MST comemora 30 anos de luta na Bahia
Comemorações começaram no dia 7 de setembro, com o sentimento de luta e a “mística revolucionária” apontada nas canções e gritos de ordem
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Ao construir os passos dados por cada trabalhador Sem Terra durante a primeira ocupação realizada pelo MST no estado da Bahia, uma grande marcha dentro do Assentamento 40 45, município de Alcobaça, fruto dessa luta, deu início às comemorações dos 30 anos do Movimento na quinta-feira (7).
Com mudas nas mãos, olhares atentos e passos vagarosos em direção ao local exato onde a primeira foice cortou o arame farpado, na madrugada do dia 07 de setembro de 1987, a simbologia da luta foi reconstruída.
“Nos comprometemos a permanecer em movimento contra a exploração, o agronegócio e o capital”, enfatizavam os marchantes, ao apontar a importância da construção coletiva de mais 30 anos de luta em defesa da Reforma Agrária.
A comemoração tem o objetivo de reunir e celebrar as conquistas que o MST tem protagonizado através do enfrentamento permanente, organização e formação.
José Mendes da Mota, da direção estadual do MST, participou da ocupação que construiu o 40 45 e relata as dificuldades vividas no acampamento e por outro lado, fala da resistência coletiva.
"Quando os trabalhadores do campo se uniram, ergueram as mãos e entoaram o hino e gritaram forte nõs vamos lutar. Vida longa ao MST, mais 30 anos de MST!"Confira o videoclipe realizado pelo coletivo de comunicação e juventude do MST na Bahia!Letra e Música: Raumi Souza – Contribuição: O Bicho da Brenha
Publicado por MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra em Sexta, 8 de setembro de 2017
“A criação do MST se deu com o apoio de sindicatos e de comunidades que se organizam dentro da igreja católica, e isso tem nos ajudado na realização da primeira ocupação no estado. No início passamos muitas dificuldades. Morar debaixo da lona preta não foi fácil. Outro fator foi o território e a distância que tínhamos que percorrer até cidade para comprar alimentação e garantir água potável”.
“Hoje ao comemorar esse marco político, estamos mostrando a superação coletiva de diversas dificuldades estruturais e celebrando os frutos dessa luta que é nossa militância, nossa produção, nossas escolas e muito mais”, explica Mota.
Conquistas
Ao longo desses 30 anos na Bahia, o MST possui 20.467 famílias acampadas, distribuídas em 218 acampamentos, e 10.397 famílias assentadas em 146 assentamentos.
Além disso, tem realizado diversos acampamentos e cursos de formação com as Mulheres e a Juventude; construído veículos de comunicação populares e livres; desenvolvido mecanismos de cooperação e agroindústria; fomentado a realização de feiras em todo estado; consolidado a pauta da agroecologia no bojo das lutas; criado escolas no campo e defendido uma educação digna e popular; entrado nas universidades públicas e formado pedagogos, agrônomos, advogados, jornalistas, professores, técnicos em saúde, em cooperação agrícola; ocupado o latifúndio improdutivo e denunciado as contradições do capital.
Ato de abertura
Foi com o sentimento de luta e a “mística revolucionária” apontada nas canções e gritos de ordem que foi oficializado o início das comemorações.
Fabya Reis, secretária de promoção da igualdade racial e militante Sem Terra, falou da organização e da luta como instrumentos fundamentais para construir melhores condições de vida.
Nesse sentido, João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, destacou elementos da história, com foco no protagonismo nordestino para construção do Movimento a nível nacional. “É desse ponto do nordeste que saí quadros políticos, formulações e muitas lutas contra o agronegócio”, enfatizou.
O Secretário Nacional de Movimentos Populares do PT, Ivan Alex Lima, representou a Executiva Nacional do partido no ato de abertura do encontro em comemoração aos 30 anos do MST na Bahia. Além de Ivan e de João Paulo Rodrigues, o deputado federal Valmir Assunção, que é do movimento, também participou do ato.
“O movimento dá sinais claros de como ser aliado de nosso projeto e cumprir seu papel de reivindicação e organização dos camponeses que luta pela reforma agrária” disse o secretário.
Programação
As atividades das comemorações seguem até domingo (10), na Praça José Berilo de Carvalho, antigo Rotary Club, centro de Itamaraju. Diversas atrações culturais, com artistas regionais, estaduais e nacionais, estão previstas para os quatro dias de festas, além de mesas de debate e a realização de uma Feira Estadual da Reforma Agrária.
Artistas como Adelmario Coelho, Gerri Cunha, Flávio José, Ilê Aiyê, Targino Gondim, Banda Levante e Wilson Aragão já confirmaram presença no evento, que reunirá mais de 1,2 mil trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra de dez regiões da Bahia.