Nilto Tatto defende debate profundo sobre o clima no 2º turno das eleições

“O programa da Maria do Rosário é o que melhor enfrenta aquilo que o outro candidato negacionista defende”, diz o deputado federal do PT por São Paulo, sobre a disputa entre a petista e o prefeito cuja má gestão favoreceu as recentes inundações em Porto Alegre

Reprodução/TvPT

O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) durante entrevista ao Café PT

“O programa da Maria do Rosário é o que melhor enfrenta aquilo que o outro candidato negacionista defende. A mesma coisa aqui em São Paulo, o projeto do Boulos tem essa clareza. Há sim uma possibilidade muito grande de fazer essa mudança necessária para essas cidades terem gestores que levam a firmeza do enfrentamento da crise climática, e contribuir para o esforço nacional e global para diminuir as emissões de gás de efeito estufa que provocam o aquecimento global”.

A fala do deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), que cita a candidata petista à prefeitura de Porto Alegre e o candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL), foi feita durante entrevista ao programa Café PT da TvPT desta sexta-feira (11).

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Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista no Congresso Nacional, Tatto abordou os muitos desafios e a agenda de oportunidades que o Brasil tem na área ambiental. Falou também de como o Congresso pode contribuir e sobre a sabotagem de deputados e prefeitos em relação às ações do governo federal.

“Nesse segundo turno espero que esse debate do enfrentamento da crise climática venha mais com mais firmeza, e assim a população escolha os melhores projetos para a cidade. É preciso ter gestores que coloquem essa centralidade como preocupação nas políticas públicas, é preciso refletir bastante sobre essa pauta e votar em candidatos que prezam realmente pela questão ambiental, que é extremamente importante para o povo que mais precisa dessas políticas públicas e para todo o planeta”, sintetizou.

Tatto avalia que o resultado em geral das eleições no país afora não é positivo e pode atrapalhar o desafio que está colocado para o Brasil cumprir com as metas que se comprometeu no acordo do clima.

Por outro lado, as questões ambientais se constituem uma agenda de oportunidades que se colocam para o país, pela diversidade da população, pela riqueza do solo, pela biodiversidade, pela nova economia do ponto de vista de melhor aproveitamento dos recursos naturais que o Brasil tem e que poucos países têm.

Debate distante

Ao avaliar o resultado das eleições municipais 2024, no aspecto ambiental, Tatto afirmou que o debate do enfrentamento da crise climática ficou muito distante e acabou não sendo considerado no processo eleitoral, mesmo o Brasil já sofrendo com os eventos climáticos extremos.

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Há o exemplo “gritante” de Porto Alegre, onde um candidato negacionista, prefeito de um município que sofreu muito com as enchentes e quase ganhou no primeiro turno, e também cidades como Feliz Natal e Novo Progresso (PA) – famosa no “dia do fogo”, em 2021.

“Esses eleitos têm multas, cometeram infração ambiental, são criminosos do ponto de vista ambiental. Do ponto de vista geral, apesar da população na sua grande maioria não ser negacionista, a questão ambiental não foi decisiva para o voto nas eleições municipais. Esse é um grande desafio que está colocado pra gente”, assinalou.

Mesmo considerando outros fatores das realidades locais, como as emendas parlamentares, Tatto fez uma avaliação negativa do ponto de vista do debate sobre a crise climática nas eleições desse ano, de forma generalizada no país inteiro.

Há ainda o fato de que os efeitos das mudanças climáticas não são imediatos, além da percepção mais difícil de como o local contribui para o global e sobre o que as cidades precisam para se preparar para enfrentar os eventos climáticos.

“O grande desafio que está colocado é trabalhar para que a população tenha esse entendimento do que precisa cobrar das prefeituras, o pode ser feito para evitar as emissões nas diversas cadeias produtivas, como gerar emprego e renda diminuindo as emissões, e também daquilo que é mais imediato quando acontece uma tempestade, o que a prefeitura pode fazer principalmente para a população das áreas de risco.

Prefeitos negacionistas se omitem

Um grave problema hoje no Brasil é não ter gestores nos municípios que trabalhem na mesma sintonia da preocupação do governo federal. Tatto reforçou o grande protagonismo que Brasil voltou a ter na área ambiental depois de imenso retrocesso nos governos Temer e Bolsonaro.

“Essas ações precisam acontecer numa articulação com os governos dos estados e com as prefeituras. No arco do desmatamento há um conjunto de ações do governo federal para enfrentar, mas há conjunto muito grande de prefeitos que não estão aderindo a esse esforço do governo do presidente Lula por uma questão ideológica”, apontou Tatto.

Por outro lado, ele avalia ser necessário aprimorar alternativas econômicas que gerem emprego e renda e demonstrar claramente como a agroindústria, a valorização de produtos da floresta em pé, a biodiversidade, a agregação de valor aos produtos da agricultura local podem ser alternativa à produção da monocultura de gado, exploração madeireira ou garimpo, “para se contrapor ao discurso do progresso e de desenvolvimento que fazem esses agentes criminosos, inclusive alguns deles que foram eleitos prefeitos”.

Contribuição do Congresso

O Congresso Nacional pode contribuir no debate do orçamento e nessa esfera, estabelecer um diferencial que é a responsabilidade dos municípios, estados e União de organizar a capacidade do próprio Estado nas questões emergenciais. Na análise de Tatto, as ações relativas às queimadas foram insuficientes.

“O próprio presidente Lula está encarando agora como necessidade de adequar para enfrentar os eventos climáticos do ponto de vista da emergência e o Congresso pode sim contribuir nesse debate do orçamento, colocando isso como uma preocupação central”, ressaltou.

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Outro aspecto seria organizar o Marco Legal do país. Tatto avalia que o Congresso não pode seguir adiante com um conjunto de projetos de leis que representam retrocessos ambientais, que afetam povos e comunidades tradicionais ao não reconhecer o papel de conservação da biodiversidade e da floresta que têm os povos indígenas, quilombolas, extrativistas em geral, pescadores. Ele condenou ainda os projetos de criminalização dos movimentos populares da luta pela reforma agrária e da agricultura familiar.

Por outro lado, o país pode avançar com o projeto do bioinsumo que precisa ser aprovado, o projeto de proteção do Pantanal, do Cerrado e da Caatinga que são leis específicas.

“O Congresso pode contribuir para uma agenda de oportunidade que se coloca para o país. Evidentemente tem a maioria do Congresso Nacional na votação dos projetos que estão tramitando na casa e tem uma demonstração de negacionismo com a relação as mudanças climáticas. Esse é o desafio da gente fazer mobilizar a sociedade para chamar a responsabilidade daquilo que o Congresso pode contribuir nesse processo”, assinalou.

O país tem mais de dois mil municípios com áreas de risco, o que exige o envolvimento dos gestores municipais com o governo federal. O Congresso precisa ficar atento para apoiar esse conjunto de ações e de preocupações que vêm sendo tocadas pelo governo do presidente Lula”, destacou.

Da Redação

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