“Não haverá justiça climática sem justiça de gênero”, defende Anne Moura em agenda na COP30
Na atividade do “Elas Pelo Clima”, liderança do PT entregou à Presidência da COP carta de representantes de partidos políticos com sugestões para ampliar a participação feminina nas decisões sobre o clima
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A secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Moura, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e a deputada Dandara Tonantzin (PT-MG) participaram terça-feira (11) do painel “Elas Pelo Clima: Juventudes e Mulheres de Partidos Políticos por Justiça Climática”. O debate faz parte da programação de encontros da COP30.
Organizada pelo Instituto Alziras, com apoio do Ministério das Mulheres, e em parceria do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos – coordenado por Anne -, uma atividade de ontem foi o fechamento do processo de escuta realizado em nove capitais brasileiras ao longo de 2025, que abrangeu todos os biomas brasileiros.
Durante o debate realizado em Belém, além de terem sido apresentados dados do Ciclo de Fortalecimento sobre Equidade de Gênero e Raça nos Partidos Políticos e de Promoção da Liderança Feminina nos Debates sobre Justiça Climática, houve também a entrega da “Carta Aberta das Mulheres de Partidos Políticos para a Presidência da COP30”, à coordenadora de Mobilização da Presidência da COP30, Luciana Abade. O documento contém apontamentos de que os representantes dos partidos políticos consideram necessário para que haja maior participação feminina nas decisões sobre o clima.
“Estamos aqui para entregar a carta de um compilado que a gente fez, do Elas pelo Clima, em parceria com o Instituto Alziras, e do Ministério das Mulheres, em parceria com o Fórum de Mulheres de Instâncias de Partido Político. Agradecemos a todas as mulheres dirigentes que participaram desta construção e que também colaboraram com a produção desse documento”, explicou Anne.
Na avaliação da liderança do PT, é urgente incluir as dimensões de gênero, raça e classe na elaboração das políticas para haver a construção da agenda de justiça climática . “As políticas públicas são meio para tudo que a gente precisa apresentar para mudar a sociedade, por meio de uma outra perspectiva. Por isso, no ano em que a gente tem o olhar para a Amazônia, que a gente traz COP para cá, nós não pensamos em deixar de debater a questão central do clima, colocando-nos como protagonistas das mulheres”, argumentou Anne.
Documento é a síntese de uma agenda pluripartidária
“Essa carta sintetiza nossas contribuições para o mutirão da COP30 no Brasil e nasce da profunda compreensão de que as mudanças climáticas não são apenas um desafio ambiental, mas também social, econômico e de gênero — e que as mulheres, especialmente aquelas que vivem em territórios vulneráveis, estão na linha de frente tanto dos impactos quanto das soluções. São elas que lidam diariamente com a deficiência de água, a insegurança e os efeitos econômicos dos desastres alimentares. Portanto, nós, do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres Partido de mulheres, reafirmamos que não justiça climática sem a ampliação da participação política das mulheres”, diz trecho do documento.
Eles ainda pontuaram no documento que é necessário ampliar e fortalecer a presença de mulheres nas delegações das Conferências das Partes e Organismos Internacionais, em posições de voz e decisão. Garantir formação política continuada, o combate à violência política de gênero e o apoio a candidaturas femininas comprometidas com a pauta climática são estratégias fundamentais para que as ações voltadas para a mitigação climática emerjam de elaborações coletivas concretas e conectadas com a realidade social, econômica e política dos territórios.
Ainda durante sua fala, Anne defendeu que as mulheres estão no centro das soluções climáticas. A manauara destacou que são elas que, nos territórios, reinventam a economia, preservam a biodiversidade e mantêm vivas as comunidades diante dos desafios climáticos.
“Portanto, não haverá justiça climática sem justiça de gênero; não haverá preservação dos biomas sem participação das mulheres; e não haverá futuro sustentável sem a ampliação do poder político feminino”.
Agendas estaduais preparatórias
De acordo com o MMulheres, foram destinados R$ 521 mil para a formação de novas lideranças políticas, em oficinas participativas de capacitação, resultando em mais de 300 mulheres formadas em oficinas participativas.
As atividades estaduais do Elas pelo Clima passaram por Manaus, Brasília, Belém, Fortaleza, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Porto Alegre, e reuniram mulheres de diferentes partidos, gerações e territórios — agricultores, lideranças comunitárias, ativistas, cientistas e gestoras públicas — todas comprometidas em construir um futuro mais justo e sustentável.
Os encontros estaduais foram fundamentais para fortalecer a unidade das mulheres de partidos políticos, incentivar a liderança feminina e ampliar o debate sobre justiça climática rumo à COP30. Sempre com o objetivo de discutir a necessidade das legendas se comprometerem com uma agenda climática que priorize a perspectiva das mulheres e seja antirracista.
Da Redação do Elas por Elas, com informações do Instituto Alziras
