cultura machista, inclusive dentro do PT.

“É lógico que também há machismo dentro do PT, porque o partido está inserido na sociedade brasileira, então também reproduz essa e outras tantas contradições da sociedade. Mas o que temos de vantagem no PT é essa luta histórica contra a opressão e a exploração dos trabalhadores, e também contra a opressão e a exploração das mulheres”, aponta.

Golpistas ameaçam conquistas das mulheres

Outro motivo de orgulho em ser uma mulher petista está no fato do PT, ao longo de toda a sua história, sempre elaborar políticas para as mulheres, seja no parlamento, no Executivo ou até na política de base dentro do partido e dos movimentos sociais.

A elaboração de políticas no Executivo foi visível, segundo Mônica, desde as primeiras experiências nos governos municipais petistas e também no âmbito federal nos 13 anos de governos do PT. “Valorizaram as mulheres, valorizaram os direitos sociais, ampliaram os espaços de participação das mulheres, garantiram a Lei Maria da Penha, entre outros”

Mas essas conquistas estão hoje completamente ameaçadas pelo governo golpista de Michel Temer. A dirigente da executiva Nacional do PT destaca os retrocessos e a retirada de direitos com o desmonte da Previdência e com o já aprovado teto dos gastos, que atingem as mulheres de “maneira mais perversa”.

“Aposentadoria Fica. Temer Sai”, falavam as mulheres

“Interditar o futuro de gerações e gerações do ponto de vista da educação, da saúde e dos direitos sociais, nesse momento vai afetar muito mais fortemente a mulher trabalhadora. A Previdência é a mesma coisa. Nós mulheres temos duplas e triplas jornadas de trabalho. É justo e legítimo que nós nos aposentemos mais cedo. E querem acabar com esse direito das mulheres na reforma da Previdência”, fala.

Exemplo de mulher do PT

Ao falar de mulher militante do PT, Mônica Valente não se esquece da companheira Marisa Letícia, “nossa querida Marisa”.

Mônica destaca que Dona Marisa, falecida, aos 66 anos, no dia 3 de fevereiro deste ano, foi muito mais que apenas apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Antes de qualquer coisa, ela era uma militante do PT. E não foi só apoio do presidente Lula, mas tiveram uma trajetória conjunta, ombro a ombro com ele, como uma verdadeira mulher militante do PT, guerreira”, garante.

Passeata em apoio aos sindicalistas presos em 1980 . As mulheres dos dirigentes sindicais seguiram juntas, de braços dados, na linha de frente da caminhada

Por isso, a secretária do PT reforça que nada mais emblemático que prestar uma justa homenagem à militante Dona Marisa.

“Aquela história que ela costurou a bandeira do PT, é verdade. Marisa tem a ver com a história do PT, como ela dizia: ‘nasceu lá na minha cozinha, uma reunião de pessoas e depois foi juntando mais gente e eu que fiz a bandeira’. Isso é muito simbólico”, finaliza.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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