No país da fila de ossos, bancos lucram quase R$ 70 bi em 2021
Itaú, Bradesco e Santander registram crescimento de quase 35% em relação ao ano anterior, o maior valor nominal da história. Mais um efeito da atuação do amigão dos banqueiros, Paulo Guedes
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Na linha tênue que separa a dignidade da falta de decência, equilibram-se dois brasis: o de pessoas que esperam ser contempladas com a doação de ossos de carne na fila do açougue, e o dos bancos privados, cujos conglomerados seguem lucrando bilhões às custas do sofrimento do povo brasileiro. Juntos, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander, os três maiores bancos privados do país, lucraram nada menos do que R$ 69,4 bilhões no ano passado, um crescimento de quase 35% em relação ao ano de 2020.
De acordo com reportagem do Poder 360, a cifra astronômica representa o maior valor nominal da história. Enquanto isso, a produção industrial despenca, o desemprego dispara e a população, sem renda, continua a sonhar em conseguir comprar um quilo de carne. Este é mais um resultado decorrente do trabalho do amigão dos banqueiros e ministro da Economia, Paulo Guedes.
Sozinho, o Itaú obteve um lucro de R$ 26,879 bilhões, tendo sido o banco a registrar a maior alta sobre 2020, 45%. Somente no quatro trimestre, a empresa lucrou R$ 7,1 bilhões, anotando um crescimento e 5,6% em comparação com o trimestre anterior.
Em 2021, mesmo com o país afundado em uma crise econômica e sanitária, os três bancos surfaram cima de um lucro de R$ 16,9 bilhões no primeiro trimestre, cerca de 46,9% a mais que no mesmo período de 2020.
“As chamadas dos jornais expressam bem a tragédia econômica que vivemos nos país: os mais ricos cada vez mais ricos, bancos lucrando muito e povo desempregado, fazendo bico pra viver e enfrentando carestia”, alertou a presidenta Nacional do PT Gleisi Hoffmann, no final do ano passado. “Essa é a política neoliberal que desde 2016 vem dirigindo o Brasil”, lamentou.
Para Bolsonaro, economia vai “bem”: fila do osso só cresce
Apesar de políticas de arrocho salarial, aumento do desemprego e da miséria, e de inflação descontrolada, cuidadosamente implementadas por Paulo Guedes, Jair Bolsonaro considera que a economia vai muito bem, obrigado. “Apesar de todos os problemas, graças a Deus, o Brasil na economia vai bem e eu fico feliz com isso por estar à frente do Executivo e ter pessoas maravilhosas ao meu lado realmente comprometidas com o destino da nossa nação”, disse o extremista, na quinta-feira (10), em evento no Planalto.
Às “maravilhas” de Bolsonaro: a inflação ao consumidor encerrou janeiro com a maior taxa para o mês em seis anos, batendo 10,38% no acumulado em 12 meses. Já o índice de desemprego se encontra acima de 12% no trimestre até outubro, de acordo com o IBGE.
O efeito nas ruas do país é explosivo. No mês passado, uma das dez cidades mais ricas do agronegócio, a cidade de Nova Mutum (MT), entrou no noticiário nacional, não por alguma produção recorde do setor. Foi pela fila gigante que se formou em um açougue de pessoas que esperavam pela doação de cerca de 320 quilos de ossos.
Naquele fim de janeiro, pedaços de resquícios de carnes resultantes da desossa do boi foram distribuídos a moradores carentes. Pena que o ministro Guedes não pôde comparecer, possivelmente teria uma recepção à altura de seu trabalho à frente da economia.
Da Redação, com informações de Poder 360 e Reuters